O Blog tem apresentado o Século XXI como uma época de mundo imprevisível e menos seguro, onde estamos vivenciando um novo período de Guerra Fria e uma competição entre as grandes potências. E nesse século de mundo imprevisível, temos observado novas formas de conflito emergirem, com o uso de mercenários, proxies (aliados que lutam por outro Estado, sem o envolvimento direto desse), guerra cibernética, e outras modalidades de confronto.
Nesse cenário de ameaças difusas, vem sobressaindo um novo ambiente de disputa, que não é tão novo assim, conhecido como GRAY ZONE. Nele, não há um embate direto entre as Forças Armadas dos países, possui um baixo risco de confronto, e geralmente é proveniente de um Estado com menor poder militar que o oponente, para tanto utiliza uma combinação de formas de pressão, tais como: a coerção econômica, chantagem política, utilização de proxies, e outros métodos de atingir o adversário. Dessa forma, se situa entre a paz e a guerra, ficando assim, numa área cinza, difusa.
Essa definição do Blog, mostra ao leitor que tal procedimento vem de longa data. Porém, o que o diferencia do passado é a adição das novas formas de atingir o oponente, como as guerras cibernética e de informação, diplomacia agressiva e lawfare (uso indevido de sistemas e princípios legais contra um inimigo, visando prejudicá-lo ou deslegitimá-lo para obter uma vitória política ou perante a opinião pública).
As figuras abaixo ilustram o conceito:
A diferença da Gray Zone para a Guerra Híbrida é que esta possui um risco maior de confronto estatal, pois há o emprego do poder militar, como Forças Especiais, parcela das Forças Armadas etc. Um exemplo de Guerra Híbrida foi a anexação da Criméia pela Rússia, onde havia o risco de conflito desse país com os membros da OTAN.
Os leitores do Blog, podem concluir, após as várias leituras das nossas postagens, que a China, Rússia e o Irã operam em larga escala as táticas da Gray Zone com o intuito de atingirem os seus objetivos geopolíticos. Outrossim, os países do Ocidente ainda estão tentando se adaptar a essa nova forma de conflito que tem crescido de importância no cenário internacional.
Com o intuito de visualizarmos esse ambiente, podemos citar o emprego do Hezbollah pelo Irã no Líbano, o uso de mercenários do Wagner Group pela Rússia na Síria e na Líbia, a construção de ilhas artificiais pela China no Mar do Sul da China, a coerção econômica chinesa nos países do sudeste asiático e na Austrália, a interferência russa nas últimas eleições estadunidenses, além de outros eventos.
Nesse sentido, faz-se premente repensar como ter uma deterrência, no ambiente da Gray Zone, que proveja a segurança do Estado, pois sabemos que ela retarda/impede a agressão militar de um possível adversário estrangeiro, devido a sinalizar que a "dor"infligida ao oponente seria tão grande que seria bom repensar o ato. Seriam exemplos de deterrência: submarinos nucleares; forças armadas no estado da arte, misseis balísticos, artefatos nucleares, dentre outros meios militares que imponham receio ao agressor. Convém enfatizar que como o ambiente da Gray Zone não há o emprego militar direto, o uso do conceito tradicional de deterrência fica comprometido, forçando a análise de como proceder.
O uso das táticas da Gray Zone podem sinalizar que em um futuro de médio/longo prazo as tensões poderão resultar numa escalada para um conflito armado. Sendo assim, é premente que o Estado reconheça quando estiver sendo alvo de tais ações, com o fim de se contrapor a elas.
Qual a sua opinião sobre o tema? O Brasil está preparado para o cenário da Gray Zone?
Seguem alguns vídeos para aprofundarmos as nossas análises:
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