O Blog desde a sua criação, em 2020, vem realizando análises sobre o Oriente Médio por meio dos seus artigos que podem ser lidos na Seção específica sobre essa região, disponível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/ori-m%C3%A9dio.
Nesse sentido, dissemos que o Hezbollah era considerado um ator relevante, pois possui condições de impactar na estabilidade de todo Oriente Médio, conforme analisamos em vários artigos, dos quais destacamos:
"Hezbollah e sua importância geopolítica no Oriente Médio", de 16 de julho de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/hezbollah-e-sua-importância-geopolítica-no-oriente-médio, dissemos, dentre várias análises, que o Hezbollah era o principal ator não estatal da região e, em virtude da sua importância estratégica tanto para o Irã quanto para o Líbano, possuía uma grande relevância na geopolítica do Oriente Médio. Ademais, era considerado por vários analistas como um dos grupos não governamentais mais poderosos no cenário internacional, e com isso deveria ser uma questão a ser sempre considerada com atenção em qualquer análise sobre o Oriente Médio; e
"A recente crise militar entre Israel e Hezbollah: possíveis impactos para o Líbano", de 22 de setembro de 2024, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-recente-crise-militar-entre-israel-e-hezbollah-possíveis-impactos-para-o-líbano, em que afirmamos, dentre várias conclusões, que continuaria o ciclo de violência entre os envolvidos, com suas as demonstrações de força para os seus públicos interno e externo, e que em futuro próximo ambas as partes declarariam que atingiram os seus objetivos: o governo israelense afirmaria que conseguiu restabelecer a segurança para a população da região norte, e como o acordo de cessar fogo com o Hamas estaria próximo, o Hezbollah afirmaria que conseguiu pressionar Israel para isso. Além disso, dissemos que, infelizmente, o Líbano continuaria sofrendo as consequências do embate entre as partes envolvidas na crise, pois não possui meios para controlar o Hezbollah, e que ao mesmo tempo depende dele como dissuasão contra Israel. Ademais, também, falamos que considerávamos muita baixa a probabilidade de ocorrer uma invasão terrestre israelense, em virtude dos motivos que apresentamos no artigo.
Entretanto, o cenário mudou completamente com a Guerra Total (generalizada, envolve todo o poder nacional do Estado) deflagrada por Israel contra o Hezbollah, como a realizada contra o Hamas na Faixa de Gaza. A diferença é que o Líbano, que é um Estado soberano, está sendo fortemente atacado.
Neste contexto, o governo israelense logrou êxito em eliminar a quase totalidade da liderança do Hezbollah, iniciando com o estratagema de neutralizar e eliminar um grande número de combatentes e líderes do grupo inimigo, por meio de um artifício proibido pelo Direito Internacional - o uso de artefatos explosivos que pareçam meios inofensivos, no caso foi a explosão de pagers e walkie-talkies. Isso demonstrou que tal estratagema, que dependeu muito dos serviços de inteligência de Israel, já havia sido planejado há bastante tempo.
Dessa forma, com o Comando e Controle do Hezbollah extremamente abalado, o que dificulta a coordenação da sua estrutura militar, o governo israelense aproveitou a oportunidade e continuou atacando fortemente, por meio da sua força aérea (ataques de bombas e mísseis), da sua artilharia terrestre e dos seus navios (mísseis lançados do mar), o poder militar inimigo em todo território libanês, notadamente os locais de armazenamento de munição (mísseis etc).
Alguns analistas, inclusive da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), alegam que os israelenses conseguiram destruir cerca de 30% do arsenal de mísseis e foguetes do Hezbollah (cerca de 150.000), perfazendo um total destruído de 50.000 mísseis e foguetes. Sugerimos a leitura do artigo constante no site G1, acessível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/09/21/150-mil-misseis-e-foguetes-conheca-o-arsenal-do-hezbollah.ghtml.
Em nossa percepção, enquanto o Hezbollah não organizar o seu Comando e Controle, Israel manterá a iniciativa das ações, e com isso continuará a explorar a ofensiva, bem como a atual vulnerabilidade do oponente.
