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Partido Comunista Chinês e o seu primeiro centenário: para onde vai a China?


Figura disponível em: https://www.foreignbrief.com/wp-content/uploads/2021/07/Tim-Marrs_AFP_Getty-Images-1536x864.jpeg

No nosso artigo de número 200, abordaremos os 100 anos do Partido Comunista Chinês - PCC, que teve sua origem em 1921, e que ao longo de sua história foi se adaptando e transformando o país na segunda economia mundial, rivalizando geopoliticamente com os EUA. Sendo assim, tentaremos de forma resumida falar sobre a trajetória do PCC, que no futuro poderá influenciar a Nova Ordem Mundial. Ademais, o Blog, em sua Seção China disponível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/china, possui cerca de 20 matérias sobre esse país, devido a sua relevância no cenário internacional, e que poderão contribuir com o leitor em sua análise sobre o tema do artigo. Dessa forma, vamos nos ater a 3 líderes chineses: Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping e Xi Jinping que consideramos os mais influentes.

Para os comunistas chineses, além da Revolução Soviética de Outubro de 1917, a data de maior relevância é 01 de outubro de 1949 que marcou a vitória, sob a liderança de Mao Tsé-tung, do Exército de Libertação Popular, também conhecido em inglês como People´s Liberation Army - PLA, na guerra civil contra as forças nacionalistas do Partido Nacionalista Chinês ou Kuomintang, que era comandando por Chiang Kai-shek, que após derrotado se refugiou na Ilha de Formosa, atual Taiwan, dando origem a República da China que é considerada pela República Popular da China, ou somente China, como uma província rebelde.

Mao foi criado numa família de camponeses prósperos de Hunan, crescendo cheio de ressentimentos devido a situação de vulnerabilidade chinesa frente a força militar e econômica estrangeira que marcaram a China, e que muitos conhecem como a "era da humilhação", onde o país foi invadido e humilhado várias vezes. Dessa forma, a vitória comunista na Rússia chamou a atenção do jovem Mao, que ficou impressionado pelo o que aconteceu naquele país. Esses eventos formaram o pensamento do futuro líder da China, que usou o modelo soviético como referência para o modelo chinês, mas realizando várias adaptações para a realidade do seu país.

Nesse quadro, vemos que Mao adota uma postura independente de Moscou, o que não foi bem visto por Stalin, e marca o início do distanciamento, que se aprofundaria com a intenção soviética, no período de Nikita Khrushchev, de buscar um diálogo com os países ocidentais, relegando a China a segundo plano em várias questões.

É digno de nota que a ex-União Soviética e a China possuíam situações conjunturais bastante distintas, em que o último encontrava-se bastante atrasado industrialmente, dentre outros fatores. Ademais, os soviéticos consideravam o Estado chinês como um país satélite, o que não estava nos planos de Mao.

Na consolidação do comunismo chinês, Mao aplicou a repressão de forma implacável e em seguida idealizou o Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural, cuja intenção era atingir os seus objetivos da Revolução Chinesa, onde um deles era que a China nunca mais passaria pela vivência da "era da humilhação". Dessa forma, ficou conhecido como o "Grande Timoneiro".

Convém mencionar que o país ficou regido pela ideologia do partido único e com controle total sobre a população e todas as atividades do Estado com "mão de ferro", ou seja ditadura. Ressalta-se que muitas pessoas foram perseguidas e executadas nesse período, fazendo com que a China recebesse reprovações e ficasse isolada no mundo, além disso se consolidou como uma potência militar terrestre, muito devido ao tamanho do PLA.

Outro líder chinês que consideramos marcante na trajetória do PCC foi Deng Xiaoping, pois corrigiu os rumos da Revolução Chinesa, realizando várias reformas econômicas onde via que para se conseguir a prosperidade do país eram fundamentais o comércio internacional e o desenvolvimento tecnológico, com isso foi implementada a economia de mercado comunista chinesa, iniciando a busca por investimentos estrangeiros no país. Porém, mantêm a forma política de Mao, inclusive em seu período ocorreu o massacre dos estudantes na Praça da Paz Celestial.

Em nossa visão, Deng Xiaoping foi fundamental para a sobrevivência do comunismo chinês, e com isso não cometeu os erros soviéticos. Nesse sentido, podemos inferir a falibilidade do pensamento econômico da doutrina Marxista-Leninista.

Continuando a nossa análise, foi nesse período de governo que a China começou a olhar para o mar como o futuro de prosperidade, e tem início o projeto de construção de um poder marítimo baseado no pensamento mahaniano com características de pensadores chineses, e que vem atingindo o seu ápice com Xi Jinping, atualmente ultrapassou a estadunidense em número de navios.

Sendo assim, vemos que Deng Xiaoping era muito pragmata, sendo famosas algumas de suas frases, como: “Não importa a cor do gato, contanto que ele cace o rato” e "enriquecer é glorioso", onde fica demonstrada sua visão de mundo. Dessa forma, se tornou conhecido como "Arquiteto Chefe".

