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Tensão nuclear: período de incertezas. Xadrez geopolítico? Parte II.


Figura disponível em: https://i.dailymail.co.uk/1s/2021/02/03/14/38832256-0-image-a-5_1612361688159.jpg

Após o fim da Guerra Fria, em 1991, entre os EUA e a ex-União Soviética (URSS) o mundo se sentiu mais tranquilo em relação a um potencial conflito nuclear, e podemos dizer que teve início a um período conhecido como PAX AMERICANA, de 1991 a 2001. Dessa forma, o governo de Washington não via mais a necessidade de modernizar os seus armamentos, sistemas e meios lançadores de artefatos nucleares, pois se transformou em potência dominante, em que pese a Rússia, com a dissolução da URSS, possuir mais armamentos nucleares.

Com o advento da Guerra ao Terror, iniciada em 2001 após o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, a preocupação passa a ser no tocante aos pequenos artefatos nucleares que poderiam ser contrabandeados das ex-Repúblicas Soviéticas para alguns grupos terroristas, como Al Qaeda. Além disso, a atenção, também, se volta para os programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte, considerados pelos EUA como governos não confiáveis e instáveis.

Nesse sentido, o governo estadunidense deixou de investir na sua dissuasão contra um possível ataque nuclear em maior escala, como no período da Guerra Fria, não acompanhando de forma mais atenta ao que vinha sendo realizado na Rússia e na China. Mantendo, assim, a sua tríade nuclear (submarinos nucleares balísiticos, bombardeiros estratégicos e mísseis balísticos) basicamente como na época do conflito político-ideológico entre os EUA e a URSS.

Tal fato é potencializado pela Guerra Cibernética que vem ocorrendo, atualmente e sistematicamente, entre os EUA, Rússia, China, EUA , Irã e Coreia do Norte, com destaque para a agressividade do governo Putin, deixando Washington muito preocupado com um possível ataque cibernético exitoso contra os seus sistemas de Comando e Controle do seu aparato nuclear.

É digno de nota o recém, final de 2020, ataque cibernético, provavelmente russo, contra a empresa estadunidense SOLAR WINDS, que fornece sistemas para as Forças Armadas e algumas centrais nucleares dos EUA.

Sendo assim, vários setores dos EUA, como o Congresso, Departamento de Defesa e o US Strategic Command têm iniciado intensos debates, com o intuito de compreender e de reverter a sua fragilidade na dissuasão nuclear.

Nesse cenário, têm início algumas tensões entre os EUA e Estados, com capacidade nuclear, considerados como ameaças a Washington, com maior destaque para a Rússia, seguida da China e da Coreia do Norte.

No relatório elaborado, em 2020, pela Stockholm International Peace Research Institute - SIPRI sobre a situação dos Estados que possuem Forças Nucleares, que pode ser lido no Blog por meio do link https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_3d14ef3e43984b0caef5326f5ab8a037.pdf , podemos verificar a situação de seus estoques de armamentos e das suas forças de dissuasão nuclear.

Ao terminarmos a leitura do documento, veremos que a Rússia vem modernizando o seu aparato nuclear, e a China aumentando o seu arsenal.

Figura disponível em: https://armscontrolcenter.org/wp-content/uploads/2020/03/World-Nuclear-Inventories-FB.jpg

No nosso artigo "Tensão nuclear: período de incertezas. Xadrez geopolítico?", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/tensão-nuclear-período-de-incertezas-xadrez-geopolítico , abordamos que a tensão nuclear entre os EUA, no governo Trump, e a Rússia foi gerada pelos seguintes eventos:

  • fim, em 2019, do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário entre esses países;

  • os EUA estavam colocando em seus meios navais, notadamente nos submarinos, mísseis com ogivas nucleares táticas que poderiam ser utilizadas em guerras convencionais, pois os arsenais nucleares seriam para utilização como último recurso, como foi no período da Guerra Fria, o que mantinha, apesar da tensão nuclear, o mundo em equilíbrio, devido a teoria da destruição mútua. Acredita-se que esse movimento dos EUA pode ser em resposta a divulgação do desenvolvimento do míssil hipersônico russo que pode carregar ogiva nuclear, e que não há defesa eficaz desenvolvida até o momento. Desde 2018 o país vinha demonstrando preocupação com uma possível obsolescência do seu arsenal nuclear;

  • nesse cenário, a Rússia ameaçou os EUA que caso tais armas táticas fossem utilizadas, a retaliação seria por meio de um ataque nuclear maciço;

  • que essa confusão nuclear criada por Donald Trump poderia ter relação com a aproximação das eleições estadunidenses, mudando o foco do problema do combate ao coronavírus no país ou se realmente seria algum movimento geopolítico para negociar um novo acordo nuclear incluindo a China.

