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Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã? Parte II


Figura disponível em https://static.timesofisrael.com/www/uploads/2023/11/9XA2VG-highres-1-e1698804791520.jpg

O atual conflito entre israelenses e palestinos, que analisamos no artigo "Conflito Israel x Palestina: poderá mergulhar a região em conflito generalizado? Parte III. Impactos", de 22 de outubro de 2023, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/conflito-israel-x-palestina-poderá-mergulhar-a-região-em-conflito-generalizado-parte-iii-impactos, em falamos que poderia mergulhar o mundo no caos, caso haja a entrada de novos atores no embate, começa a impactar o mundo por vários motivos, ratificando as nossas análises.

Dentre eles, abordaremos os recentes ataques dos Houthis contra navios mercantes que têm navegado pelo Mar Vermelho em direção à Israel, o que vem trazendo prejuízos econômicos tanto ao governo de Tel Aviv quanto aos seus parceiros e aliados.

Tais ataques têm feito com que as companhias de navegação, notadamente as petrolíferas, estejam optando por realizar a navegação pelo sul da África, inclusive empresas chinesas, passando pelo Cabo da Boa Esperança, o que aumenta o percurso (tempo) e os custos do frete (cerca de 20%) e do seguro, o que teve como consequência imediata o aumento dos preços do petróleo e do gás.

Caso os ataques continuem, poderá ocorrer um choque na economia global, pois estima-se que entre 10 e 15% do comércio marítimo mundial flua pelo Mar Vermelho.


Figura disponível em https://img.r7.com/images/info-desvio-de-rota-suez-boa-esperanca-27032021103829062

Figura disponível em https://www.guiamaritimo.com.br/files/c/302/442-483-0-0.jpg

Convém mencionar que desde o início da retaliação israelense contra o Hamas, em Gaza no mês de outubro, os houthis começaram a disparar mísseis e drones contra Israel, bem como iniciaram ataques e sequestros contra o tráfego marítimo, inclusive contra navios da marinha dos EUA (US Navy), na importante Linha de Comunicação Marítima - LCM do Mar Vermelho, principal ligação do Mediterrâneo (Europa) com o Oceano Índico, África Golfo Pérsico e Ásia.


Figura disponível em https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2019/05/mar-vermelho-mapa.jpg
Figura disponível em https://www.washingtoninstitute.org/policy-analysis/houthi-ship-attacks-are-affecting-red-sea-trade-routes

No nosso artigo "Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã?", de 19 de julho de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/os-houthis-e-sua-influência-na-geopolítica-do-oriente-médio-são-um-proxy-do-irã, tínhamos afirmado que os Houthis, que são a maioria no norte montanhoso do Iêmen, e que por serem da corrente do zaidismo, uma dissidência do xiismo, possuíam uma ligação religiosa com o Irã. Por isso, eram considerados uma ameaça aos seus vizinhos sunitas, especialmente a Arábia Saudita. Além disso, dissemos que eles seriam o proxy (intermediário/aliado) iraniano na região, e o controle do país seria uma ameaça aos países da região e uma vantagem estratégica num possível controle das principais rotas dos petroleiros. Assim, seriam um movimento análogo ao Hezbollah, e caso consigam controlar o Iêmen seria uma vitória iraniana, aumentando a sua área de influência, além de cumprir um dos seus objetivos estratégicos referente ao Arco Xiita, sugerimos a releitura da nossa matéria "O Arco Xiita, desejo geopolítico do Irã, e os impactos no Oriente Médio", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/o-arco-xiita-desejo-geopolítico-do-irã-e-os-impactos-no-oriente-médio. Sendo assim, eles ganhariam importância na geopolítica do Oriente Médio.

Um dado importante é que os ataques à LCM do Mar Vermelho e ao território israelense têm demandado por parte dos EUA e de Israel um aumento do custo militar com mísseis de defesa antiaérea, milhões de dólares por disparo, contra os drones e os mísseis houthis. Logo, torna-se mais um desafio para o governo de Washington em continuar apoiando logisticamente as várias frentes de conflito, como: a Guerra da Ucrânia, a Guerra Israel x Hamas e agora a defesa do tráfego marítimo.