Por fim, chegamos a Xi Jinping cujo objetivo é realizar o "sonho chinês" que seria uma China próspera e com segurança.

Nesse sentido, em nossa opinião, ele aprofunda as reformas econômicas de Deng Xiaoping e endurece o autoritarismo como Mao Tsé-tung, colocando o país como o principal adversário dos EUA no mundo, bem como consolidando a China como uma potência econômica, militar e tecnológica, dando origem a uma nova disputa geopolítica pela hegemonia mundial. Ele tem conseguido levar uma certa prosperidade a população, mas reprime com firmeza qualquer oposição ao governo, como as manifestações ocorridas em Hong Kong, além dos atos contra a minoria muçulmana uyghur em Xinjiang. Sua política externa assertiva e agressiva faz com que haja um aumento da desconfiança da comunidade internacional com o Estado chinês, ainda mais devido à pandemia da COVID-19. Ademais, Xi Jinping envia mensagem de que questões de soberania envolvendo a China não são negociáveis, como a problemática de Taiwan e do Mar do Sul do China.

Além do citado acima, pratica um grande culto a sua personalidade, tentando retratá-lo como uma liderança carismática e suave, o que é uma receita de chefes autoritários, com isso tem sido conhecido no país como "Tio Xi". Alguns analistas já o consideram como o principal líder chinês, suplantando Mao e Deng.

Segue uma linha do tempo que resume a trajetória do PCC nesses 100 anos:

Figura disponível em: https://static.toiimg.com/photo/imgsize-138704,msid-84039173/84039173.jpg
Figura disponível em: https://static.toiimg.com/photo/imgsize-140751,msid-84038931/84038931.jpg

A figura abaixo é também interessante para complementar a linha do tempo anterior, bem como para demonstrar semelhanças de fontes de informação distintas:

Figura disponível em: https://www.aljazeera.com/wp-content/uploads/2021/06/INTERACTIVE_CCP-TIMELINE-REVISION.jpg?w=770&resize=770%2C2202

Podemos verificar que o modelo do comunismo chinês descolou do modelo soviético ao longo do tempo, mas mantendo a semelhança de que para se ter algum sucesso ou prosperidade de forma mais suave, fazia-se necessário ser um membro fiel do Partido Comunista, o que permitia um alto nível de corrupção, o que na China foi combatido principalmente por Xi Jinping. Na figura a seguir podemos ver a estrutura do PCC:

Figura disponível em: https://www.aljazeera.com/wp-content/uploads/2021/06/INTERACTIVE_CCP-STRUCTURE.jpg?w=770&resize=770%2C871
Figura disponível em: https://www.aljazeera.com/wp-content/uploads/2021/06/INTERACTIVE_CHINA-GOVERNMENT-STRUCTURE.jpg?w=770&resize=770%2C871

O Blog é de opinião de que os líderes citados neste artigo foram fundamentais para a sobrevivência do PCC, pois enquanto Mao Tsé-tung implementou o comunismo à força, com violência e repressão, bem como independente de Moscou, Deng Xiaoping corrigiu o rumo visando evitar o desastre econômico soviético, e Xi Jinping aprofunda e continua o legado dos outros dois.

Dessa forma, vimos o pragmatismo chinês, que demonstrou as falhas da teoria Marxista-Leninista, com o intuito de manter a Revolução Chinesa viva, pois todos os países comunistas que teimaram em seguir a falível teoria sucumbiram, sendo o único remanescente a Coreia do Norte ("comunismo raiz"), e que só se mantém graças a benevolência chinesa.

Em relação ao Vietnã, esse segue um modelo econômico semelhante ao chinês, com certo liberalismo econômico e autoritarismo político, por isso consegue obter a sobrevivência do regime, e ratifica a nossa análise sobre a falha da doutrina marxista-leninista.

Acreditamos que o Século XXI será a era da China, pois o sonho chinês está muito próximo de acontecer, que é a prosperidade com segurança, a menos que o atual timoneiro execute uma guinada muito brusca, pois já se avista no horizonte mares bravios, com a renovada aliança ocidental e dos adversários chineses liderados pelos EUA. Nesse sentido, se a China agir com prudência e pragmatismo poderá inaugurar uma Nova Ordem Mundial

Assim como na Guerra Fria, esperamos que as duas principais potências não caiam na Armadilha de Tucídides.

Resta-nos acompanhar se a afirmação de Robert Service, em seu livro "Camaradas - Uma História do Comunismo Mundial, "No fim das contas, em 1991, foi a URSS e não os Estados Unidos, que caiu no esquecimento" acontecerá com a China nessa nova disputa pela hegemonia mundial.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para nos aprofundarmos em nossas análises:

Matéria de 01/07/2021:

Matéria de 30/06/2021:

Matéria de 01/07/2021:

Matéria de 01/07/2021:

Matéria de 29/06/2021:

Matéria de 29/06/2021:

Matéria de 21/06/2021:

Matéria de 01/07/2021:

Matéria de 01/07/2021:


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