Continuando as análises sobre o mundo pós pandemia, trazemos a sexta parte de como poderá ser o cenário internacional, e se a COVID-19 está sendo um potencializador de mudanças para uma nova ordem global. Sugerimos a releitura das postagens anteriores sobre a temática que se encontram no Blog, e estão disponíveis em: https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/my-top-5 .
Desde o nosso último post sobre esse assunto, em 23 de abril, muitas coisas aconteceram, como: o grande desenvolvimento de vacinas, países com suas economias em grande recessão, elevado número de mortes e de contaminação, aumento da pobreza, acirramento da tensão entre a China e os EUA, além de muitos outros eventos.
Em nossa primeira enquete geopolítica verificamos que os leitores ficaram bem divididos no tocante aos cenários do mundo pós pandemia propostos pelo Blog, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/resultado-da-nossa-enquete-geopolítica, e tentaremos dar mais subsídios para continuarmos analisando.
Porém, nossas análises das postagens anteriores continuam válidas, e com esse período de observação trazemos um resumo de novas perspectivas:
com boa parte dos países com grandes problemas econômicos, a China tem aproveitado a oportunidade para aumentar a sua influência geopolítica por meio de empréstimos para infraestrutura, e que já comentamos como a diplomacia da armadilha da dívida, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/china-e-a-diplomacia-da-armadilha-da-dívida ;
os EUA cederam terreno à China no cenário internacional, ao não liderarem os esforços mundiais para mitigar as crises de saúde, econômicas e sociais causadas pela pandemia, e adotaram uma postura isolacionista. Por outro lado, a China apesar dos movimentos mundiais de rejeição ao governo de Pequim, e que foram liderados pelo governo estadunidense, ofereceu ajuda a vários Estados com o envio de recursos médicos e pessoal especializado, tentando reverter as opiniões negativas;
a China cometeu um erro estratégico em mostrar "as suas garras cedo demais", quando tenta se aproveitar da pandemia, em que os países estão apresentando fragilidades, para atingir seus objetivos geopolíticos em menos tempo. Com isso, podemos ver, durante esse ano, que várias tensões tiveram o envolvimento chinês, como: Mar do Sul da China, problemas fronteiriços com a Índia, crise com a Austrália, acirramento da tensão com Taiwan, dentre outras, que foram comentadas no Blog;
os hábitos de consumo da população mundial mudaram bastante durante a pandemia, sendo muito utilizado o comércio eletrônico. Dessa forma, a China tenta aproveitar a oportunidade para diminuir, e em curto intervalo tempo tentar suplantar, a supremacia do dólar como moeda internacional, por meio de moeda digital. Para tanto, possui um sistema eletrônico de transações excelente e que vem ganhado espaço no cenário internacional;
o acirramento da tensão sino-estadunidense chegou ao pior nível da história entre esses países nesse período, dando início a um período de "Guerra Fria"entre eles;
os países ricos estão comprando antecipadamente boa parte do estoque de vacinas a ser fabricado, causando um maior distanciamento entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. A China tenta se aproveitar disso, por meio do seu soft power. Ademais, a corrida pelo desenvolvimento da vacina tem servido como uma disputa geopolítica entre as grandes potências (EUA, China e Rússia);
a cadeia de suprimento global tem sido repensada, pois os países viram a sua vulnerabilidade ao ficarem dependentes da China no tocante aos itens médicos de proteção individual, bem como a ventiladores pulmonares. Isso tem feito com que aumente o nacionalismo econômico, buscando a autossuficiência;
a União Europeia (UE), que está no meio da crise entre os EUA e a China, tenta se unir e obter uma posição mais independente, e dessa forma ser uma força no cenário internacional. Nesse sentido, a França tenta liderar a UE;
a Rússia continua sendo uma ameaça aos países europeus, e aos poucos vem tentando aumentar a sua área de influência;
o mundo ficou menos confiável e incerto por meio das guerras cibernética, de informações, ameaças híbridas que durante o período da pandemia têm sido largamente empregadas;
houve uma diminuição do consumo das energias fósseis, sendo uma boa oportunidade para a mudança para fontes de energias alternativas. Porém, com a retomada da economia, se os países não tiverem diversificado suas fontes energéticas, é esperado o aumento do uso das energias não renováveis;
o Brasil perdeu a oportunidade de se consolidar na liderança na América do Sul durante esse período, onde poderia ter sido um protagonista auxiliando aos seus vizinhos por meio do seu agronegócio, bem como promovendo políticas de ajuda mútua no continente.
O Blog é de opinião que, baseado nos cenários que elencamos em: https://www.atitoxavier.com/post/será-que-a-pandemia-mudará-a-relação-entre-os-países-2, o cenário 3 poderá ser o mais provável se os EUA continuarem a ceder espaço à China no teatro global. Se nada for feito pela comunidade internacional, o mundo ficará mais incerto e menos seguro, e infelizmente está se perdendo a oportunidade de se ter uma sociedade global mais colaborativa. A eleição presidencial dos EUA ganha uma grande importância na política mundial, pois poderá trazer mudanças fundamentais no desenrolar dos acontecimentos.
Nesse sentido, o Brasil deverá se preparar adequadamente para o caso da análise do Blog se concretizar.
Qual a sua opinião sobre o assunto? O quadro apresentado é muito pessimista ou realista? Quais os impactos no Brasil?
Seguem alguns vídeos para nos ajudar nas análises:
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Vídeos em português:
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