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US Space Force: propaganda geopolítica ou decisão visionária? Espaço a nova fronteira de conflito.


Figura disponível em: https://media.npr.org/assets/img/2020/01/24/space-force-logo_custom-fe81463b84fab8dc0bc09dc3f9417e32959c2680-s800-c85.jpg

No nosso artigo "Militarização do espaço: consequência da competição entre as grandes potências", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/militarização-do-espaço-consequência-da-competição-entre-as-grandes-potências, abordamos que a ideia de militarização do espaço remonta ao período da "Guerra Fria", iniciando-se na década de 1960, onde os EUA e a ex-União Soviética tinham projetos ambiciosos, dentre eles o Almaz soviético e o Guerra nas Estrelas estadunidense, bem como que, atualmente, Forças Armadas e as sociedades civis são dependentes do uso satelital. Além disso, mostramos que vários países estão desenvolvendo misseis antissatélites, como a Rússia, China, Índia, Coreia do Norte, Irã e França.

Nesse contexto, os EUA, em dezembro de 2019, criaram a sua sexta força armada, chamada US Space Force, que está subordinada à Secretaria da Força Aérea. A princípio o assunto foi tratado com desdém por vários setores estadunidenses, principalmente pelo setor de entretenimento, com séries de humor, programas de comediantes dentre outros, muito devido ao anúncio chio de "pompa"do ex-Presidente Donald Trump. Porém, o assunto tem sido discutido por mais de trinta anos no congresso e no Departamento de Defesa dos EUA.

Convém mencionar, que 1982 foi criado o Air Force Space Command - AFSPC, subordinado a Força Aérea dos EUA, para tratar desse ambiente operacional, e cuja missão é:


Provide resilient, defendable and affordable space capabilities for the Air Force, Joint Force and the Nation (disponível em https://www.afspc.af.mil/About-Us/)


Nesse sentido, o AFSPC se tornou o US Space Force, sendo o último passo nessa evolução do espaço como um ambiente estratégico e que precisa de um setor específico que fique dedicado a regular e a elaborar doutrinas/normas, e a prover uma política dissuasória contra possíveis agressões aos seus sistemas satelitais.

Isso se deve ao fato de que a operação nos ambientes aéreo, terrestre e marinho está a cada dia mais dependente dos recursos providos pelos satélites, como: GPS, internet, comunicações, inteligência etc.

Ao estudar o assunto, concluímos que devido ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, bem como as Guerras do Afeganistão e do Iraque, o debate sobre a relevância do espaço como ambiente operacional e conflituoso perdeu a prioridade. Após a China lançar um míssil, em 2007, para testar sua capacidade antissatélite o assunto começou a ganhar novamente relevância, potencializando a intenção da criação da nova força armada estadunidense.

Nesse contexto o Departamento de Defesa, em junho de 2020, promulgou o documento Defense Space Strategy Summary, acessível no Blog em https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_ceb9084cd8894ac0b56d1798e73832a9.pdf, que coloca a Rússia e a China como as principais ameaças, e estabelece as diretrizes para os EUA se firmarem como a potência dominante nesse ambiente operacional num período de até 10 anos, por meio do atingimento de três objetivos:

  • Manutenção da superioridade no ambiente espacial - Maintain Space Superiority;

  • Prover apoio no ambiente espacial as operações nacionais, conjuntas e combinadas - Provide Space Support to National, Joint, and Combined Operations;

  • Garantia de um ambiente espacial estável - Ensure Space Stability.

