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Ártico: palco de novas disputas geopolíticas. Parte III: da cooperação para competição.


Figura disponível em https://www.russiamatters.org/sites/default/files/media/inline/Boulegue-Arctic-map.jpg

O Blog vem acompanhando a situação no Ártico, em virtude da sua importância geopolítica, por meio dos artigos abaixo, que sugerimos a leitura:


- "Ártico: palco de novas disputas geopolíticas, como no passado", de 24 de maio de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/ártico-palco-de-novas-disputas-geopolíticas-como-no-passado , em que afirmamos que o Ártico é mais um grande palco para a disputa entre as grandes potências atuais: EUA, Rússia e China, que elevará a tensão na região, como no período da Guerra Fria; e


- "Ártico: palco de novas disputas geopolíticas - Parte II. Início do atrito", de 14 de janeiro de 2021, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/ártico-palco-de-novas-disputas-geopolíticas-parte-ii-início-do-atrito , no qual fizemos várias análises, e destacamos que a partir de 2021 haveria um aumento da militarização no Ártico, que favoreceria a ocorrência de atritos e tensões entre os países ocidentais (OTAN), Rússia e China, a exemplo do que ocorre no Mar do Sul da China. Outrossim, dissemos que a navegação pela região ártica diminuirá a importância do Canal de Suez para os asiáticos, devido a maior rapidez e economia proporcionada pela navegação austral, que dinamizará a cadeia logística mundial. Assim, afirmamos que era interessante que acompanhássemos o desenrolar dos eventos com atenção, pois os efeitos do aquecimento global poderão afetar a Antártica em mais longo prazo, e poderemos ter a ocorrência de um cenário semelhante nessa região que é do nosso interesse. Com isso, alertamos que deveríamos nos preparar adequadamente, pois os termos do Tratado Antártico terminam em 2048.


Com o acirramento da competição entre as grandes potências - China, EUA e Rússia -, que tem levado a vários analistas a discutirem se a Ordem Mundial estaria em um período de transição, inclusive sendo analisado extensamente, também, pelo Blog em vários dos seus artigos, afirmamos que o Conflito da Ucrânia traz grandes implicações para o cenário ártico.

A entrada na OTAN da Finlândia e da Suécia (em breve), que eram países neutros e que contribuíam, assim, para que o Ártico tivesse um espírito de cooperação por meio do Conselho do Ártico, revela, se olharmos o mapa acima, que agora temos na região ártica somente um país que não é membro dessa aliança - Rússia. Dessa forma, os temas sobre militarização e segurança na região deverão ser os mais debatidos naquele Conselho, sobrepujando os assuntos relativos a cooperação e demarcação territorial.

Não por coincidência, a Rússia é a que tem maior presença militar no Ártico, o que já vinha suscitando preocupação para a OTAN como uma ameaça militar, que agora fica potencializada pelo atual conflito entre ucranianos e russos, em que há um grande envolvimento da OTAN.

Nesse sentido, foi realizado, no período de 29 de maio a 09 de junho de 2023, o Arctic Exercise Challenge 2023, que foi considerado como um dos maiores exercícios de guerra aérea da Europa, envolvendo cerca de 120 aeronaves e 14 países. Tal exercício pode ser considerado como uma mensagem à Rússia no tocante a qualquer pretensão militar junto aos países árticos.

Além disso, tem sido mais comum o encontro de navios militares russos e chineses operando no Ártico, notadamente nas proximidades do Alaska.

Convém mencionar que a China, em 2018, lançou a sua política para o Ártico - China´s Arctic Policy - que pode ser lida por meio do link: http://www.scio.gov.cn/zfbps/32832/Document/1618243/1618243.htm. No documento o governo chinês afirma que está pronto para cooperar no desenvolvimento do Ártico, o que estaria alinhado com o seu projeto Belt and Road Initiative - BRI, fazendo com que o país esteja sendo bastante ativo na região. Alguns têm chamado a iniciativa chinesa no Ártico como Polar Silk Road.

Figura disponível em https://cdn.statcdn.com/Infographic/images/normal/30201.jpeg

Como o Blog vem analisando o Poder Naval chinês e a sua estratégia, acreditamos que com uma maior facilidade de navegação pela Northern Sea Route (NSR), em virtude do aquecimento global que tem acelerado o degelo do Oceano Ártico, será comum ver navios da marinha chinesa - PLA Navy - navegando na região, pois os chineses não vão terceirizar a segurança de suas Linhas de Comunicações Marítimas - LCM - para nenhum Estado. Sugerimos a leitura do nosso artigo "A Estrela Vermelha: o crescimento da marinha chinesa e os seus impactos geopolíticos", de 15 de setembro de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-estrela-vermelha-o-crescimento-da-marinha-chinesa-e-os-seus-impactos-geopolíticos. Logo, em nossa visão, isso aumentará a tensão no Ártico.

O Blog é de opinião que o atual conflito da Ucrânia, que trouxe o relacionamento entre a Rússia e a OTAN para o nível mais baixo desde o período pós-Guerra Fira, somado a política dos EUA e de seus aliados de tentar conter o expansionismo chinês no Indo-Pacífico, bem como a parceria estratégica sino-russa transformarão o cenário do Ártico de COOPERAÇÃO para COMPETIÇÃO.

Nesse sentido, acreditamos que existe uma grande possibilidade dessa situação hipotética transbordar, no futuro, para o cenário antártico, que está no nosso Entorno Estratégico, ainda mais quando os chineses desejam ter o protagonismo polar, conforme pode ser lido em https://features.csis.org/hiddenreach/china-polar-research-facility/.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para ajudar em nossa análise:

Matéria de 30/05/2023:

Matéria de 29/09/2022:

Matéria de 25/11/2022:

Matéria de 31/03/2023:

Matéria de 01/04/2023:

Matéria de 29/03/2023:

Matéria de 11/10/2022 - Conferência sobre o tema:


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