A Armênia e o Azerbaijão têm tido várias tensões políticas e crises militares desde o século XX, e que ocasionaram conflitos entre eles, principalmente devido a disputa pela região de Nagorno-Karabakh.
Em setembro de 2020 esses países entraram em conflito, por cerca de seis semanas, o que foi acompanhado e analisado pelo Blog em cinco artigos, e que recomendamos a releitura:
- Conflito armado entre Armênia e Azerbaijão: nova disputa geopolítica entre Turquia e Rússia, de 27 de setembro de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/conflito-armado-entre-armênia-e-azerbaijão-nova-disputa-geopolítica-entre-turquia-e-rússia;
- A intensificação do conflito entre Armênia e Azerbaijão: fator Turquia. Qual será o movimento russo?, de 30 de setembro de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-intensificação-do-conflito-entre-armênia-e-azerbaijão-fator-turquia-qual-será-o-movimento-russo ;
- Conflito entre Armênia e Azerbaijão: a consolidação turca, e as relações de Israel com o Azerbaijão, de 08 de outubro de 2020, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/conflito-entre-armênia-e-azerbaijão-a-consolidação-turca-e-as-relações-de-israel-com-o-azerbaijão ;
- Tensão entre Irã e Azerbaijão: reflexos do conflito armênio-azeri, de 08 de outubro de 2021, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/tensão-entre-irã-e-azerbaijão-reflexos-do-conflito-armênio-azeri ;
- Conflito entre Armênia e Azerbaijão: vencedores e o perdedor. Será o fim da disputa?, de 12 de novembro de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/conflito-entre-armênia-e-azerbaijão-vencedores-e-o-perdedor-será-o-fim-da-disputa, no qual afirmamos que o acordo de paz não resolveria totalmente as diferenças entre a Armênia e o Azerbaijão, e nem a questão do estado separatista de Nagorno-Karabakh. O ódio entre as populações azeri e armênia, que ficou potencializado pelas cláusulas desse acordo, faz com que seja mais capítulo dessa história conflituosa, e que no futuro poderá haver um novo embate.
Nesse sentido, em 13 de setembro deste ano, aconteceram combates entre as forças armênias e azeris, originando uma nova crise militar, em que, a princípio, foram mortos cerca de 100 armênios e 50 azeris, sendo o maior confronto desde o fim do conflito de 2020. Além disso, vários civis armênios tiveram que abandonar as suas casas.
Entretanto, diferentemente do último conflito em que os combates estavam diretamente relacionados com a disputa de Nagorno-Karabakh, dessa vez a artilharia azeri atacou diferentes cidades no território armênio, como Goris e Sotk, onde foram empregados, também, drones.
A figura abaixo nos mostra as localidades atingidas:
Outrossim, tanto o governo de Baku quanto o de Yerevan acusam o outro de ser o agressor, mostrando mais uma vez a ocorrência da Guerra de Informações.
Logo após o início dos ataques do Azerbaijão, o governo armênio solicitou apoio da Rússia, seu principal aliado e que possui tropas, como força de paz, na região disputada de 2020, fazendo alusão a uma cláusula de apoio mútuo, em caso de ataque estrangeiro, constante da Organização do Tratado de Segurança Coletiva conhecida como Collective Security Treaty Organization - CSTO. Houve uma reunião dessa aliança no dia 15 de setembro para tratar do assunto.
Convém mencionar que o ataque azeri acontece durante o revés russo no conflito da Ucrânia, em que o governo de Moscou está sob grande pressão interna e externa, ou seja, aproveitou-se a oportunidade de que o foco russo está voltado para a sua parte ocidental.
Dessa forma, não seria interessante e oportuno para Putin se envolver em outra frente nesse momento, Ásia Central. Ademais, a entrada da Rússia nesse novo conflito ao lado da Armênia poderia trazer a Turquia em apoio ao Azerbaijão, bem como ser uma outra oportunidade para o Ocidente desgastar ainda mais o seu governo.
É digno de nota que um novo conflito de alta intensidade entre armênios e azeris poderá impactar no fornecimento de gás dessa região para a Europa Ocidental, potencializando a problemática da energia as vésperas do inverno europeu, o que seria vantajoso para a Rússia.
É interessante pontuar que a União Europeia - UE, por meio da sua presidente Ursula von der Leyen, assinou um acordo com o Azerbaijão, em julho deste ano, para fornecer, anualmente à UE, 20 bilhões de metros cúbicos de gás até 2027, visando ter uma alternativa ao gás russo, conforme o pronunciamento de Ursula:
"Today, with this new Memorandum of Understanding, we are opening a new chapter in our energy cooperation with Azerbaijan, a key partner in our efforts to move away from Russian fossil fuels" (fonte: https://www.euronews.com/my-europe/2022/07/18/von-der-leyen-heads-to-azerbaijan-to-secure-new-gas-import-deal)
A seguir veremos os gasodutos que partem do Azerbaijão em direção à Europa, via Turquia, o que nos ajuda a compreender a importância estratégica dessa região, o que pode ser melhor entendido pela leitura do nosso artigo "A importância geopolítica do Mar Cáspio no cenário internacional: disputa por recursos naturais", de 03 de outubro de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-importância-geopolítica-do-mar-cáspio-no-cenário-internacional-disputa-por-recursos-naturais:
O Blog é de opinião que o ataque azeri, aproveitando a oportunidade da Rússia estar sob forte pressão devido ao conflito da Ucrânia, bem como a Armênia estar enfraquecida em virtude da sua derrota no conflito de 2020, tem como objetivo forçar o governo de Yerevan a negociar as questões fronteiriças com o Azerbaijão em posição desfavorável.
Ademais, essa nova crise militar coloca mais pressão sobre o governo de Putin, e que uma possível resposta da Rússia é incerta e perigosa.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 13/09/2022:
Matéria de 15/09/2022:
Matéria de 15/09/2022:
Matéria de 17/09/2022:
Matéria de 14/09/2022:
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