Portanto, o que afirmamos em 2020 começa a ser comprovado agora. Além disso, as ações houthis ratificam a análise realizada no artigo "Profundidade Estratégica - o pensamento iraniano e a política anti estadunidense", de 30 de outubro de 2023, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/profundidade-estratégica-o-pensamento-iraniano-e-a-política-anti-estadunidense , dentre várias análises realizadas, falamos que os iranianos decidiram empregar uma estratégia defensiva, tendo como base a profundidade estratégica, que chamamos de O Arco Xiita, visando com que o conflito não chegue ao seu território, demonstrando a importância da formação de grupos simpatizantes ao regime iraniano - proxies, como: o Hezbollah (Líbano), o Hamas (Território Palestino), os Houthis (Iêmen) e as milícias xiitas no Iraque. Recomendamos os nossos os artigos: "Hezbollah e sua importância geopolítica no Oriente Médio", "Os Houthis e sua influência na geopolítica do Oriente Médio. São um proxy do Irã?" e "Conflito Israel x Palestina: poderá mergulhar a região em conflito generalizado?", disponíveis respectivamente em https://www.atitoxavier.com/post/hezbollah-e-sua-importância-geopolítica-no-oriente-médio, https://www.atitoxavier.com/post/os-houthis-e-sua-influência-na-geopolítica-do-oriente-médio-são-um-proxy-do-irã e https://www.atitoxavier.com/post/conflito-israel-x-palestina-poderá-mergulhar-a-região-em-conflito-generalizado. 

Conforme a informação do Conselho de Segurança Nacional estadunidense, National Security Council, o Irã estaria apoiando os houthis nas operações de ataque no Mar Vermelho, conforme podemos ver a nota abaixo, de 22 de dezembro, o que corrobora o que dissemos no Blog:


Iranian support throughout the Gaza crisis has enabled the Houthis to launch attacks against Israel and maritime targets, though Iran has often deferred operational decision-making authority to the Houthis [...] Iranian-provided tactical intelligence has been critical in enabling Houthi targeting of maritime vessels since the group commenced attacks in November" (fonte: https://edition.cnn.com/2023/12/22/politics/us-intelligence-iran-houthi-rebels-attacks-red-sea/index.html)


Como era de se esperar os iranianos negaram o envolvimento com os houthis nos ataques.

Dessa forma, os EUA anunciaram o estabelecimento da coalizão chamada Operation Prosperity Guardian, com o objetivo de proteger a liberdade de navegação pelo Mar Vermelho, que ficará sob o Comando da Força Tarefa 153 - Task Force 153, conforme conta na nota do Departamento de Defesa estadunidense, de 18 de dezembro, acessível em https://www.defense.gov/News/Releases/Release/Article/3621110/statement-from-secretary-of-defense-lloyd-j-austin-iii-on-ensuring-freedom-of-n/. A princípio a operação naval contará com os seguintes países: EUA - Reino Unido - Canadá - Bahrein - França - Itália - Países Baixos - Noruega - Espanha - Seicheles.

O que nos chama a atenção é não participação da China na coalizão, pois não podemos esquecer que os chineses, assim como os russos, têm se aproximado do Irã. Outro fato interessante é que os houthis afirmaram que não atacarão os navios russos que transitarem pelo Mar Vermelho.

Além disso, a insegurança da LCM do Mar Vermelho tem sido potencializada pelas recentes ações dos piratas somalis, o que têm suscitado preocupações sobre o retorno da pirataria no Golfo de Áden que, smj, estava sob controle.


Figura disponível em https://www.naval.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/11/original.jpg

Nesse sentido, as ações dos houthis, apoiados pelos iranianos, podem contribuir com os russos na Guerra da Ucrânia, pois é bem provável que aumente a atenção mundial com essa nova frente militar e o apoio logístico aos ucranianos diminua.

O Blog é de opinião que os houthis são proxies do Irã, em que pese terem maior autonomia em suas ações do que o Hezbollah. Ademais, essa nova instabilidade demonstra, mais uma vez, que vivemos num mundo mais imprevisível e menos seguro, como sempre temos falado.

Outrossim, fica evidente a importância do Estado em investir no seu Poder Naval para garantir o seu comércio marítimo, bem como em contribuir com a segurança do comércio global, que é feito em sua maioria pelo mar.

Dessa forma, podemos concluir, também, que os países que não dispõem de marinhas bem equipadas acabam por terceirizar a segurança do seu comércio exterior para outros, ficando a mercê da boa vontade deles.

Qual a sua opinião? O Brasil tem condições de proteger o seu comércio exterior, que é de cerca de 95% feito pelo mar?

Seguem alguns vídeos para auxiliar as nossas análises:

Matéria de 19/12/2023:

Matéria de 21/12/2023:

Matéria de 22/12/2023:


Matéria de 22/12/2023:

Matéria de 21/12/2023:

Matéria de 20/12/2023:

Matéria de 30/11/2023:



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