Com o acordo entre a Grécia e o Egito sobre o estabelecimento de limites entre as suas respectivas Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE), houve uma escalada da tensão entre os governos greco e turco. O Blog já havia previsto isso em sua postagem: Grécia e Turquia: relação tensa, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/grécia-e-turquia-relação-tensa .
No entendimento da Turquia o acordo mencionado acima é uma clara provocação aos seus interesses, pois havia uma discussão em Berlim sobre os limites das ZEE turca e grega que foi motivado pelo acordo entre os governos líbio e turco, em 2019. Tanto o governo turco quanto o grego alegam estarem corretos, de acordo com suas diferentes interpretações à luz do Direito Internacional.
Sendo assim, a Turquia se retirou das conversações, e enviou um navio de pesquisa sísmica Oruc Reis, com dois navios auxiliares, para conduzir uma exploração para perfuração na área marítima compreendida entre a ilha de Creta e o Chipre. Para tanto, o navio turco foi escoltado por 5 navios de guerra desse país.
Por outro lado a Grécia solicitou uma reunião emergencial com o setor das relações exteriores da União Européia para discutir a questão, e determinou que meios navais e aeronaves se dirigissem para a região, visando acompanhar o Oruc Reis e evitar violações à sua soberania, resultando numa pequena colisão entre as fragatas Limnos (grega) e Kemal Reis (turca).
Após esse episódio, o governo turco ameaçou a Grécia informando que não será tolerada outra tentativa de "agressão"ao navio de pesquisa sísmico.
Convém mencionar o envolvimento francês em apoio ao aliado grego, onde anunciou que reforçará a sua presença naval na área em disputa, e realizou exercícios navais com a Grécia, o que foi condenado de forma veemente pelo governo de Ankara.
Essa escalada da tensão entre a Turquia e Grécia, que poderia ter ocasionado um pequeno conflito, fez com que a Primeira-Ministra alemã Angela Merkel tomasse a iniciativa de concitar e mediar uma nova rodada de negociações entre os governos litigantes, e que fazem parte da OTAN.
É digno de nota que a Grécia juntamente com Israel, Egito, Líbano e o Chipre (parte grega) estavam estabelecendo uma possível parceria econômica de exploração das reservas de petróleo e gás da região, sem a participação turca.
Nesse cenário, o Blog é de opinião que o movimento turco foi uma "manobra" geopolítica ousada e arriscada, pois poderia resultar em um conflito de pequena intensidade, visando renegociar os limites das ZEE, e não ser excluído de possíveis acordos de exploração econômica de petróleo e gás na região. Ademais, o acordo de ZEE entre os governos grego e egípcio foi um troco geopolítico da Grécia à Turquia em relação ao seu acordo de ZEE com a Líbia. Outrossim, ratificamos a nossa conclusão na postagem: Grécia e Turquia: relação tensa, onde afirmamos que haveria um incremento da militarização na região com o aumento de ações intimidatórias entre as marinhas grega e turca, onde qualquer erro de uma das partes poderá levar a um conflito de baixa intensidade, bem como haverá uma degradação da relação turca com a Europa Ocidental e com os EUA. Além disso, a postura turca está de acordo com que o Blog escreveu em: Ascensão turca: chega de ceder, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/ascensão-turca-chega-de-ceder , e devido a isso boa parte dos países ocidentais está mais simpática a causa grega.
Qual a sua opinião? Haverá conflito entre esses países?
Seguem alguns vídeos para as nossas análises (em alguns vídeos legendas podem ser inseridas):
Os dois vídeos a seguir mostram a versão turca:
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