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O Golpe de Estado em Myanmar e suas implicações no cenário internacional: desafio e oportunidade.


Figura disponível em: https://monitor.icef.com/wp-content/uploads/2015/11/Myanmar-Map.jpg

No dia 01 de fevereiro o mundo assistiu ao Golpe de Estado realizado em Myanmar por suas forças armadas contra o governo empossado democraticamente. Tal evento consternou o mundo ocidental, bem como causou preocupação ao governo chinês que possuía uma boa relação com o governo deposto.

A Junta Militar ordenou a prisão do Presidente e de várias lideranças e autoridades do país, bem como o fechamento das redes de televisão, exceto a controlada pelos militares, além de bloquear o acesso ao Facebook, com o intuito de mitigar possíveis articulações contra a deposição do governo. Foi decretado um estado de emergência que deverá durar por um ano até as novas eleições.

A principal causa alegada pelos militares foi que as eleições realizadas em novembro de 2020 foram fraudulentas, o que, até o momento, é uma inverdade, pois foram acompanhadas por órgãos independentes e o resultado foi considerado correto e legítimo.

Convém mencionar que o país vinha tentando sair de um regime antidemocrático que chocou a comunidade internacional com destaque para a perseguição estatal ao grupo étnico rohingya, notadamente nos anos de 2016 e 2017, que professa a religião islâmica. Durante a 'limpeza étnica" foram assassinadas várias pessoas desse grupo, bem como foram cometidos estupros contra as mulheres rohingya, havendo uma grande migração para Bangladesh visando fugir da atrocidade sofrida. Sendo assim, o medo do retorno da perseguição ficou latente em parte da população.

Nesse cenário de transição de poder, destacou-se Aung San Suu Kyi, até o Golpe era a Conselheira de Estado, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1991 por sua oposição contra a ditadura militar no país que perdurou de 1962 a 2011, tendo início uma mudança gradual para um regime democrático. Ademais, se tornou a líder do partido Liga Nacional para a Democracia (LND), que conquistou cerca de 83% das cadeiras do parlamento, resultando numa vitória esmagadora contra o partido apoiado pelos militares. Ela era considerada por sua população e por vários governos como a verdadeira Chefe de Estado, por isso foi uma das primeiras pessoas a serem presas. Entretanto, antes de ser capturada, conseguiu emitir um comunicado a população pelo Facebook concitando a todos cidadãos do país a realizarem uma resistência pacífica.

A China, no passado, teve algumas crises com o governo ditatorial de Myanmar, mas nos últimos anos vinha tendo boas relações com o governo democrático, inclusive realizando grandes investimentos no país e o inserindo em seu projeto Belt and Road Iniciative. Dessa forma, se tornou o principal parceiro comercial.

Nesse sentido, o melhor para o governo chinês continuar realizando negócios é um governo com estabilidade. O Golpe de Estado traz incertezas a Pequim, ainda mais devido aos militares de Myanmar verem a China com desconfiança.

Na figura abaixo podemos ver as perspectivas econômicas entre a China e Myanmar:


Figura disponível em: https://www.vifindia.org/sites/default/files/Untitled-1.png

Para o mundo ocidental, e em especial para os EUA, a deposição de um governo democrático, traz o desafio de como lidar com a situação, ainda mais quando a China tem interesses envolvidos e deseja continuar influenciando geopoliticamente em Myanmar.

Convém mencionar que, atualmente, possíveis sanções econômicas por parte dos EUA e de seus aliados não terão muito resultado em relação a Junta Militar, devido a parceria do país com o governo chinês, bem como não haver muitas empresas estadunidenses operando no país.

Uma observação que devemos fazer ao olharmos o mapa é que Myanmar funciona como um Estado tampão entre a China e a Índia, com isso o novo governo reveste-se de um desafio para Nova Déli, pois é provável que seguirá a política a ser adotada por Washington, diferentemente de Pequim que tentará se acomodar a nova situação. Sendo assim, como a China e a Índia possuem uma disputa geopolítica, uma possível influência sobre o governo de Naipidau torna-se relevante.

Nesse cenário, quando o tema foi discutido no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China se opôs a qualquer medida contra Myanmar alegando que o país deve resolver seus problemas internos. Dessa forma, nenhuma medida prosperou em relação ao Golpe de Estado, demonstrando a vontade chinesa de ser o protagonista nesse imbróglio e tentando mostrar boa vontade com o atual regime.

O Blog é de opinião que apesar do Golpe Militar em Myanmar ser um desafio aos EUA, que são considerados os defensores da democracia, é ao mesmo tempo uma oportunidade para a China aumentar a sua influência geopolítica na região asiática. No tocante a Índia acreditamos que ficará de expectadora até que se tenha um cenário claro do que acontecerá.

Outrossim, cabe uma reflexão de que nem sempre as sanções econômicas ocidentais funcionam para depor governos autoritários quando o país alvo possui parceiros comerciais relevantes, notadamente a China, onde um exemplo é o caso venezuelano. Com isso, como a China vem se tornando o principal parceiro comercial de muitos países, ela vem ganhando destaque geopolítico, devido a sua força econômica, como o principal ator na solução de tensões, onde podemos mencionar a Coreia do Norte, e agora Myanmar.

Resta-nos acompanhar como os EUA reagirão a esse desafio, bem como a China aproveitará a oportunidade.

Qual a sua opinião sobre o tema?

Seguem alguns vídeos para auxiliar em nossas análises:

Matéria de 02/02/2021:

Matéria de 30/01/2021:

Matéria de 01/02/2021:

Matéria de 01/02/2021:

Matéria de 02/02/2021:

Matéria de 02/02/2021:

Matéria de 02/02/2021:

Matéria de 03/02/2021:

Matéria de 03/02/2021:

Matéria de 04/02/2021:

Matéria de 04/02/2021:

Matéria de 05/02/2021:

Matéria de 05/02/2021:

Matéria de 05/02/2021:

Matéria de 18/01/2020:

Matéria de 17/03/2015:


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