O discurso do Almirante Charles A. Richard, Comandante do US Strategic Command, realizado no dia 20 de abril deste ano no congresso estadunidense, cujo texto está disponível no Blog no link https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_959889a420d44a3c852727488556f0b2.pdf , confirma a extrema preocupação com a situação nuclear dos EUA, bem como com a Rússia e a China. Resumimos alguns pontos que consideramos mais relevantes para o leitor, mas sugerimos a leitura do documento em sua íntegra:

  • a deterrência estratégica é fundamental para a política de defesa nacional dos EUA, e é ela que permite as operações militares estadunidenses ao redor do mundo;

  • se nada for feito para modernizar o seu aparato de dissuasão nuclear, os EUA poderão ficar sem uma capacidade adequada para fazer frente as novas ameaças que possam surgir;

  • que potenciais adversários estão implementando modernas capacidades nucleares com o objetivo de ter vantagens estratégicas, visando atingir os seus objetivos nacionais;

  • que pela primeira vez na história dos EUA estão enfrentando dois adversários, ao mesmo tempo, extremamente capazes nuclearmente, como a China e a Rússia, e que não podem mais assumir que uma falha na dissuasão estratégica num conflito permaneça baixa;

  • as formas de dissuasão com esses adversários devem ser tratadas de formas distintas;

  • que a Rússia tem procurado estabelecer uma parceria estratégica com a China por meio de exercícios bilaterais ou multilaterais, tendo como foco principal nas relações militares de alto nível entre esses países;

  • informa o que e como deve ser feito para mitigar a fragilidade da dissuasão nuclear dos EUA.


"For the first time in our history, the nation is on a trajectory to face two nuclear-capable, strategic peer adversaries at the same time, who must be deterred differently. We can no longer assume the risk of strategic deterrence failure in conflict will always remain low." (ADM Richard, Command, US Strategic Command)


O Blog é de opinião de que a Rússia e a China vêm tentando moldar uma nova ordem mundial, e com isso torna-se fundamental ter uma capacidade de dissuasão nuclear relevante e crível.

Outrossim, acreditamos que a modernização do aparato nuclear e o desenvolvimento de novos vetores nucleares russos, como o torpedo Poseidon e o míssil hipersônico, colocam a Rússia como a principal ameaça nuclear aos EUA, bem como em vantagem na dissuasão estratégica perante os demais países. Dessa forma, podemos entender a assertividade e agressividade russas no cenário internacional.

Ademais, achamos que a intenção do US Strategic Command, por meio do discurso alarmista de seu comandante, tem o intuito de sensibilizar o governo e a sociedade estadunidenses, angariando maiores investimentos, e que os EUA não estão tão vulneráveis quanto apresentado, mas estão em um nível abaixo do russo. No nosso entendimento, não seria prudente, numa época de assertividades russas e chinesas, apresentar de forma tão transparente e pública suas possíveis fragilidades.

Em que pese os tratados de redução dos arsenais nucleares entre os EUA e a Rússia, bem como a preocupação em controlar a proliferação nuclear, o mundo está se dirigindo para uma nova era de incertezas e de preocupações similares ao ocorrido na Guerra Fria, que está sendo chamada de Competição entre as Grandes Potências.

Devido a relevância do tema, temos a intenção de produzir outros artigos sobre essa temática envolvendo outros Estados, com suas consequentes tensões e crises.

Qual a sua opinião sobre o assunto?

Seguem alguns vídeos para as nossas análises:

Matéria de 28/10/2020:

Matéria de 20/04/2021:

Matéria de 02/03/2018:

atéria de 18/11/2020:

Matéria de 09/12/2020:

Matéria de 12/07/2018:

Matéria de 02/09/2020:

Matéria de 09/09/2020:

Matéria de 29/05/2018:

Matéria de 17/04/2021:

Matéria de 14/07/2020:

Matéria de 27/01/2021:




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