O Século XXI tem sido marcado como a Era da Competição entre as Grandes Potências, e nesse sentido temos observado cada vez mais o uso da mídia como uma arma da Guerra de Informação, por meio de Operações Psicológicas, de um Estado contra outro, ou para um Estado aumentar a sua influência geopolítica ou legitimar uma ação assertiva, a fim de atingir um objetivo estratégico.
Esse fenômeno tem sido potencializado pelas mídias sociais, onde os influenciadores digitais, blogueiros ou Vbloggers (video bloggers) têm um relativo poder de influenciar a opinião pública, o que tem tornado muito difícil a tarefa de saber se uma determinada informação é verídica ou não (fakenews), ainda mais somado ao fato da rápida replicação das mensagens, o que resultou no termo "infodemia", que podemos entender como um fluxo extremamente elevado de informações que se espalham em alta velocidade pela internet, e em um curto período de tempo.
Atento a isso, alguns Estados, como a China, têm sido acusados de financiar alguns influenciadores digitais com o intuito de criar um ambiente favorável a sua imagem no mundo, em que, recentemente, houve várias reportagens de mídias ocidentais denunciando a prática chinesa. Algumas dessas matérias podem ser lidas nos links: https://www.nytimes.com/interactive/2021/12/13/technology/china-propaganda-youtube-influencers.html, https://www.dw.com/en/truth-or-lies-the-expat-youtubers-praising-china/a-59620156 e https://www.bbc.com/news/world-asia-china-57780023.
Dessa forma, convém falar brevemente sobre as formas de como isso é realizado:
- Propaganda: é uma forma de persuasão em prol de um agente específico, com o intuito de criar intencionalmente no público alvo uma percepção favorável a esse agente, contribuindo para o atingimento dos objetivos estabelecidos por ele, que podem ser políticos, militares, dentre outros. Dessa forma, a propaganda pode convencer, desinformar, provocar uma determinada situação ou atingir a credibilidade e a imagem de um oponente; e
- Contrapropaganda: seria um tipo de propaganda com o objetivo de neutralizar ou anular a propaganda adversa.
É digno de nota que a Propaganda e Contrapropaganda são táticas antigas, e que tiveram muito destaque nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais, bem como no período da Guerra Fria, em que Stalin chegou a utilizar estrangeiros como Propaganda do regime comunista, como o jornalista Walter Duranty que trabalhou na ex-União Soviética como correspondente do New York Times, que mais tarde se descobriram todas as inverdades publicadas por ele. Além disso, não podemos nos esquecer dos Grupos Terroristas como o Estado Islâmico, que por meio da Propaganda conseguiu recrutar inúmeros combatentes para a sua causa.
Podemos inferir que da Propaganda e da Contrapropaganda podem surgir, intencionalmente, várias teorias conspiratórias, visando influenciar o público alvo, pois geralmente as pessoas não verificam com outras fontes a veracidade das informações.
Além dos influenciadores digitais, verifica-se também que as mídias jornalísticas estatais, ou que possuem o controle governamental, tentam exercer uma influência na opinião pública em favor do seu Estado, contribuindo para o atingimento dos objetivos estratégicos por meio da propaganda, bem como para a defesa do Estado pela contrapropaganda. Alguns exemplos dessas mídias seriam a Sputnik da Rússia, CGTN da China, VOA dos EUA e BBC do Reino Unido. Destarte, não podemos esquecer da Radio Free Europe que foi criada pelos EUA, em 1950, com o intuito de influenciar os europeus orientais sobre os males do comunismo.
Convém mencionar que as mídias jornalísticas privadas também possuem um papel relevante no tocante a Guerra de Informação podendo ser um aliado ou um opositor de um determinado Estado. É importante informar que algumas delas possuem um governo como acionista, e com isso é perceptível o discurso parcial que fazem em seus noticiários sobre um país de interesse.
Nesse sentido, a tarefa do Analista de Inteligência, na atual era digital, torna-se muito mais desafiadora do que no passado, onde ele terá que cruzar inúmeras fontes diversas em um ambiente informacional que possui um volume absurdo de informações por minuto, a fim de obter um dado com maior confiabilidade. Assim, torna-se fundamental o uso de um sistema informacional, que contenha o recurso de inteligência artificial, que o auxilie na seleção das informações de fontes ostensivas e disponíveis ao público em geral, que é conhecida como Inteligência de Fontes Abertas, ou Open Source Intelligence - OSINT em inglês.
Outro fator que dificulta a análise de inteligência é que as empresas detentoras das mídias sociais, que geralmente não realizam uma verificação das informações que trafegam em seus sites, permitem que a propaganda e a contrapropaganda transitem livremente sem uma análise da veracidade das informações, pois essas seriam as que mais impulsionam os seus negócios digitais. Porém, recentemente, após denúncias provenientes de ex-funcionários e de pressões populares contra as fakenews é que algumas dessas empresas começaram a inibir, timidamente, a desinformação.
O Blog é de opinião de que devemos estar atentos as informações disseminadas atualmente por qualquer mídia, a fim de não sermos utilizados pela Propaganda e Contrapropaganda de algum agente, bem como os serviços de inteligência devem possuir um sistema computacional, que disponha de inteligência artificial, com o intuito de contribuir com a tarefa do analista. Outrossim, tais táticas, que são antigas, têm sido fundamentais nos dias de hoje.
Qual a sua opinião? Você já percebeu alguma Propaganda e Contrapropaganda governamental por meio de alguma mídia estatal ou privada, bem como por algum influenciador digital?
Seguem alguns vídeos para ajudar em nossa análise:
Matéria de 01/04/2021:
Matéria de 23/01/2021:
Matéria de 11/07/2017:
Matéria de 18/07/2021:
Matéria de 30/05/2018:
Matéria de 27/03/2021:
Matéria de 08/07/2021:
Matéria de 08/02/2019:
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