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Tecnologia própria é independência! Será que estamos atentos a isso? Parte III - Jogos de Guerra.


Figura disponível em https://www.eventbrite.com/e/enders-legacy-digital-wargames-in-professional-military-education-tickets-632470725967

O Blog tem chamado a atenção sobre a situação da Base Industrial de Defesa brasileira, analisando a sua importância para o caso de um possível conflito, em que é fundamental a sustentação ao combate (manutenção, ressuprimento etc), que é conseguida por meio do apoio logístico. Assim, afirmamos que o Brasil deve investir e apoiar o desenvolvimento de tecnologias militares autóctones, pois elas reverterão positivamente para a economia, gerando bens e riquezas que serão usufruídas pela sociedade brasileira, fomentarão a educação, bem como deixarão o país realmente soberano, mitigando a grande dependência externa.

Nesse sentido, apresentamos algumas análises como: a influência da Política Brasileira na Base Industrial de Defesa - BID; as fases da BID na história brasileira, com os seus impactos; a importância da Política Externa, notadamente a disputa entre as correntes dos Institucionalistas Pragmáticos e dos Autonomistas, dentre outras análises, que podem ser lidas nos artigos "Tecnologia própria é independência! Será que estamos atentos a isso? Análise da Defesa brasileira", de 25 de fevereiro de 2023, e "Tecnologia própria é independência! Será que estamos atentos a isso? Parte II", de 08 de março de 2023, disponíveis respectivamente em https://www.atitoxavier.com/post/tecnologia-própria-é-independência-será-que-estamos-atentos-a-isso-análise-da-defesa-brasileira e https://www.atitoxavier.com/post/tecnologia-própria-é-independência-será-que-estamos-atentos-a-isso-parte-ii.

Com a guerra russo - ucraniana, o assunto sobre sustentação ao combate tem voltado as "mesas de discussão", em virtude do prolongamento do conflito, em que têm sido feitas várias especulações em relação a capacidade logística russa, e da "boa vontade" dos países ocidentais em continuar apoiando os ucranianos com todo o tipo de munição, em especial mísseis, o que tem afetado em certa medida as suas economias.

Portanto, o cenário do atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia nos apresenta uma tema para reflexão: "a importância da BID para um cenário de conflito de longa duração", que nos leva a uma pergunta: "temos condições de fazer frente a esse cenário ou somente para um cenário conflituoso de curta duração?".

Nesse contexto, o artigo do site War on the Rocks, intitulado "YOU GO TO WAR WITH THE INDUSTRIAL BASE YOU HAVE, NOT THE INDUSTRIAL BASE YOU WANT", de 16 de agosto de 2023, que pode ser lido em https://warontherocks.com/2023/08/you-go-to-war-with-the-industrial-base-you-have-not-the-industrial-base-you-want/, nos apresenta uma lição já em seu título, que nos obriga uma séria reflexão, bem como nos impõe uma responsabilidade, oriunda do autor latino do 4º século, Publius Flavius Vegetius Renatus - "Si vis pacem, para bellum” ou “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Tal pensamento pode-se ser encontrado também nos pensamentos de outros estrategistas, como Sun Tzu.

Dessa forma, segue um trecho do artigo que nos mostra uma vulnerabilidade das forças armadas estadunidenses, e que se formos projetar para as nossas nos acende um alerta vermelho:


"Defense planners’ focus on short war scenarios and the commensurate development of a military built around exquisite high-tech platforms has opened the United States to potential strategic failure in conflict, with an inability to sustain the force it has. After a generation of globalization and de-industrialization, the U.S. national security architecture needs a better understanding of the effect of prolonged conflict on the military — and its increasingly advanced platforms — to facilitate the development of an industrial base and supply chain that can be resilient and endure through a long war. This should be accomplished through close cooperation with private industry to establish what the resource requirements of prolonged conflict could be and their ability to satisfy them when global supply chains collapse. Understanding where those chokepoints are provides a guidepost for more precise investments in the industrial base, to both strengthen the backbone of the military in a time of increased budgetary constraints and to better prepare the industrial base for large-scale conflict." (grifo nosso)


