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Taiwan: peão dos EUA no xadrez geopolítico com a China. Parte II: 2024 será um ano decisivo para o mundo?


Figura disponível em https://nationalinterest.org/sites/default/files/styles/desktop__1260_/public/main_images/shutterstock_2186332867.jpg?itok=CRrz_isK

Apesar das atenções da maioria dos analistas geopolíticos estarem voltadas tanto para a Guerra da Ucrânia quanto para o conflito entre Israel e o Hamas, acontecerá um evento em Taiwan, muito importante, que poderá ser um marco para a estabilidade ou para o aumento da instabilidade da região do Mar do Sul da China, notadamente na área marítima do Estreito de Taiwan, cuja uma das possíveis consequências é a ocorrência de um novo conflito, só que de proporções muito maiores que os demais, pois envolverá diretamente as duas principais potências da atualidade: China e EUA.


Figura disponível em https://www.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/62ed50aa0cf26256cd304664/1024.jpg

Trata-se da eleição presidencial taiwanesa, que acontecerá no dia 13 de janeiro, em que tem-se dito que o seu resultado poderá levar a paz ou a guerra entre a China e Taiwan, e que inevitavelmente, em caso de conflito, trará os EUA e os seus aliados, bem como algum aliado chinês como a Coreia do Norte.

Na figura a seguir podemos ver os candidatos com as suas plataformas eleitorais sobre a reunificação com a China:


Figura disponível em https://chinaobservers.eu/taiwans-2024-presidential-elections-and-the-future-of-cross-strait-relations/

Portanto, podemos concluir que a vitória do candidato governista, Lai Ching-te, que possui uma maior aceitação da população jovem taiwanesa, é o que mais preocupa e aborrece o governo chinês e, em nossa opinião, desencadeará uma pressão em todos níveis, cada vez mais forte, de Xi Jinping no governo de Taipé.

Convém mencionar que o líder chinês em seu pronunciamento de final de ano afirmou que a reunificação da China - uma só China - é inevitável, o que foi retrucado pelo discurso da atual presidente taiwanesa Tsai Ing-wen.

Atualmente, tem-se observado uma vantagem eleitoral do líder governista sobre os seus oponentes, devido ao aumento do sentimento nacionalista taiwanês, pois a população tem se identificado mais com uma identidade taiwanesa ou invés da chinesa.

Não podemos esquecer que algo semelhante ocorreu na Ucrânia, após a anexação da Crimeia e a pressão militar russa em 2014, o que em certa medida justifica a resistência dos ucranianos.

Importa lembrar que, desde 2016, as relações entre China e Taiwan vêm se deteriorando bastante, o que foi aproveitado pelos EUA para a aumentar a sua influência sobre os taiwaneses.

Nesse cenário, verifica-se um aumento da guerra cognitiva, em que muitos consideram a mente humana como um novo ambiente de guerra, que tem como um dos seus objetivos alterar a percepção pela qual as pessoas processam as informações, influenciando-as a seu favor ou em outras palavras um tipo de manipulação psicológica do potencial alvo, entre os países envolvidos para se tentar influenciar no resultado das eleições.

Para tanto, o uso das redes sociais é de extrema relevância para o seu sucesso. Maiores informações sobre essa modalidade de guerra, que não é nova, pode ser encontrada no link da OTAN: https://www.sto.nato.int/publications/STO%20Meeting%20Proceedings/STO-MP-HFM-334/$MP-HFM-334-KN3.pdf.

Logo, de acordo com a opinião de vários analistas geopolíticos e especialistas militares, acredita-se que se o governo de Taiwan continuar a se distanciar de Pequim, por intermédio de uma contínua política autonomista, ou seja, de completa independência dos chineses, haveria um conflito na região entre 2026 e 2027, que seria no meio do mandato do futuro presidente taiwanês.

Dessa forma, podemos inferir que o conflito ocorrerá a depender da política a ser adotada pelo futuro mandatário: pró ou contra a reunificação com a China.

A referida conclusão possui certa lógica ao analisarmos os esforços estadunidenses em armar os seus aliados regionais, bem como ao verificarmos a política assertiva chinesa sobre Taiwan e o seu incremento militar, principalmente da sua marinha, com a construção de navios aeródromos, navios anfíbios, submarinos (nucleares e convencionais) e escoltas de alta capacidade.

Para termos uma pequena noção da pressão militar chinesa sobre Taiwan em 2020 foram registrados 380 violações do espaço aéreo taiwanês - Zona de Identificação de Defesa Aérea - ZIDA (ver mapa acima) - pela força aérea chinesa, já em 2023 o número saltou para 1610, com tendência a aumentar. Ademais, houve vários exercícios de lançamentos de mísseis chineses que caíram nas águas jurisdicionais de Taiwan.

Nesse sentido, devido a relevância do assunto, o Blog vem acompanhando a problemática taiwanesa, desde 2020, por meio de vários artigos, que encontram-se na Seção China, acessível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/china. Para facilitar ao leitor recomendamos a leitura dos artigos selecionados abaixo:


Portanto, o futuro mandatário taiwanês terá um grande desafio em se equilibrar entre as duas potências que estão competindo pela hegemonia mundial: China e EUA. Dessa forma, o resultado da eleição presidencial de Taiwan será um indicador de como será 2024, e se o mundo poderá vivenciar um conflito de grande intensidade, como os Jogos de Guerra - JG estadunidenses previram, conforme um dos nossos artigos recomendados para leitura.

Dessa forma, os EUA encontram-se, em nossa visão, num dilema em apoiar Taiwan em sua direção a uma total independência da China ou evitar se envolver num conflito, numa escala imprevisível, em que seria fortemente impactado.

O Blog é de opinião que devemos acompanhar com muita atenção o resultado das eleições em Taiwan, bem como a política que será adotada em relação a "uma só China", com o intuito de se traçar cenários para nos prepararmos adequadamente para as possíveis consequências, no mundo, em caso de guerra na região.

Outrossim, em caso de conflito que envolva diretamente a China e os EUA, o mundo poderá entrar num período de grandes incertezas, em que haverá várias mudanças geopolíticas, pois conforme as análises dos JG, os estadunidenses se fragilizarão militarmente o que impactará tanto no teatro do Oriente Médio quanto no europeu, o que poderá privilegiar a Rússia e o Irã, com um possível enfraquecimento da OTAN e de Israel.

Nesse sentido, o tempo corre contra todos, menos contra os russos.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para ajudar a nossa análise:

Matéria de 31/01/2023:

Matéria de 01/01/2024:



Matéria de 07/12/2023:

Matéria de 19/12/2023:


Matéria de 28/12/2023:

Matéria de 03/01/2024:

Matéria de 21/12/2023:

Matéria de 19/12/2023:

Matéria de 31/12/2023:


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