Apesar da Grécia e da Turquia serem vizinhos e membros da OTAN e de participarem juntos na UNIFIL, os países possuem relações marcadas por momentos de hostilidade desde a independência grega do Império Otomano em 1832, tendo como consequência a ocorrência de conflitos entre ambos, sendo o último a crise do Chipre, onde a ilha ficou dividia, sendo o Norte apoiado pela Turquia, e o Sul apoiado pela Grécia.
Todas essas crises incrementaram a rivalidade entre os dois governos, e que atualmente estão em uma séria crise diplomática pelos seguintes motivos:
acordo da Turquia com a Líbia sobre o estabelecimento dos limites de suas Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) sem uma discussão com outros atores envolvidos. Tal acordo afeta a Grécia devido a localização de algumas de suas ilhas que ficariam muito próximas da ZEE turca (por exemplo Creta). Nesse sentido, o governo grego considera o acordo ilegal por violar a sua ZEE. Outro país que seria impactado pelo acordo é o Egito, devido a descoberta de reservas de petróleo em sua costa. Esse movimento turco é uma "jogada"geopolítica contra o acordo que será mencionado no tópico seguinte;
recentes descobertas de petróleo e gás no Mediterrâneo Oriental deram origem ao plano de construção de um gasoduto envolvendo Israel, Grécia e o Chipre, visando ser uma alternativa ao fornecimento de gás à Europa, e que conta com o apoio dos EUA. Tal iniciativa, que não incluiu a Turquia, vai de encontro ao acordo turco-russo de construção de um gasoduto para escoar o gás proveniente da Rússia para o mercado europeu;
crise imigratória dos refugiados sírios e de outros países que tentam adentrar na Europa Ocidental por meio da fronteira entre Turquia e Grécia. Tais imigrantes têm sido usados politicamente na tensão entre os dois governos;
violação de espaço aéreo grego pela Turquia, além de provocações militares por ambas as partes;
exploração de petróleo e gás pela Turquia em área marítima nas proximidades do Chipre fazendo com que a marinha grega realizasse ações intimidatórias contra navios turcos que realizam e apoiam a atividade exploratória.
Podemos afirmar que a atual instabilidade política e militar entre os dois governos, deve-se ao papel mais assertivo turco no cenário internacional, onde tem utilizado a força, a fim de atingir aos seus objetivos geopolíticos (segurança energética, dentre outros).
Outrossim, outros países poderão ser envolvidos nessa crise, como o Egito, Itália e França, devido aos interesses econômicos desses governos na exploração de petróleo e gás na região marítima do Chipre e na costa do Egito.
Nesse cenário, o Blog acredita que haverá um incremento da militarização na região com o aumento de ações intimidatórias entre as marinhas grega e turca, onde qualquer erro de uma das partes poderá levar a um conflito de baixa intensidade, bem como haverá uma degradação da relação turca com a Europa Ocidental e com os EUA.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos sobre o tema (em alguns vídeos legendas podem ser inseridas ou alteradas):
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