Assim sendo, foram realizadas análises sobre um eventual conflito entre os EUA e a China sobre Taiwan, em que os Jogos de Guerra ratificaram tal vulnerabilidade, conforme podemos ver no vídeo, de 23 de janeiro de 2023, elaborado pelo Center for Strategic & International Studies - CSIS, abaixo:

Maiores detalhes podem ser obtidos no relatório "EMPTY BINS IN A WARTIME ENVIRONMENT - The Challenge to the U.S. Defense Industrial Base", de janeiro de 2023, do CSIS, que pode ser acessado em https://www.csis.org/analysis/empty-bins-wartime-environment-challenge-us-defense-industrial-base.

Logo, tal análise proveniente de um Jogo de Guerra, ratifica as nossas análises do Blog da nossa Seção sobre Jogos de Guerra, acessível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/jogos-de-guerra, bem como do livro "Desvendando os Jogos - uma introdução no assunto", único livro nacional sobre o tema, em que destacamos as seguintes:


- os Estados que mais os usam, por coincidência, são as potências mais relevantes no cenário internacional;


- os JG se prestam também na contribuição de formulação de políticas públicas, política externa, segurança pública, resposta a catástrofes, aperfeiçoamento do setor de Defesa, inclusive melhorando o correto dimensionamento das suas Forças Armadas, dentre outras possibilidades;


- os mais eficientes e eficazes em realizar Jogos de Guerra conseguem enfrentar melhor os problemas e os seus adversários, seja no ambiente militar, politico ou privado; e


- apesar de vários países estarem usando os JG, principalmente no setor de Defesa, o nosso país está muito aquém, pois não os emprega como uma ferramenta de aprimoramento em setores importantes para o nosso Estado.


Portanto, acreditamos que, apesar dos vários alertas tanto deste Blog quanto de inúmeros estudiosos de defesa brasileiros, faz-se necessário e urgente a realização de um Jogo de Guerra que analise / investigue a capacidade nacional de sustentação ao combate, em especial no tocante ao fornecimento de munição, inclusive a inteligente, para conflitos de curta e de média duração em cenários contra as ameaças mais prováveis.

Em nossa opinião, um relatório bem consubstanciado, com análises quantitativas e qualitativas robustas sobre as fragilidades da nossa BID, poderá sensibilizar o poder político em relação a importância de lidar com mais seriedade este tema. Além disso, a nossa convicção é de que o problema seja apresentado a sociedade brasileira, visando com que o conheça, facilitando uma possível apuração de responsabilidades, no futuro, por uma possível incapacidade de defender a soberania brasileira, quando ameaçada.

Apesar de alguns avanços da nossa BID, também tivemos percalços, vide a questão da AVIBRAS. Convém mencionar que para o seu fortalecimento, existe a a necessidade de se ter mercado interno e externo, como abordamos nos nossos artigos referenciados acima. Com isso, se a potência militar hegemônica, até agora, apresenta fragilidades, podemos inferir que também as possuímos, e que temos um longo caminho a seguir.

Outrossim, é importante pontuar que o planejamento e implementação de uma BID, que possa atender aos cenários conflituosos de maior duração, requer bastante tempo e investimento, tanto material quanto pessoal.

O Blog é de opinião que, para responder a questão de pesquisa proposta pelo artigo, precisamos urgentemente realizar Jogos de Guerra com foco em analisar a nossa capacidade de sustentação ao combate nos múltiplos ambientes de guerra, visando investigar as nossas vulnerabilidades e fragilidades, mitigando, assim, as possíveis surpresas indesejadas, contribuindo para a defesa da nossa soberania em cenários conflituosos, que podem ocorrer sem prévio aviso, pois vivemos num MUNDO MAIS IMPREVÍSIVEL E MENOS SEGURO.

Logo, como sempre alertamos, devemos amadurecer geopoliticamente, nos conscientizando que estamos num mundo em que impera a visão realista nas relações entre os Estados.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar as nossas análises:

Matéria de 28/06/2018:

Matéria de 09/02/2023 - este vídeo mostra a seriedade com que o Poder Político dos EUA trata a questão:

Matéria de 08/12/2021:


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