Como bem sabemos o petróleo como fonte de energia não renovável tem um estoque finito, e conforme projeções ainda deverá ser a fonte dominante por cerca de 40 a 50 anos. Além disso, os combustíveis fósseis são muito poluidores e contribuem para o incremento da emergência climática no mundo, e dessa forma vários acordos entre os países têm sido feitos para diminuir o consumo de tais combustíveis, notadamente o petróleo. Um exemplo é o acordo de Paris.
Nesse sentido, as sociedades têm pressionado os seus governos e as suas empresas para adotarem políticas mais sustentáveis, a fim de diminuírem o efeito estufa. É digno de nota que os países estão começando a equilibrar as suas matrizes energéticas entre renováveis e não renováveis, mostrando a tendência de ocorrer uma transição na Geopolítica Energética, marcando o fim da Geopolítica do Petróleo (abordarei em uma postagem específica). Vários exemplos podem ser verificados, como os investimentos das companhias petrolíferas em fontes alternativas de energia, a ascensão dos carros elétricos e híbridos, países realizando investimentos pesados em energias renováveis, dentre outros exemplos.
Não podemos esquecer que as fontes de energia ditaram e ainda ditam a geopolítica mundial, como o poder de mercado dos atuais produtores mundiais de petróleo e gás.
Ademais, as fontes alternativas de energia são fundamentais para o meio militar, sejam nas missões de paz (onde as infraestruturas de energia das regiões onde ocorrem são muito deficientes), quanto para a redução da dependência do fornecimento de petróleo estrangeiro para operar os seus meios (navios, aeronaves etc).
Outra vantagem das fontes alternativas é que além da contribuição para minimizar a problemática climática, redução da dependência de importação estrangeira, diminuir a vulnerabilidade militar (aumento da segurança das tropas), elas também permitem uma redução no custo da energia e um incremento na segurança energética dos países por possibilitarem uma matriz energética diversificada.
Neste cenário, vemos que quem estiver atento e se planejar bem para essa transição não enfrentará grandes problemas, bem como não será pego de surpresa com o declínio do petróleo como fonte dominante.
A China apesar de ser um dos maiores poluidores, é o país que tem mais investido em energia limpa, e isso fará a diferença na transição da Geopolítica Energética.
Ao olharmos para o Brasil, com todas as suas características geográficas, verificamos que possuímos capacidade de geração de uma matriz energética totalmente diversificada e limpa (atualmente estamos começando a realizar a diversificação, mas ainda somos dependentes da hidrelétrica), seja pela energia fotovoltaica, eólica, biomassa, nuclear (dominamos o ciclo do combustível: enriquecimento e temos uma das maiores reservas de urânio do mundo), hidrelétrica etc. Isso poderá fazer com o que nosso país seja o exemplo para o mundo. Além disso, fará com que sejamos energeticamente independentes, ainda mais num mundo cada vez mais digital, e em que a demanda por energia só aumenta.
Sendo assim, temos todas as condições para sermos uma potência energética do Século XXI. Aos interessados em se aprofundar, possuo o trabalho de conclusão de curso referente ao Curso de Altos Estudos de Política e Estratégica (CAEPE) da Escola Superior de Guerra (ESG) de 2017 sobre o tema, intitulado: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E ENERGIA RENOVÁVEL - FATORES ESTRATÉGICOS PARA O BRASIL, que encontra-se em: https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_2d0c64f75134440fb067b5b3f4a99dd0.pdf Além disso, em 2016 quando estava comandando a Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), iniciei os estudos para que a Marinha do Brasil migrasse para o mercado livre de energia, e que deu origem ao programa CON Energia e ao atual Energia Naval, onde a BNRJ é o projeto piloto, e que neste ano obteve sucesso na entrada desse mercado, sendo a primeira Organização Militar do Ministério da Defesa a adotar esse iniciativa.
Então a pergunta fica: O Brasil será a potência energética do Século XXI? Estaremos preparados para a mudança da Geopolítica Energética?
Seguem alguns vídeos sobre o tema (legendas podem ser inseridas ou alteradas):
Qual a sua opinião sobre o assunto? Está ocorrendo uma transição da Geopolítica energética? Seremos protagonistas?
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