O Paquistão possui várias agências de inteligência, e elas exercem um papel fundamental na segurança do Estado, bem como contribuem para a formulação da política externa do país. Tal relevância deve-se aos seguintes fatos:
disputas territoriais com a Índia;
grupos jihadistas no interior do Paquistão que efetuam atentados terroristas no país;
conflitos no Afeganistão.
Nesse sentido, citaremos as principais agências de inteligência paquistanesa, mas nos atentaremos a Inter Services Intelligence - ISI.
Principais agências de inteligência:
- Intelligence Bureau (IB): é a agência de inteligência mais antiga do Paquistão. É responsável pela inteligência interna referente a temas como: financiamento de grupos terroristas, "lavagem de dinheiro", permitindo que as inteligências militares possam ficar livres para os assuntos de defesa. Sua força de trabalho é formada por civis e militares da reserva, e é subordinada ao Primeiro-Ministro;
- Federal Investigation Agency - (FIA): é subordinada ao Ministro do Interior, sendo responsável pela contrainteligência protegendo os interesses nacionais paquistaneses, bem como investigações relevantes de jurisdição federal, sua atuação é análoga ao do FBI dos EUA;
- Defence intelligence services: cada força armada possui seu setor de inteligência, e trabalham de forma coordenada.
- Inter Services Intelligence - (ISI): é a principal agência de inteligência paquistanesa, sendo responsável pela área internacional, sendo totalmente independente das outras agências. Recebe informações de inteligência provenientes da IB, FIA e das agência de inteligência militares. Contribui no combate ao terrorismo doméstico, e realiza operações no exterior. Apoia na formulação da política externa do país, e é subordinada ao Primeiro-Ministro, mas também presta informações ao Comandante do Exército Paquistanês. Atualmente o seu Diretor é um General de três estrelas. É reconhecida internacionalmente pela sua eficiência.
Acordo informações, o ISI tem ligações com o grupo afegão Talibã, e treina grupos extremistas para cometer atentados no interior da Índia, principalmente na região disputada da Caxemira, notadamente o grupo Jaish-e-Mohammed (JeM). Ademais, o seu modus operandi caracteriza-se por operações especiais, apresentando grande eficiência em atingir os seus objetivos. Além disso, no passado teve relação com a Al-Qaeda.
O ISI possui campos de treinamento no Afeganistão, e é uma ferramenta do governo para atingir os seus objetivos geopolíticos.
Até o atentado das Torres Gêmeas nos EUA de 2001, o Paquistão por meio do ISI treinava o Talibã, principalmente em sua guerra contra ex-União Soviética, mas durante a Guerra ao Terror, iniciada pelos EUA, houve um alinhamento estratégico com o governo de Washington.
Nesse período de alinhamento, o governo de Islamabad recebeu ajuda financeira e militar estadunidense, havendo um distanciamento entre o ISI e os grupos extremistas afegãos, ocorrendo um grande número de atentados no Paquistão, e causando um sentimento de traição ao Talibã.
Com a aproximação dos EUA com a Índia, visando consolidar uma aliança para conter a China, houve um estreitamento de laços entre os governos de Islamabad e Pequim, com o consequente distanciamento entre os EUA e o Paquistão. Dessa forma, o ISI voltou a apoiar o Talibã, até com operações sigilosas, em seu objetivo de voltar ao poder, e contribuir para a retirada das tropas estadunidenses do território afegão.
Nesse sentido, vários analistas relatam que o Talibã é usado como um proxy do Paquistão, por meio do ISI, para realizar atentados no interior da Índia, bem como para ter um aliado relevante no Afeganistão, impedindo uma possível influência indiana nesse governo. Isso também acabaria sendo um bom negócio para a China.
Desde a sua criação, o ISI vem angariando grande poder político no país influenciando políticos locais e a política externa, estando ligado ao nacionalismo paquistanês, e ao setor militar. Alguns analistas informam que o ISI tem ganhado vida própria.
O ISI vem cooperando com o serviço de inteligência chinês, notadamente em sua disputa fronteiriça com a Índia.
O Blog é de opinião de que o ISI possui grande influência nas decisões do Paquistão, e que utiliza o Talibã e outros grupos extremistas em apoio aos objetivos geopolíticos paquistaneses, para tanto cooperará com quem for melhor estrategicamente para os interesses do país. Uma convivência harmoniosa entre a Índia e o Paquistão dependerá da participação do ISI nesse processo. Além disso, é um ator extremamente relevante na influência sobre o futuro governo do Afeganistão. Não vislumbramos grandes interesses do ISI no Brasil, a não ser que ocorra uma aproximação estratégica com o governo indiano.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para a nossa análise:
Matéria de 04/10/2017:
Matéria de 2019:
Matéria de 29/08/2018:
Matéria de 03/10/2019:
Matéria de 19/04/2020:
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Matéria de 13/08/2008:
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