Assim sendo, Israel fez com que o seu ciclo OODA (processo de decisão) girasse mais rápido que o do seu oponente, fazendo com que o Hezbollah seja reativo e não proativo.
Ainda não se sabe quem assumirá a liderança do Hezbollah, que era exercida há muito tempo por Hassan Nasrallah, sendo praticamente a identidade do grupo, o que pelo seu perfil, dava certa previsibilidade nas ações.
Logo, o perfil do próximo líder do Hezbollah é uma incógnita. Em que pese o impacto sofrido, o grupo ainda possuiria um poder de destruição considerável, o que, dentro das várias possibilidades, o novo líder poderia levar à uma retaliação insana contra Israel, tragando a região para um conflito generalizado.
Ademais, para que Israel possa garantir, de forma mais efetiva, uma segurança mais duradoura ao seu território, seria importante que realizasse uma invasão terrestre ao sul do Líbano para empurrar o Hezbollah para o norte, criando assim, uma zona tampão, o que era o objetivo da zona desmilitarizada (sem a presença do Hezbollah) proposta pela Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas para resolver a Guerra do Líbano de 2006 por meio da UNIFIL, que pode ser acessada em http://unscr.com/en/resolutions/doc/1701.
Em nossa visão, uma invasão terrestre ao Líbano teria consequências imprevisíveis. Portanto, consideramos baixa, ainda, a possibilidade de uma invasão terrestre israelense ao Líbano, em que pese isso estar sendo analisado pelo governo de Israel. Assim, podemos concluir que tudo é possível.
Com o Hezbollah fragilizado, o Líbano ficará a mercê de incursões de grupos terroristas sírios, que tentavam adentrar no território libanês, mas eram impedidos por aquele grupo, conforme mencionamos no artigo "Hezbollah e sua importância geopolítica no Oriente Médio".
Nesse diapasão, a única coisa certa é que o cenário ficará cada vez mais caótico naquela região, o que nos faz afirmar que, agora, não sabemos inferir o que acontecerá, pois existem muitas questões abertas e que precisam ser respondidas, como: "qual será o papel do Irã?"; "Israel invadirá o Líbano?"; "qual será a reação do mundo muçulmano?"; "aumentarão os ataques de grupos terroristas aos países ocidentais que apoiam Israel?"; "qual será o papel dos EUA e o impacto nas eleições presidenciais?"; "China e Rússia aproveitarão a oportunidade para atingir algum objetivo geopolítico?"etc.
Como não nenhum ator, regional e extrarregional, pode controlar todas as variáveis desse cenário, estamos diante de um problema complexo, em que é recomendado a realização de um Jogo de Guerra para nos mostrar os possíveis desdobramentos futuros.
Portanto, o governo brasileiro deve acompanhar com atenção o desenrolar dos acontecimentos, pois temos uma grande comunidade brasileira no Líbano, bem como possuímos no nosso território a maior comunidade de libaneses do mundo. Ademais, conforme analisamos no nosso artigo "Possível ação do Hezbollah no Brasil e os seus impactos", 10 de novembro de 2023, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/possível-ação-do-hezbollah-no-brasil-e-os-seus-impactos, existem interesses e atuações deste grupo no Brasil.
O Blog é de opinião que assim como a Rússia abriu a sua caixa de pandora na Guerra da Ucrânia, conforme abordamos no artigo "Conflito da Ucrânia e a Nova Desordem Mundial - Caixa de Pandora da atualidade", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/conflito-da-ucrânia-e-a-nova-desordem-mundial-caixa-de-pandora-da-atualidade, Israel abriu a sua caixa na Guerra Total contra o Hezbollah. Infelizmente, os civis, de ambos os lados, serão mais uma vez os mais atingidos.
Portanto, isso confirma o que sempre temos dito, que vivemos num MUNDO MAIS IMPREVISÍVEL E MENOS SEGURO.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para nos auxiliar em nossa análise:
Matéria de 28/09/2024:
Matéria de 28/09/2024:
Matéria de 28/09/2024:
Matéria de 28/09/2024:
Matéria de 28/09/2024:
Matéria de 28/09/2024:
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