O Blog em sua seção sobre o Oriente Médio, disponível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/ori-m%C3%A9dio, vem acompanhando a situação nessa complexa região, que desde a história antiga impacta no mundo, sendo o berço de várias religiões importantes.
Nesse sentido, podemos citar vários atores relevantes, que estiveram presentes nas análises dos nossos artigos. Entretanto, não por coincidência, a exceção do Líbano em virtude de laços pessoais, as potências regionais: Arábia Saudita, Irã, Israel e Turquia, tiveram especial destaque, devido as disputas envolvidas, seja pela liderança do mundo islâmico (Arábia Saudita, Irã e Turquia), seja pela disputa por esfera de influência geopolítica, que recentemente tem sido protagonizada por Irã e Israel.
Dentre os artigos, sugerimos a releitura:
- "Guerra fria muçulmana: Arábia Saudita x Irã", de 09 de abril de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/guerra-fria-muçulmana-arábia-saudita-x-irã;
- "A nova configuração do Oriente Médio: bipolaridade Irã x Israel", de 24 de dezembro de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-nova-configuração-do-oriente-médio-bipolaridade-irã-x-israel; e
- "Organização dos Estados Turcos: movimento geopolítico turco", de 01 de dezembro de 2021, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/organização-dos-estados-turcos-movimento-geopolítico-turco.
Das potências regionais do Oriente Médio que citamos acima, cabe frisar que o único país que está, há mais de 40 anos, em conflito com os EUA e os seus aliados nesta região é o Irã.
Dessa forma, o presente artigo tentará mostrar qual a estratégia empregada pelos iranianos para manter o conflito, desde 1979, até os dias de hoje, e que sempre vem causando apreensão no cenário internacional.
Os EUA possuem quatro grandes ameaças militares: China, Coreia do Norte, Irã e Rússia, sendo os chineses considerados como os principais competidores e adversários, pois foram os únicos assinalados com capacidade de rivalizar com os estadunidenses na disputa pela hegemonia mundial.
Das ameaças militares consideradas pelos EUA, o Irã é o único que, ainda, não possui capacidade nuclear, objetivo que vem sendo perseguido por este Estado.
Convém mencionar que apesar de todas as sanções capitaneadas pelos estadunidenses, o governo de Teerã conseguiu manter-se, apesar de todas as dificuldades econômicas e tecnológicas, como uma potência militar e tecnológica, demonstrando uma boa resiliência e autossuficiência.
Nesse contexto, em nossa análise, os iranianos decidiram empregar uma estratégia defensiva, tendo como base a profundidade estratégica, que chamamos de O Arco Xiita, que abordamos no nosso artigo "O Arco Xiita, desejo geopolítico do Irã, e os impactos no Oriente Médio", de 14 de abril de 2020, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/o-arco-xiita-desejo-geopolítico-do-irã-e-os-impactos-no-oriente-médio, visando com que o conflito não chegue ao seu território.
Logo compreende-se a importância dada pelo Irã em desenvolver uma capacidade dissuasória significativa, que abordaremos abaixo:
- desenvolvimento de mísseis balísticos;
- apoio militar aos países considerados estratégicos em sua ideia de arco xiita, como a Síria e o Iraque;
- formação de grupos simpatizantes ao regime iraniano - proxies, como: o Hezbollah (Líbano), o Hamas (Território Palestino), os Houthis (Iêmen) e as milícias xiitas no Iraque. Recomendamos os nossos os artigos: "Hezbollah e sua importância geopolítica no Oriente Médio", "Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã?" e "Conflito Israel x Palestina: poderá mergulhar a região em conflito generalizado?", disponíveis respectivamente em https://www.atitoxavier.com/post/hezbollah-e-sua-importância-geopolítica-no-oriente-médio, https://www.atitoxavier.com/post/os-houthis-e-sua-influência-na-geopolítica-do-oriente-médio-são-um-proxy-do-irã e https://www.atitoxavier.com/post/conflito-israel-x-palestina-poderá-mergulhar-a-região-em-conflito-generalizado.
