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União Europeia - UE - forjada por crises. Consolidação como Centro de Poder? Parte II


Figura disponível em https://op.europa.eu/o/opportal-service/thumbnail/cellar/e22f8fc8-9007-11ea-812f-01aa75ed71a1.0007.03/DOC_2

No artigo "União Europeia - UE - forjada por crises. Consolidação como Centro de Poder?", de 23 de abril de 2022, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/união-europeia-ue-forjada-por-crises-consolidação-como-centro-de-poder, afirmamos que, a partir de 2021, foi perceptível verificar que as crises pelas quais a UE passou no século XXI e que foram analisadas pelo Blog, apesar dos inúmeros desgastes entre os seus Estados - Membros e do surgimento de movimentos ideológicos extremistas, tiveram como mérito melhorar a integração e o fortalecimento da UE. Além disso, também, dissemos que uma Europa cada vez mais unida e autossuficiente, sem a dependência estadunidense, permitiria, em futuro próximo, consolidar a UE como um Centro de Poder. Ademais, a Guerra da Ucrânia estava tendo, em 2022, o mérito de catalisar esse movimento, que talvez levasse mais tempo para ocorrer.

Entretanto, o prolongamento da Guerra da Ucrânia tem desgastado econômica e politicamente os países, em sua maioria ocidentais como os membros da OTAN e da UE, que estão apoiando com a logística militar o governo de Kiev, ocasionando tensões internas entre alguns grupos políticos, notadamente entre os de extrema direita e os da esquerda radical. Tais tensões, têm levado a um acirramento da divisão política, em certa medida violenta, e a uma tendência populista na Europa.

Assim, essa constatação pode ser verificada nos Países Baixos (Holanda), Hungria, Eslováquia, Portugal, na Itália e em certa medida na França, chegando ao ponto de que alguns líderes políticos estejam sendo acusados de serem pró Rússia.

Nesse sentido, esse fenômeno vem pressionando os ucranianos em obter sucessos nos campos de batalha para continuar recebendo os insumos para a condução da guerra (armamentos, etc), como analisamos no artigo "A invasão da Ucrânia: o que pode sinalizar para o mundo? Parte II", de 24 de fevereiro de 2024, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/a-invasão-da-ucrânia-o-que-pode-sinalizar-para-o-mundo-parte-ii, onde dissemos que 2024 seria um ano crucial para a Ucrânia, pois existe uma grande probabilidade do país ter que negociar um cessar fogo em posição desfavorável, caso o apoio Ocidental diminua e os russos recuperem a ofensiva, o que já vem acontecendo.

Nesse cenário, no dia 16 de maio, o Primeiro Ministro da Eslováquia Robert Fico, acusado de ser pró Rússia, sofreu um atentado contra a sua vida, por meio de vários disparos provenientes de um homem de 71 anos, e que, conforme informações do governo eslovaco, tinha um histórico de participações contra o atual governo. Convém mencionar, que Fico tinha se comprometido a cessar qualquer entrega militar a Ucrânia, bem como em não autorizar a prisão de Putin, se ele fosse a Eslováquia.

É digno de nota que o atentado poderá impactar, devido a comoção popular, nas eleições para o parlamento europeu que ocorrerão no período de 06 a 09 de junho, favorecendo a eleição de políticos que tenham um viés menos democrático, o que poderá favorecer os russos, bem como enfraquecer a coesão da UE, que estava ocorrendo.

Portanto, podemos concluir que a UE poderá, em breve, enfrentar mais uma crise.

Dessa forma, a China, outro ator importante no atual cenário de disputa geopolítica com o Ocidente, poderá se beneficiar desse quadro europeu.

Assim sendo, a aproximação estratégica chinesa com a Hungria e a Sérvia, que são pró Rússia e importantes no projeto chinês Belt and Road Initiative - BRI, tem preocupado bastante os europeus ocidentais, pois este movimento geopolítico pode ser entendido como uma tentativa de enfraquecer a atual ordem mundial ocidental vigente, liderada pelos EUA. É digno de nota que a Grécia também aderiu ao BRI.

Recentemente, neste mês de maio, o líder chinês Xi Jinping em sua viagem a Europa (França, Hungria e Sérvia) se encontrou com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic e com o Primeiro Ministro húngaro, Viktor Orbán, firmando parcerias estratégicas com estes países.

Nesse contexto, a visita de Xi Jinping à França, com a presença da Presidente da UE, também teve o objetivo de tentar uma maior aproximação da China com a UE, o que poderia conter a hegemonia dos Estados Unidos, em que pese a desconfiança dos europeus com os chineses.

Na figura abaixo podemos ver a integração da BRI com a Grécia (porto de Pireu), com as ferrovias existentes e as que estão em construção, ligando a Sérvia (Belgrado) e a Hungria (Budapeste):

Figura disponível em https://www.oboreurope.com/en/greece-bri/

Ademais, a liderança da UE acredita que a entrada de produtos chineses na Europa, pela BRI, poderá atingir a economia europeia, bem como existe a probabilidade de haver novas parcerias de países europeus, possivelmente a Eslováquia, com o governo de Pequim, em que este teria acesso a novas tecnologias europeias que, no futuro, estariam em mãos russas.

Podemos inferir assim que, indiretamente, a aliança militar Ocidental também poderá ser impactada com uma possível divisão europeia, como estava antes da Guerra da Ucrânia, ficando fragilizada.

Logo, vemos como a geopolítica não é uma ciência estática, e com isso fascinante, em que os não estão acompanhando o "xadrez" internacional, estando somente preocupados com a agenda interna ficam a mercê dos movimentos dos "grandes jogadores internacionais".

O Blog é de opinião que a China tentará aproveitar o atual momento político europeu para tentar atingir os seus objetivos geopolíticos, dentre eles o de continuar corroendo a atual ordem mundial ocidental.

Outrossim, é interessante acompanhar as eleições para o parlamento europeu, o que poderá indicar uma tendência de futuro. Aliado a isso, a eleição presidencial nos EUA, caso haja a vitória de Trump, que também possui um certo viés populista, poderá contribuir para o fortalecimento dos movimentos antidemocráticos na Europa.

Nesse sentido, acreditamos que a UE, em breve, enfrentará mais uma crise política que poderá enfraquecer a coesão que estava acontecendo, beneficiando russos e chineses, impactando na consolidação da União Europeia como um Centro de Poder.

Qual a sua opinião?

Seguem algumas matérias para auxiliar a nossa análise:

Matéria de 16/05/2024:

Matéria de 07/05/2024:

Matéria de 06/05/2024:

Matéria de 06/05/2024:


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