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O problema venezuelano parte III. Ditadura escancarada.


Figura disponível em https://2017-2021.state.gov/wp-content/uploads/2020/06/venezuela_rally-e1591811476329.jpg

O Blog desde a sua criação, em 2020, vem acompanhando a situação venezuelana, sempre afirmamos que esse país é um fator de instabilidade na América do Sul, e com isso deveria ser alvo de atenção do Brasil por ser nosso vizinho, bem como por estar no Entorno Estratégico Brasileiro - EEB. Ademais, também, vínhamos afirmando que a Venezuela estava sendo governada por uma ditadura de esquerda, em que pese alguns setores no nosso país continuassem a afirmar que aquele governo era democrático.

Assim, vínhamos alertando, por meio dos nossos artigos (mais de oito) sobre a possibilidade do surgimento de crises geopolíticas na América do Sul, tendo como origem o governo de Caracas. As nossas análises sobre o assunto podem ser lidas na Seção América e Atlântico Sul, disponível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/amer-e-atl-sul.

Dessa forma, com o intuito de possibilitar uma contextualização ao leitor sobre a problemática venezuelana, sugerimos a leitura dos artigos:

Nesse cenário, em 28 de julho de 2024, ocorreu a eleição presidencial na Venezuela, em que o Conselho Eleitoral Nacional da Venezuela - CNE, responsável pela apuração eleitoral, proclamou vencedor, como esperado, o atual presidente Maduro, que controla todos os órgãos institucionais do país.

O resultado gerou uma grave crise interna, com manifestações populares sendo reprimidas com extrema violência pelo Estado, pois existem graves e óbvias irregularidades na apuração do pleito eleitoral, já que não houve transparência na apuração dos votos. É importante pontuar que o regime de Maduro, antes da eleição, ameaçava o uso da violência, caso fosse declarado perdedor.

Convém mencionar, que se faz necessária a apresentação, por parte do CNE, das atas eleitorais, o que não aconteceu dentro do prazo estipulado em lei do país, e nem existe expectativa de ocorrer.

Logo, a falta de transparência na apuração dos votos, como a inexistência de observadores independentes e de representantes da oposição, teve como consequência uma guerra de narrativas entre a oposição e o regime de Maduro, com cada um afirmando que foi o vencedor.

Assim sendo, a crise interna originou uma tensão externa (diplomática) com vários países democráticos, que começaram a demandar a apresentação das atas eleitorais, pois tais documentos comprovariam o resultado, afastando uma possível fraude eleitoral.

Cabe mencionar que, em 02 de agosto, o CNE reiterou a vitória de Maduro (51,2%), sem mostrar, novamente, as atas, o que, em nossa visão, potencializa a instabilidade interna e a crise externa.

Também como previsto, o resultado da eleição foi reconhecido por governos com viés ditatorial e anti Ocidental, como Rússia, China, Síria, Irã, Cuba e Nicarágua, conforme a figura abaixo:

Figura disponível em https://www.poder360.com.br/poder-internacional/saiba-quais-paises-nao-reconhecem-a-vitoria-de-maduro-na-venezuela/

Ainda na guerra de narrativas, o ditador Maduro afirmou que os países que cobram mais veemente a transparência eleitoral, notadamente os EUA, seriam os responsáveis por tentar planejar um golpe de Estado, junto com a oposição venezuelana, contra o seu governo.

Nesse contexto, verificamos que houve uma escalada da tensão diplomática, se transformando numa crise com a expulsão de diplomatas de vários países da Venezuela.

Logo, são esperados:

  • aplicação de sanções ao governo venezuelano;

  • um maior isolamento no cenário internacional;

  • aumento da emigração venezuelana para outros países, inclusive o Brasil;

  • maior dependência de governos ditatoriais e anti Ocidente; e

  • aumento da repressão estatal, inclusive com o apoio das milícias chavistas conhecidas por "Colectivos venezuelanos" que o leitor pode relembrar por meio do nosso artigo disponível em https://www.atitoxavier.com/post/colectivos-venezuelanos-as-milícias-chavistas, aos movimentos populares antigovernamentais.

É digno de nota que as atuais crises interna e externa não são um episódio inédito, pois no passado recente houve um evento semelhante quando da disputa pelo poder, em 2019, entre Guaidó (oposição) e Maduro, sendo a nossa afirmação reconhecida, inclusive, pelas palavras de Maduro:


"Os mesmos países que hoje questionam o processo eleitoral venezuelano, a mesma extrema direita fascista... foram os que quiseram tentar impor ao povo da Venezuela, acima da Constituição, um presidente espúrio, usando as instituições do país. [...] Uma espécie de Guaidó 2.0" (fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv2gy8wvv2po)


Entretanto, cabe pontuar que alguns governos de esquerda têm criticado fortemente o regime de Maduro, como o Chile. Ademais, outros governos de esquerda pedem a apresentação das atas eleitorais, como o Brasil, Colômbia e México.


A figura a seguir nos relembra a situação da crise diplomática em 2019:

Figura disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/01/24/nicolas-maduro-x-juan-guaido-veja-fatores-que-favorecem-cada-lado-na-disputa-pelo-poder-na-venezuela.ghtml

Portanto, em nossa análise, ficou escancarada a ditadura na Venezuela, pois tanto governos de direita quando de esquerda questionam o atual processo democrático naquele país.

Assim, acreditamos que uma Venezuela ditatorial e isolada será uma ótima oportunidade, como já estava sendo, para os países que são contra o Ocidente, representado pelos EUA e os seus aliados, a utilizarem como um meio para atingir os EUA, o que trará bastante instabilidade para a América do Sul.

Logo, a crise venezuelana é um grande desafio para o governo brasileiro, pois um insucesso em mediar/solucionar o problema poderá fragilizar a nossa liderança política na região.

O Blog é de opinião que o regime de Maduro continua sendo um fator de grande instabilidade para a América do Sul, o que poderá impactar no Brasil, inclusive minando a sua liderança regional, pois a atual disputa hegemônica entre as grandes potências - China, EUA e Rússia - trará atores extrarregionais que ocuparão, cada vez mais, a influência geopolítica brasileira em seu EEB.

Assim, as nossas análises, desde 2020, sobre a Venezuela têm sido ratificadas.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:

Matéria de 01/08/2024:

Matéria de 31/07/2024:

Matéria de 31/07/2024:

Matéria de 02/08/2024:

Matéria de 01/08/2024:


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