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O novo governo boliviano e o retorno do socialismo - indicador de tendência para a América do Sul?


Figura disponível em: https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/attachments/maps/BL-map.jpg

A Bolívia depois de um período interno turbulento e de instabilidade política, que se iniciou com a renúncia de Evo Morales (novembro de 2019) até a realização de novas eleições em outubro deste ano, elegeu democraticamente, e sem indícios de fraudes eleitorais, seu novo presidente Luis Arce, que foi Ministro da Economia no governo de Morales.

Arce é de esquerda, sendo o seu partido Movimento ao Socialismo (MAS), e venceu o candidato de centro-direita Carlos Mesa, que reconheceu a derrota. Durante a sua campanha presidencial, alegou que Evo Morales não tomaria parte em seu governo, e que continuaria sendo, somente, o presidente do seu partido. Convém mencionar, que mesmo no exílio Morales era o presidente do MAS, e que após a vitória de Arce retornou imediatamente à Bolívia.

A saída de Morales do governo coincidiu com o crescimento do movimento de direita no nosso continente. Dessa forma, vimos mudanças de governo, da esquerda para a direita, como: ex-governo de Macri na Argentina (terminou no final de 2019), governo de Sebastián Piñera no Chile, governo de Jair Bolsonaro no Brasil, o ex-governo provisório na Bolívia (terminou em novembro de 2020), dentre outros. Tais mudanças foram o resultado da frustração das populações sul-americanas com os seus governos de esquerda que realizaram gestões populistas e com alto grau de corrupção, causando um grande descontentamento e desencanto com os discursos socialistas, ocasionando uma polarização política e ideológica em vários países.

Figura disponível em: https://cdn.cfr.org/sites/default/files/styles/large_s/public/image/2019/12/heads-of-state.png

Porém, a onda de direita começa a sinalizar uma perda do fôlego entre os nossos países vizinhos, conforme podemos observar pelas vitórias do atual presidente Argentino, Alberto Fernández no final de 2019, e que acolheu Evo Morales como exilado, e de Luis Arce na Bolívia. Ademais, não podemos esquecer os problemas internos enfrentados por Sebastián Piñera no Chile. Tais fatos podem ser indicadores de uma tendência do retorno da esquerda ao poder na América do Sul.

É digno de nota que a derrota de Donald Trump, que era a referência para o movimento conservador, para os democratas contribui para um possível arrefecimento político dos partidos de direita sul-americanos.

No cenário de retorno da esquerda ao poder em países do nosso continente, é esperado que haja uma maior aproximação dos governos chinês e iraniano, e quiçá russo, como já está ocorrendo com a Venezuela e a Argentina, e agora possivelmente com a Bolívia em que o ministro do exterior iraniano, Mohammad Javad Zarif, esteve dialogando com Arce sobre acordos de interesse mútuo. O Blog já tinha realizado essa análise em seus artigos: "Seção Inteligência: o serviço de inteligência iraniano, e possíveis interesses iranianos no Brasil", e "China e as Américas Central e do Sul: preocupação para os EUA", acessíveis respectivamente em: https://www.atitoxavier.com/post/seção-inteligência-o-serviço-de-inteligência-iraniano-e-possíveis-interesses-iranianos e https://www.atitoxavier.com/post/china-e-as-américas-central-e-do-sul-preocupação-para-os-eua .

O Blog é de opinião que a vitória da esquerda na Bolívia é um indicador que deve ser acompanhado. Outrossim, um possível retorno da esquerda ao poder nos nossos países vizinhos pode colocar o Brasil em uma posição de isolamento político regional, e isso deve ser alvo de atenção da nossa diplomacia. Além do mais, é esperado que esse novo movimento de esquerda possa ter uma certa influência nas eleições de 2022 no nosso país. Porém, percebemos que no Brasil a sociedade demonstra sinais de desgaste com a polarização política, e que um caminho mais ao centro talvez seja o preferido.

Cabe a nós observarmos se continuaremos tendo no cenário regional uma polarização entre o radicalismo de esquerda e de direita, ou se haverá uma tendência de vermos o fortalecimento de partidos de centro, sejam conservadores ou progressistas.

Qual a sua opinião sobre o assunto?

Seguem alguns vídeos para auxiliar nas análises:

Matéria de 23/05/2017:

Matéria de 17/12/2019:

Matéria de 23/11/2020:

Matéria de 09/11/2020:

Matéria de 11/11/2020:

Matéria de 18/11/2020:

Matéria de 10/11/2020:

Matéria de 22/10/2020:

Matéria de 24/10/2020:

Matéria de 09/11/2020:


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