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Líbia: palco de interesses geopolíticos. II parte


Figura disponível em: https://issafrica.s3.amazonaws.com/site/images/banners/2019-10-08-iss-today-drone-wars-banner.jpg

O conflito na Líbia foi abordado na postagem Líbia: palco de interesses geopolíticos, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/líbia-palco-de-interesses-geopolíticos , mas decidimos continuar abordando o tema devido a particularidade de como está sendo travado essa guerra, pois pode sinalizar uma tendência e que achamos que deve ser estudada.

Nesse sentido, o que vem diferenciando esse conflito é o uso acentuado de drones, mercenários e táticas de desinformação por ambas as partes.

Apesar dos dois lados estarem sendo apoiados por governos estrangeiros, não se observou até agora o uso de tropas regulares por parte dos apoiadores, ao invés disso, verificamos o emprego de grupos mercenários, como o Wagner Group que já mencionamos no blog e que apoia o Libyan National Army - LNA, mas também de mercenários treinados pela Turquia, durante o conflito na Síria, e que foram enviados por esse país para lutar ao lado do governo reconhecido pela ONU, o Government of National Accord - GNA.

O LNA além dos mercenários do Wagner Group, tem sido apoiado por mercenários do Sudão e de empresas privadas de segurança contratadas pelos Emirados Árabes Unidos.

O Blog tem observado o uso cada vez mais constante de grupos mercenários para o atingimento de objetivos geopolíticos de alguns Estados, o que retira as acusações formais e legais sobre esses governos, bem como não coloca em risco físico e moral as suas tropas, refletindo assim uma moderna guerra por procuração (proxy war), além de podermos considerar uma vertente da ” Guerra Híbrida”. Vários exemplos podem ser verificados, como anexação da Criméia pela Rússia, conflito na região de Donbass entre Ucrânia e Rússia, guerra da Síria com a Rússia e o Irã enviando mercenários, agora na Líbia.

Em relação ao uso de drones, somente a Turquia e os Emirados Árabes, somados, realizaram mais de 1.000 ataques em apoio as partes envolvidas, e que ensejou um comentário de um enviado da ONU a Líbia em que afirma que esse conflito é a maior guerra de drones do mundo até o momento. Convém mencionar que o uso de drones tem um custo financeiro bem menor do que as aeronaves tripuladas, além de não expor a riscos os seus pilotos. 

E por fim, verificamos que a guerra de desinformação também tem sido usada fortemente pelos lados antagônicos nesse conflito, por meio de campanhas de mídias sociais que são realizadas pelos Estados interessados nesse conflito, principalmente Rússia, Arábia Saudita, Egito e os Emirados Árabes.

Sendo assim, no nosso entender a Líbia além das disputas geopolíticas citadas na postagem anterior sobre esse assunto, também está sendo um laboratório para a nova guerra por procuração, que está se distinguindo como uma guerra altamente tecnológica (drones), com emprego de mercenários, num ambiente de campanhas de desinformação por meio de mídias sociais, e com menor custo financeiro para os Estados que a utiliza. 

Nesse contexto, concitamos a todos a acompanharem esse conflito, bem como estarmos atentos para essa nova modalidade de guerra por procuração.

Seguem alguns vídeos para aprofundarmos as nossas análises e percepções:








O vídeo a seguir é da rede Al Arabiya que é um canal de notícias saudita:




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