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O aumento da tensão entre Israel e Irã: possível ataque, pelos EUA, ao programa nuclear iraniano?


Figura disponível em: https://m.dw.com/image/51594839_7.png

As hostilidades entre Israel e o Irã começaram a se acirrar desde que Mohammad Reza Pahlavi, o último Xá do Irã, foi deposto em 1979 do poder após várias manifestações que foram articuladas pelo aiatolá Ruhollah Khomeiny, que se encontrava exilado na França, e que ficaram conhecidas como Revolução Islâmica.

Convém mencionar, que após a Segunda Guerra do Golfo (2003) os olhos do ocidente se voltaram para o programa nuclear iraniano, que na época dominava o ciclo de enriquecimento do combustível nuclear. Nesse ano a Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA descobriu urânio enriquecido numa instalação nuclear iraniana, o que despertou a desconfiança no cenário internacional de que o governo de Teerã estaria desenvolvendo um programa ilegal de armamento nuclear, apesar das negativas iranianas de que o seu programa nuclear era para fins pacíficos.

Porém, as tensões entre Teerã e Tel Aviv começaram a ficar mais graves por ocasião do governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em que governou o Irã no período de 2005 a 2013, cuja política ultraconservadora e desafiadora ao ocidente gerou vários desgastes políticos, ainda mais com as várias declarações polêmicas, como a que o Estado israelense deveria ser varrido do mapa. Além disso, informou que iria ampliar o seu programa nuclear, o que deu início a várias sanções econômicas mais severas contra o Irã.

É digno de nota que caso o Irã conseguisse ter armamento nuclear iria desestabilizar totalmente a geopolítica do Oriente Médio, pois obrigaria a Arábia Saudita adquirir artefatos nucleares, conforme analisamos no Blog, no artigo "Guerra fria muçulmana: Arábia Saudita x Irã", acessível em: https://www.atitoxavier.com/post/guerra-fria-muçulmana-arábia-saudita-x-irã , bem como seria uma ameaça direta e grave a Israel.

Outrossim, o governo de Tel Aviv manifestou em várias ocasiões que nunca permitiria que o Irã desenvolvesse ou tivesse armamentos nucleares. Tal determinação israelense ensejou a realização de várias operações de inteligência, especiais, cibernéticas e clandestinas, de ambas as partes, visando evitar o desenvolvimento nuclear iraniano, bem como o de proteger o programa. Dessa forma, ficaram famosos vários assassinatos de cientistas iranianos, bem como o vírus Stuxnet que afetou a operação das ultracentrífugas do programa nuclear do governo de Teerã.

Com o advento da Guerra da Síria as relações entre esses Estados chegaram ao nível mais baixo, pois o Irã aproveita a oportunidade para instalar bases militares em território sírio, o que aumentaria o grau de ameaça a Israel e aos EUA operando no Mediterrâneo, conforme analisado pelo Blog no artigo"O Arco Xiita, desejo geopolítico do Irã, e os impactos no Oriente Médio", acessível em: https://www.atitoxavier.com/post/o-arco-xiita-desejo-geopolítico-do-irã-e-os-impactos-no-oriente-médio , tendo como consequência a realização de ataques israelenses às instalações iranianas na Síria.

Os EUA, durante a gestão de Donald Trump, retirou o país do acordo que havia sido firmado com o Irã no governo de Barack Obama, e aumentou as sanções contra Teerã, que por sua vez incrementou o grau de enriquecimento do combustível nuclear em retaliação a decisão estadunidense.

Neste ano ocorreram alguns assassinatos relevantes, como:

  • General Qasem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, foi assassinado no Iraque por um ataque aéreo estadunidnese;

  • Mohsen Fakhrizadeh, que era o cientista mentor do programa nuclear iraniano, foi morto nas proximidades de Teerã, possivelmente por agentes israelenses;

  • Muslim Shahdan, que era um comandante importante da Guarda Revolucionária Iraniana, foi morto dias após a morte de Fakhrizadeh, nas proximidades da fronteira entre a Síria e o Iraque, em que suspeita-se que foi um ataque aéreo israelense;

  • Abu Muhammad al-Masri, que era o número dois da Al-Qaeda e um dos planejadores dos ataques terroristas as embaixadas dos EUA na África em 1998, foi assassinado em Teerã, possivelmente por agentes israelenses.

Os assassinatos em solo iraniano demonstraram uma fragilidade dos serviços de inteligência e de segurança do Irã, e aprofundou ainda mais a tensão entre Israel e o Irã. Neste cenário, o governo iraniano jurou vingança de todos esses atos contra Israel e os EUA.

Um dado relevante, que é interessante relembrar, é que o governo israelense tem estabelecido acordos de normalização com vários países muçulmanos (sunitas) que veem o Irã como uma ameaça, com isso alianças estão sendo firmadas. O Blog fez algumas análises sobre esse tema, e que constam na nossa seção sobre o Oriente Médio.

Fontes revelam que existe uma intenção de Donald Trump em realizar um ataque ao principal local de enriquecimento nuclear iraniano, que fica em Natanz, e que, em agosto de 2020, sofreu um incêndio que foi avaliado como sabotagem cibernética.

Figura disponível em: https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/75B4/production/_113223103_map_natanz_v2_640-nc.png

A revelação da aludida intenção do governo estadunidense teve a resposta iraniana que caso aconteça haverá uma reação violenta por parte do Irã. Convém informar que existe a promessa de Biden, candidato eleito nos EUA, em rever as sanções aplicadas por Trump contra o Irã, bem como voltar a negociar o programa nuclear iraniano novamente.

O Blog é de opinião que a tensão entre Israel e o Irã está num nível alarmante e que qualquer atitude mais agressiva poderá desencadear um conflito militar com consequências muito graves para a região. Além disso, achamos que é baixa a probabilidade de que ocorra um ataque aéreo estadunidense à central nuclear iraniana sem dados fidedignos sobre o nível do enriquecimento do combustível nuclear iraniano, mas o período final do governo de Donald Trump está sendo imprevisível.

Qual a sua opinião? Você acha que os EUA atacarão a instalação nuclear iraniana? O conflito entre Israel e o Irã é inevitável?

Seguem alguns vídeos para as nossas análises:

Matéria de 06/12/2020:

Matéria de 07/12/2020:

Matéria de 27/11/2020:

Matéria de 28/11/2020:

Matéria de 27/11/2020:

Matéria de 01/12/2020:

Matéria de 20/11/2020 :

Matéria de 04/12/2020:

Matéria de 01/12/2020:

Matéria de 15/11/2020:

Matéria de 04/12/2020:

Matéria de 20/11/2020:


2 Comments


Excelente comentário. Também acho que a probabilidade de ataque é baixa, pois não seria bom para ninguém. Somente um fato ou informação muito concreta é que poderia ensejar um ato desse. Porém, a região está um verdadeiro barril de pólvora e qualquer erro mal calculado de uma das partes poderá iniciar uma reação que talvez não se tenha controle. Abraço

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lourdesfrancisco58
Dec 12, 2020

Não haverá ataque ao Iran, existe investimentos e muito capital dos judeus no Iran, inclusive muitos judeus moram lá.

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