A Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, que é uma Aliança tanto política quanto militar, é composta, atualmente, por 30 Estados-membros e vem sofrendo muitas críticas e enfrentando os seguintes problemas, que contribuíram para a diminuição do protagonismo dessa Organização no cenário internacional:
tensões e crises internas, como a problemática envolvendo a Turquia, a Grécia e a França;
pequena coesão política dos membros da Organização em relação a temas relevantes, como aplicação de sanções, dentre outros;
enfraquecimento militar que ficou nítido por ocasião do distanciamento dos EUA, que são a principal potência militar e contribuinte financeiro, em que o governo de Donald Trump diminuiu o investimento militar na Organização devido a política America First, obrigando aos demais países membros da Aliança a aumentarem a sua participação financeira no setor de defesa para 2% dos seus Produtos Internos Brutos - PIB;
surgimento de governos nacionalistas, como a Hungria e a Polônia, que estão sendo um contraponto aos valores democráticos defendidos pela Aliança.
Além disso, a agressividade russa, por meio dos seus serviços de inteligência, a anexação de territórios (Crimeia e crise com a Georgia) e a implementação de bases na Síria (Mediterrâneo Oriental) e no Sudão (uma das principais linhas de comunicações marítimas para a Europa e com acesso ao Mediterrâneo), a política agressiva chinesa de expansão de sua influência geopolítica, o interesse sino-russo no Ártico e o terrorismo jihadista são considerados ameaças relevantes à segurança europeia e que preocupam demasiadamente a OTAN.
Tais temas foram analisados pelo Blog nos artigos: "Europa uma senhora decadente, época de se reinventar", "A OTAN e a rebeldia turca: o que fazer?", "Ártico: palco de novas disputas geopolíticas, como no passado", "O renascimento russo e a ameaça à Europa", em que podem ser acessados, respectivamente, em: https://www.atitoxavier.com/post/europa-uma-senhora-decadente-época-de-se-reinventar , https://www.atitoxavier.com/post/a-otan-e-a-rebeldia-turca-o-que-fazer , https://www.atitoxavier.com/post/ártico-palco-de-novas-disputas-geopolíticas-como-no-passado , e https://www.atitoxavier.com/post/o-renascimento-russo-e-a-ameaça-à-europa .
Nesse sentido, visando fazer frente as ameaças e aos problemas elencados acima, e que são potencializados pela emergência climática e pela pandemia da COVID-19, ainda mais num mundo mais imprevisível e menos seguro, os países membros da OTAN, desde dezembro de 2019, vem debatendo possíveis ações por meio de uma estratégia, que seja unânime por todos, com o intuito de assegurar a segurança dos países membros e recuperar o protagonismo do passado.
Sendo assim, foi produzido, em 25 de novembro de 2020, o documento intitulado: NATO 2030: United for a New Era Analysis and Recommendations of the Reflection Group Appointed by the NATO Secretary Generall, e que encontra-se disponível no Blog em: https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_0d4ba970b98646039fb23ebad6a7e1cd.pdf , em que um grupo independente, e com notório saber nos temas de interesse da OTAN, foi convidado a realizar um estudo profundo sobre as possíveis soluções para os grandes desafios a serem superados pela Organização até 2030.
Nesse documento encontram-se análises e recomendações para atingir os objetivos pela Organização até 2030, e que podemos afirmar que está baseado no tripé: fortalecimento militar - coesão política dos seus membros - aumento da presença global. Ademais, existem outros pontos que foram abordados e que farão parte da futura postura da OTAN:
atualização do conceito estratégico de 2010 - 2010 Strategic Concept;
a Rússia deve ser tratada de forma dual: deterrência a ameaça russa e criação de um diálogo construtivo com o governo de Moscou;
a criação de uma política adequada para tratar do expansionismo chinês em que possa assegurar a segurança dos membros da Organização;
estar preparada para o surgimento de tecnologias disruptivas, tendo condições de se contrapor as possíveis ameaças de alta tecnologia;
combate ao terrorismo e as ameaças híbridas;
manter uma coesão política, visando evitar ambiguidades em decisões;
articular uma aproximação com a região Sul do Mediterrâneo, em especial com a União Africana, bem como ter atenção com a região do Mediterrâneo Oriental;
continuar apoiando o controle da proliferação de armas nucleares;
adaptar as suas forças para operar sob os efeitos da emergência climática e estar atento para as disputas geopolíticas resultantes disso, com foco no Ártico e nos desastres humanitários, além de ter políticas sustentáveis no setor de defesa que possam diminuir as vulnerabilidades, como a cadeia logística;
fortalecer o conselho consultivo North Atlantic Council, visando possibilitar a realização de análises sobre problemáticas do Oriente Médio, África, Ásia Oriental e espaço cibernético;
estabelecer parcerias e alianças com outros países ou organizações, aumentando a participação e o envolvimento globais;
estreitamento de laços entre a OTAN e a União Europeia;
segurança energética dos países membros.
Nesse cenário, o Blog é de opinião que:
é esperado que a OTAN até 2030, caso consiga manter o tripé da futura postura, volte a ter o protagonismo do passado, mas sem a grande dependência dos EUA, o que lhe dará uma maior autonomia para enfrentar os problemas e ameaças deste século, podendo fazer com que a Europa possa influir na Nova Ordem Mundial, que está em transformação. Além disso, acreditamos que a OTAN começará a ter uma presença cada vez mais global, visando atender aos interesses geopolíticos da Aliança;
é uma oportunidade para o Brasil estabelecer uma parceira com a OTAN. Convém mencionar que o nosso país, como a Argentina, é um aliado militar preferencial dos EUA fora da OTAN, e que no futuro poderá ser um "parceiro global" dessa Organização, como a Colômbia, o que permitirá estabelecer alianças estratégicas de cooperação militar com os EUA, Canadá e países europeus da Organização, o que significa que não precisaremos participar de operações militares combinadas reais, pois não seremos um membro da Aliança. Isso poderá contribuir para o nosso setor de defesa no tocante ao incremento de adestramentos e exercícios em diversas áreas, que poderão incluir operações cibernéticas, terrorismo e segurança marítima, além de ajudar em nosso pleito em ter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Outrossim, ao sermos vistos como um parceiro militar confiável, poderemos ter menos desconfiança e entraves ao desenvolvimento do Programa Nuclear da Marinha;
Qual a sua opinião sobre o assunto? É uma oportunidade para o Brasil? Você acha que poderíamos ter uma aliança como a OTAN no hemisfério Sul liderada pelo Brasil?
Seguem alguns vídeos para auxiliar as nossas análises:
Matéria de 01/08/2019:
Matéria de 08/04/2020:
Matéria de 05/10/2020:
Matéria de 28/09/2020:
Matéria de 03/12/2020:
Matéria de 03/12/2020:
Matéria de 17/11/2020:
Matéria de 13/11/2020:
Matéria de 20/06/2018:
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