A aliança de inteligência Five Eyes (Cinco Olhos) surgiu primeiramente com um acordo entre os EUA e o Reino Unido, visando decifrar as mensagens criptografas da Alemanha nazista e do Império Japonês durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, com o fim desse conflito e com o início da Guerra Fria com a ex-União Soviética foram incorporados como novos membros o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia.
As principais agências de inteligência dos países membros que estão envolvidas nessa rede são, sob a coordenação e comando dos EUA:
Nacional Security Agency - NSA dos EUA;
Government Communications Headquarters - GCHQ do Reino Unido;
Communications Security Establishment Canada - CSEC do Canadá;
Australian Signals Directorate - ASD da Austrália; e
Government Communications Security Bureau - GCSB da Nova Zelândia.
Essa aliança de inteligência durante a Guerra Fria espionava as comunicações e qualquer sinal eletromagnético de interesse proveniente da ex-União Soviética (URSS), países da Cortina de Ferro, aliados da ex-URSS, China e de países simpatizantes ao comunismo, visando antecipar possíveis agressões ou manobras geopolíticas.
Porém, com o advento dos atentados de 11 de setembro de 2001 e com a ascensão chinesa, os principais objetivos se tornaram a vigilância contra atentados terroristas, bem como a China, em especial a área dos Mares do Sul da China e da China Oriental.
Dessa forma, os Five Eyes monitoram todas as comunicações (COMINT), de forma global, como chamadas telefônicas e de fax, inclusive satelitais, transmissões de rádio e os acessos à internet de qualquer cidadão. Além disso, realizam inteligência de sinais (SIGINT), inteligência humana (HUMINT) e inteligência cibernética.
Nesse sentido, criaram a rede ECHELON que possui vários programas de espionagem. Ademais, os países membros utilizam algumas informações coletadas para atingir os seus objetivos geopolíticos, não somente os relativos ao setor de defesa, mas também espionagem industrial dentre outros temas.
Convém mencionar que os países membros do Five Eyes possuem acordos bilaterais secretos sobre o que podem ou não compartilhar, com o intuito de protegerem as respectivas Seguranças Nacionais, mas a maioria das informações são compartilhadas entre eles. Teoricamente, os membros estariam em igualdade de condições, e não podem espionar uns aos outros. Entretanto, são os EUA que lideram a aliança devido aos recursos financeiros e tecnologia envolvida.
É digno de nota as relevações realizadas por Edward Snowden, que trabalhou na NSA, sobre as espionagens executadas por essa aliança nos governos e cidadãos comuns, inclusive o caso, em 2013, envolvendo autoridades do governo brasileiro e da Petrobras
O Blog possui uma ata de uma reunião de 2017 do Conselho de Revisão e Supervisão da Inteligência Five Eyes (Five Eyes Intelligence Oversight and Review Council - FIORC), que está disponível em: https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_4219ca30f5a646ffa87a5779ba32d39b.pdf que nos mostra, um pouco, como funciona o acordo entre as partes.
Podemos observar que os membros do Five Eyes possuem laços comuns por serem países anglófilos, com culturas semelhantes, compartilhando alguns objetivos comuns, onde um deles é que consideram a tecnologia 5G da empresa Huawei como uma ameça as suas Seguranças Nacionais.
As principais bases de coleta de dados ficam em Menwith Hill - Yorkshire no Reino Unido e em Pine Gap nas proximidades da cidade de Alice Springs na Austrália.
A aliança Five Eyes tem aumentado, angariando novos parceiros, para finalidades específicas na inteligência de sinais, como podemos ver:
9 eyes: seriam os Five Eyes mais Dinamarca, França, Holanda e Noruega;
14 eyes: seriam os 9 eyes mais Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha e Suécia;
existem outras parcerias com outros países e coalizões, como a do Afeganistão.
Informações revelam que Israel, Singapura, Japão e Coréia do Sul seriam países colaboradores para a Five Eyes. O governo de Tóquio está pleiteando a sua aceitação como membro dessa aliança de inteligência, bem como se diz pronto para participar, o que transformaria em Six Eyes.
Em nosso artigo "Entorno Estratégico Brasileiro: estabelecimento de bases chinesas e seus possíveis desdobramentos", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/entorno-estratégico-brasileiro-estabelecimento-de-bases-chinesas-e-seus-possíveis-desdobramentos, mostramos que existe uma base chinesa na região da patagônia argentina que informa ser "uma base espacial", e que os EUA em seu relatório descrito no artigo, alegam que seria para realizar SIGINT e outras atividades de inteligência. É possível verificar que a base chinesa possui uma antena de grandes dimensões que pode se propor a esse fim, podendo ser o "olho chinês" (análogo ao Five Eyes) em nossa região.
O Blog é de opinião que a aliança de inteligência Five Eyes tem como prioridades atuais, além da China e dos grupos terroristas, a Rússia e o Irã. Além disso, é praticamente certo que monitore países e cidadãos que sejam do interesse geopolítico de seus países membros, inclusive seus nacionais. Outrossim, também somos de opinião de que a China possui a mesma capacidade de realizar as atividades que a Five Eyes executa, sendo uma das bases em nosso continente.
Dessa forma, devemos, cada vez mais, termos cuidado com o material e informações sigilosas, principalmente dos nossos projetos estratégicos e do pessoal que trabalha neles, pois são assuntos de interesses tanto do Five Eyes quanto da China.
Qual a sua opinião? Temos condições de mantermos a nossa segurança contra a inteligência de sinais estrangeira? O Brasil deve ter uma agência de inteligência para coordenar, centralizar e realizar a inteligência de sinais, como vários países têm realizado?
Seguem alguns vídeos para ajudar em nossas análises:
Matéria de 31/03/2017:
Matéria de 20/08/2017:
Matéria de 02/11/2018:
Matéria de 19/11/2020:
Matéria de 15/12/2020:
Matéria de 08/10/2020:
Matéria de 19/11/2020:
Matéria de 31/07/2019:
Matéria de 10/01/2020:
Comentarii