A China considera Taiwan como uma província rebelde, e parte do seu território, e tem por politica "um país, dois sistemas", que sinaliza ao mundo sua decisão de não aceitar uma Taiwan independente, bem como tem planos de uma China unida, o que significa a reanexação da ilha.
Por outro lado, Taiwan se considera um país soberano, desde 1949, quando após a guerra civil chinesa os derrotados, que eram liderados por Chiang Kai-Shek, fugiram do continente para a ilha de Taiwan ou Formosa, triunfando os comunistas de Mao Tse Tung. Atualmente, o governo adota o regime democrático, com boa parte da população reivindicando uma independência formal, o que incomoda a ditadura comunista da China, e que poderá servir de inspiração para Hong Kong em uma futura demanda por independência, gerando mais conflitos do que os atuais. Outrossim, a ideia de uma bem sucedida Taiwan democrática não é boa para o comunismo chinês.
A relação entre China e Taiwan sempre teve seus altos e baixos. Porém, recentemente, a crise entre eles tem se acirrado, com declarações duras de ambas as partes. Taiwan rejeita a ideia de "um país, dois sistemas", e a China não aceita a interferência estrangeira em assuntos considerados domésticos, e prevê a anexação taiwanesa, informando que poderá usar a força, caso haja uma proclamação formal de independência.
Os EUA, apesar de não considerar diplomaticamente Taiwan como um país, é o seu principal aliado na região, e a considera como geopoliticamente estratégica na área, adotando uma política de Estado de defender a ilha contra uma ameaça militar externa, fornecendo armamentos e treinamento militar para a sua autodefesa, sendo esse o único obstáculo às aspirações chinesas de uma China unificada.
Neste cenário, o governo Trump tem aproveitado a crise China - Taiwan para fustigar geopoliticamente o governo chinês, por meio de uma venda recente de material militar para Taiwan, no valor de 2,2 bilhões de dólares, fato esse considerado grave e inadmissível pela China, aliado ao fato de ter sido o primeiro líder estadunidense, desde 1979, a cumprimentar diretamente, em 2016, o vencedor da eleição presidencial taiwanesa.
Além disso, em 2019 promulgou TAIPEI Act (Taiwan Allies International Protection and Enhancement Initiative Act) que fortalece e amplia os laços de cooperação entre Washington e Taipei, evento esse que também foi condenado veementemente pela China, bem como durante o seu governo a marinha estadunidense tem tido presença mais assídua na área do Estreito de Taiwan. Sendo assim, Donald Trump se tornou o presidente estadunidense mais pró-Taiwan na história dos EUA.
O governo chinês tem aumentado as suas forças anfíbias, inclusive realizando vários exercícios de assalto anfíbio, bem como adotando uma postura militar mais agressiva em relação a Taiwan. Essas demonstrações são uma mensagem clara da China às aspirações de Taiwan, e um recado aos EUA sobre a sua disposição de não aceitar interferência em assuntos considerados internos. Alguns analistas consideram que essa postura agressiva chinesa poderá acirrar o desejo da população de Taiwan na aspiração de declaração formal de independência.
Taiwan possui forças armadas bem equipadas, com boa capacidade de defender a ilha contra um ataque anfíbio chinês, e que, também recentemente, vem realizando exercícios militares, visando a se contrapor a uma agressão militar chinesa. Ademais, existe uma grande dependência econômica de Taiwan com a China, e que poderá ser alvo de retaliação chinesa por causa da atual aproximação EUA - Taiwan, podendo ser uma boa oportunidade para o governo Trump de incrementar a economia estadunidense, ocupando o espaço a ser deixado pela China
Essa tensão, que está sendo uma das maiores na história China-Taiwan, tem todos os ingredientes para haver uma escalada da crise, caso haja algum erro de uma das partes envolvidas. Esse é mais um capítulo na competição entre as grandes potências atuais.
Seguem alguns vídeos sobre o tema (legendas podem ser inseridas):
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