Logo, especial atenção deve ser dado a este item, pois é baseado na formação ideológica da união islâmica anti-imperialista dos EUA e dos seus aliados, no caso Israel e Arábia Saudita, no Oriente Médio. Além disso, possui um custo relativamente baixo, e consegue levar o enfrentamento diretamente aos seus oponentes, e fora do seu território, mantendo-os sob pressão. Isso fica bem claro quando verificamos os inúmeros relatos de ataques reportados às bases estadunidenses no Oriente Médio, aos israelenses e aos sauditas.
Não podemos esquecer as importantes relações entre o Irã e o Catar, que chegou a criar uma crise entre os catares e outros países sunitas, e que abordamos no artigo "Problemática do Catar: lições para reflexão", de 20 de janeiro de 2021, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/problemática-do-catar-lições-para-reflexão. É digno de nota que o governo de Doha tem abrigado a liderança do Hamas, que é um dos proxies do Irã, e que tem mediado o atual conflito entre este grupo terrorista e Israel.
Portanto podemos concluir que os iranianos decidiram empregar conflitos de pequena intensidade, empregar proxies e usar a guerra híbrida.
Dessa forma, podemos observar na figura abaixo que o Irã para a defesa do seu território utiliza o Exército da República Islâmica - ARTESH, enquanto para manter a defesa em profundidade e os seus oponentes em constante pressão levando o combate diretamente para eles na região no Oriente Médio emprega o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica - PASDARAN.
Assim, a Guarda Revolucionária, que é ideológica, é a responsável por treinar, equipar e fomentar os seus proxies na luta contra os EUA e os seus aliados.
Nesse cenário, para manter as suas capacidades de defesa e de projeção de poder citadas no texto, faz-se necessário estabelecer parcerias econômicas, militares e tecnológicas com países que sofrem as mesmas sanções ocidentais e que buscam formas de sobrepujá-las, o que nos permite compreender, perfeitamente, a aproximação do Irã com a Rússia, China, Coreia do Norte e Venezuela.
Assim, a entrada do Irã no BRICS será um grande alívio para este país, dando um maior "fôlego" para a manutenção da sua estratégia, e que fizemos algumas análises no artigo "Os BRICS poderão ter a sua relevância incrementada no cenário internacional? Parte II", de 26 de agosto de 2023, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/os-brics-poderão-ter-a-sua-relevância-incrementada-no-cenário-internacional-parte-ii.
Temos visto uma grande aproximação entre venezuelanos e iranianos, e que abordamos no artigo "O problema venezuelano parte II. O estreitamento de laços com o Irã", de 05 de dezembro de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/o-problema-venezuelano-parte-ii-o-estreitamento-de-laços-com-o-irã, em que dissemos sobre a possível presença de elementos da Guarda Revolucionária no país. O que coloca uma necessidade de acompanhamento do assunto pela inteligência brasileira, por estar no nosso Entorno Estratégico.
Assim, ao continuar as análises do atual conflito Israel e Hamas, que estamos realizando por meio da série de artigos "Conflito Israel x Palestina: poderá mergulhar a região em conflito generalizado?", em suas Partes I, II e III, vemos que o Irã, por meio do Hamas, é um dos principais atores envolvidos no conflito e que dependerá, em nossa análise, da sua decisão que o conflito se torne generalizado.
O Blog é de opinião que o Irã é uma potência regional do Oriente Médio que não pode ser menosprezada, muito pelo contrário, e que tem sido uma das principais causas do enfraquecimento da influência estadunidenses e, atualmente, israelense na região.
Assim, a estratégia assimétrica adotada pelos iranianos tem sido adequada aos seus objetivos geopolíticos.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 23/08/2023:
Matéria de 09/01/2023:
Matéria de 11/07/2019:
Matéria de 23/06/2023:
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