A França vem tentando se afirmar como um Estado capaz de liderar a União Europeia (UE), especialmente durante o governo de Emmanuel Macron, e que ficou um pouco facilitado pela saída da Grã-Bretanha da UE, por meio do BREXIT. Porém, a Alemanha continua sendo a locomotiva da economia europeia, fazendo com que seja muito relevante no destino da Europa Ocidental. Entretanto, a Primeira-Ministra Angela Merkel deverá sair do poder em futuro próximo, sendo a oportunidade para que Paris se consolide como a potência da UE.
O governo francês tem enfrentado vários desafios, onde podemos destacar os principais abaixo:
grande desgaste na África devido as políticas colonialistas e as tentativas de manter as suas ex-colônias sob sua tutela e influência;
guerra fria entre EUA e China;
competição entre as grandes potências: EUA , China e Rússia;
ameaça russa à Europa Ocidental;
política do governo de Donald Trump em relação aos seus aliados europeus, que os relegou a um segundo plano;
Nesse sentido, com o intuito de atingir os seus objetivos geopolíticos, a política externa de Macron vem se baseando na tríade: Segurança - Autonomia - Influência. E que podemos resumir da seguinte forma:
- Segurança: unir militarmente os países da Europa para que não fiquem na dependência dos EUA, e possam fazer frente a qualquer ameaça ao bloco. Porém, a França considera que a presença da Grã-Bretanha nessa união militar é fundamental para a defesa coletiva;
- Autonomia: ser uma potência militar, econômica e tecnológica com o intuito de se relacionar com os governos de Pequim e de Washington de forma igualitária, sem sentir-se constrangido por uma eventual dependência;
- Influência: empregar o soft power francês no cenário internacional, por meio dos valores, história e cultura franceses.
Além disso, temos visto a França envolvida nas principais crises mundiais: Guerra na Líbia, tensão entre Grécia e Turquia, problemática do Irã, combate ao terrorismo na África, crise do Líbano dentre outras, relevando a vontade francesa de se afirmar como uma potência global, e ter voz nas decisões.
Nesse cenário, o governo de Macron com o intuito de sobrepujar os desafios apresentados, bem como de continuar implementando a sua tríade, vem adotando as seguintes políticas e manobras geopolíticas:
envidando esforços para se consolidar como uma potência independente economicamente, militarmente e tecnologicamente, adquirindo assim uma autonomia estratégica;
revisão da relação com a Rússia, com o intuito de que a Europa não seja um teatro de operações entre os governos russo e estadunidense, e com isso tentando evitar uma aliança sino-russa. Para tanto, tenta clarear a relação da Rússia com a Europa Ocidental, pois considera a única opção de se conseguir uma paz europeia;
agir militarmente sempre de acordo com o Conselho de Segurança das Nações Unidas e dentro do Direito Internacional;
influenciar o mundo, por meio do seu soft power, utilizando as suas embaixadas como disseminadoras da cultura, educação, valores e modo de vida franceses;
estabelecimento de uma nova relação com os países africanos, que seja mais fraterna e baseada em valores universais;
continuar influenciando politicamente as suas ex-colônias, mas de forma discreta e sempre alinhada com os anseios das populações desses países;
política externa com forte viés ambientalista, com o intuito de ser uma liderança global nessa questão;
O Blog é de opinião que a França tenta se consolidar como a principal potência europeia, e como uma potência global autônoma com capacidade de influenciar outros países, para tanto vem criando um projeto europeu baseado em seus valores. Dessa forma, podemos compreender as razões da atitude independente francesa perante os EUA, a China e a Rússia, bem como a sua assertividade de sua política externa.
Qual a sua opinião sobre o tema? Você acha que é importante para o Brasil uma relação estratégica com a França?
Seguem alguns vídeos para nos ajudar em nossas análises:
Os vídeos a seguir abordam a relação da França com os EUA, China e Rússia:
Os vídeos a seguir abordam a relação da França com a África:
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Os vídeos a seguir abordam a relação da França com o Líbano:
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