Essa estratégia pode ser resumida nas palavras do ex-Secretário de Defesa estadunidense Mark T. Esper:


The Defense Space Strategy is the next step to ensure space superiority and to secure the Nation’s vital interests in space now and in the future. We desire a secure, stable, and accessible space domain that underpins our Nation’s security, prosperity, and scientific achievement. However, our adversaries have made space a warfighting domain and we have to implement enterprise-wide changes to policies, strategies, operations, investments, capabilities, and expertise for this new strategic environment. This strategy identifies a phased approach on how we are going to achieve the desired conditions in space over the next 10 years". (disponível em https://www.defense.gov/Newsroom/Releases/Release/Article/2223539/department-of-defense-releases-defense-space-strategy/ )


Outro documento relevante é o USSPACECOM - Commander's Strategic Vision, promulgado em janeiro de 2021, disponível no Blog em https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_1bc05cd154d0468ea877c8625f330297.pdf, em que o Comandante da US Space Force estabelece a sua missão, visão, suas tarefas principais e identifica quatro axiomas sobre o ambiente operacional espacial, conforme abaixo:

  • Space is a vital interest that is integral to the American way of life and national security;

  • Space superiority enables the Joint Force to rapidly transition from competition to conflict and prevail in a global, all-domain fight;

  • Space warfighters generate the combat power to WIN in space;

  • Space provides the warfighter a combat advantage from the ultimate high ground to the last tactical mile.

Nesse sentido, a missão estabelecida para a essa força, e redigida no documento, pode ser verificada a seguir:


United States Space Command conducts operations in, from and to space to deter conflict, and, if necessary, defeat aggression, deliver space combat power for the Joint/Combined Force and defend U.S. vital interests with allies and partners.


Esse documento público tem a intenção de deixar clara uma mensagem à sociedade estadunidense, aos aliados dos EUA, bem como aos adversários que o governo de Washington está atento ao novo ambiente operacional e não medirá esforços para proteger os seus interesses, bem como para defender os seus parceiros. Essa nossa análise encontra respaldo nas palavras do Comandante do US Space Force, General James Dickinson:


“The intended audience is both internal and external. The objective is to set the stage for USSPACECOM personnel to develop and sustain a warfighting mindset and rally behind a unified mission while also making crystal clear to our warriors, our allies and partners, the American people and our adversaries that USSPACECOM is prepared to protect and defend the space domain.” (disponível em https://www.spacecom.mil/News/Article-Display/Article/2492500/usspacecom-releases-commanders-strategic-vision/ )


Em que pese a relevância da Space Force, tem se observada uma certa resistência das outras forças armadas em ceder pessoal para o preenchimento das novas funções e cargos criados, bem como há uma corrente do Partido Democrata que advoga que a criação dessa força seja revista por entender que não há necessidade. Porém, até o momento, o governo Biden afirma que continuará dando todo o apoio para a sua consolidação.

É digno de nota que a Space Force já realizou duas missões de caráter sigiloso com lançamento de foguetes que carregavam veículos espaciais, como o X37B, além de ter iniciado uma parceria estratégica com a NASA.

O Blog é de opinião de que a criação da US Space Force foi acertada e que foi uma decisão bem refletida e madura, em podemos afirmar que foi visionária, pois o ambiente operacional espacial está se tornando mais inseguro e, ao mesmo tempo, imprescindível aos meios civis e militares.

Outrossim, o Brasil, por meio da nossa Força Aérea, vendo dando atenção a esse ambiente, onde em 24 de junho de 2020 inauguramos o Centro de Operações Espaciais, cujo objetivo é operar e monitorar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégica, possuindo a possibilidade de controlar diversos satélites geoestacionários e de baixa órbita. Porém, existe um longo caminho a ser trilhado.

Qual a sua opinião sobre o assunto? Devemos nos preocupar com o ambiente espacial?

Seguem alguns vídeos para ajudar na análise:

Matéria de 28/10/2020:

Matéria de 18/12/2020:

Matéria de 23/07/2020:

Matéria de 08/12/2020:

Matéria de 24/06/2018:

Matéria de 22/09/2020:

Matéria de 27/01/2021:

Matéria de 03/02/2021:

Matéria de 17/05/2020:

Matéria de 18/12/2020:

Matéria de 11/04/2019:

Matéria de 04/01/2021:


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