No artigo "Uma nova era do Poder Naval - Navio Aeródromo de Drones ou Porta-Drones: ideal para o Brasil?", de 07 de maio de 2023, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/uma-nova-era-do-poder-naval-navio-aeródromo-de-drones-ou-porta-drones-ideal-para-o-brasil, afirmamos que como o nosso país não investe da forma como deveria em seu setor de Defesa o exemplo turco de construir o seu Navio Aeródromo para operar drones fabricados no país - Porta-Drones - poderia ser uma solução compatível com a situação econômica brasileira. Assim, dissemos que o Brasil poderia trilhar o mesmo caminho, pois possui empresas civis com capacidade de desenvolvimento tecnológico suficiente para prover VANTs à Marinha do Brasil, visando aumentar a sua letalidade e capacidade de esclarecimento no mar. Além disso, falamos que não deveríamos adquirir VANTs de tecnologia estrangeira, mas, sim, investir e equipar as nossas forças armadas com drones de tecnologia nacional. Dessa forma, levamos a reflexão do leitor a seguinte indagação: "de que adiantaria ficar estudando os conflitos do cenário internacional, como o da Ucrânia, se não tomamos medidas concretas para mitigar as nossas vulnerabilidades, ainda mais quando sempre temos dito em nossos artigos e palestras que estamos vivendo num MUNDO MAIS IMPREVISÍVEL E MENOS SEGURO?"
No artigo em referência, que recomendamos a leitura, também falamos que o Irã vem desenvolvendo drones que podem ser operados pelos seus meios navais e que têm se mostrado eficazes, como verificado no atual conflito da Ucrânia em que têm sido utilizados pelos russos, sendo importantes na contribuição para a sua dissuasão estratégica.
Nesse sentido, outro país que aparenta trilhar o mesmo caminho da Turquia é o Irã, cujo navio Shahid Mahdavi, da Marinha da Guarda Revolucionária Iraniana ou Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGC) Navy - IRGCN, pode lançar o drone Shahed 136, conhecido como drone suicida e usado pelos russos na atual Guerra da Ucrânia, que possui um alcance de 2.500 km, velocidade de 185 km/h e pode levar uma ogiva de até 50 Kg.
Acordo especulações de sites estrangeiros, tanto de notícias quanto especializados em poder naval, o IRGCN Shahid Bagheri, navio irmão do Shahid Mahdavi, estaria sendo adaptado para ser um Porta-drones, pois existem imagens do navio com um convés em ângulo. Convém mencionar que ambos os navios, Shahid Mahdavi e Shahid Bagheri, eram navios mercantes porta-contêineres:
A) a figura abaixo, publicada no Instagram da Marinha Iraniana, mostra o navio Shahid Bagheri docado onde se pode ver o convés em ângulo:
B) a foto abaixo é de maio de 2024 e foi publicada no X da Marinha Iraniana. Nela se pode ver o Shahid Bagheri com o convés em ângulo pronto:
Especialistas informam que o Shahid Bagheri poderá operar uma diversidade de modelos de drones com distintas capacidades, inclusive de decolagem e pouso vertical - VTOL (Vertical Take-Off and Landing), e até de propulsão à jato.
Na figura acima se pode ver, também, o ski-jump. Entretanto, existem muitas dúvidas a cerca do sucesso desse projeto, como o convés em ângulo e a manutenção da posição da superestrutura original.
Em que pese haver um ceticismo ou até mesmo uma certa dose de escárnio no projeto iraniano, não podemos esquecer que o Irã foi o único país, desde a Guerra do Yom Kippur, em 1973, a atacar Israel, bem como se mantém como uma potência militar regional no Oriente Médio, apesar de todas as sanções ocidentais. O que faz com que não deva ser menosprezado. Ademais, ainda não se sabe como o navio será utilizado, por enquanto só há especulações.
Portanto, continuamos a acreditar que outros países seguirão a tendência das Marinhas de Guerra de possuírem navios com capacidade de operar com drones, como já afirmávamos no nosso artigo "O impacto da Guerra do Futuro nas Marinhas de Guerra - necessidade de pensar alto", de 09 de março de 2021, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/o-impacto-da-guerra-do-futuro-nas-marinhas-de-guerra-necessidade-de-pensar-alto-1. Cabe mencionar que muitas de nossas análises e afirmações se transformaram em realidade nos anos subsequentes.
Logo, acreditamos que o Ministério da Defesa do Brasil deva estudar os casos da Turquia e do Irã com seriedade e, assim, estabelecer um grupo de estudos para dotar a Marinha do Brasil de um Porta-drones nacional para operar drones fabricados no país com capacidade de reconhecimento e ataque, tanto à forças navais oponentes quanto à objetivos militares no território inimigo.
Não podemos esquecer que o desenvolvimento de capacidade não se faz de uma hora para outra.
O Blog é de opinião que o Poder Político do Brasil não pode continuar a ser omisso em relação a sua defesa. Para tanto deve conciliar a problemática do orçamento com a responsabilidade de prover condições para a manutenção da soberania do Estado.
Soluções existem, necessita-se analisar as melhores opções e ir em frente, pois um dia o nosso país poderá pagar um preço alto pelo descaso.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 22/08/2024:
Matéria de 25/08/2024:
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