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Exercício Sea Breeze 2021: mensagem à Rússia sobre a questão ucraniana. Tensão aumenta no Mar Negro.


Figura disponível em: https://sldinfo.com/wp-content/uploads/2021/06/360w_q75.jpg

As relações entre a Rússia com os EUA e os países da Europa Ocidental têm sido marcadas por períodos de tensão e crise, onde a assertividade e a agressividade russas no cenário internacional é interpretada como a principal ameaça militar na atualidade, seja pela sua atividade na GRAY ZONE, com o uso de mercenários, seja na Guerra Híbrida por meio da Guerra de Informação, bem como devido a anexação da Crimeia, ao aparelhamento militar, e as constantes ameaças a soberania dos seus vizinhos, como os países bálticos, e a Ucrânia.

O Blog analisou a afirmação acima nos artigos constantes na Seção Rússia, e que podem ser lidos ao acessar o link: https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/r%C3%BAssia. Porém, separamos os artigos abaixo para situar, de forma resumida, o leitor:

- "Rússia: a principal ameaça a paz e a segurança internacional no atual cenário mundial", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/rússia-a-principal-ameaça-a-paz-e-a-segurança-internacional-no-atual-cenário-mundial, onde afirmou que a Rússia por sua agressividade e imprevisibilidade geopolítica deve ser considerada como a principal ameaça a paz e a segurança internacional;

- "Ucrânia e a manobra geopolítica russa", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/ucrânia-e-a-manobra-geopolítica-russa, em que relata que a Rússia continuará tentando por meio da GRAY ZONE atingir os seus objetivos geopolíticos, e que tenta-se mais uma vez o emprego da política de chantagem de ameaça militar para conseguir negociar melhores termos para o governo de Moscou, como a diminuição das sanções econômicas. Convém ressaltar, a importância de desviar a atenção do problema interno nas proximidades da eleição russa em setembro, não acreditamos que poderá haver um conflito de maior intensidade em curto prazo, pois não é interessante para nenhum dos atores envolvidos, sendo mais provável a continuação do uso da GRAY ZONE pelos russos contra a Ucrânia, mantendo todos os atores sob pressão, até que consiga um governo alinhado a Moscou, e caso a Ucrânia seja aceita na OTAN haverá uma grande incerteza geopolítica e um conflito torna-se mais provável, em que a Rússia poderá invadir a região de Donbas alegando a proteção dos simpatizantes russos contra uma alegada perseguição ucraniana, como fez na Crimeia;

- "Qual será a próxima "jogada"geopolítica de Putin?", que pode ser lido em: https://www.atitoxavier.com/post/qual-será-a-próxima-jogada-geopolítica-de-putin, onde afirmamos que Putin tentará alguma manobra geopolítica para consolidar a sua posição no poder, que está desgastada internamente, ainda mais no atual cenário em que os EUA retomam a política de parcerias e alianças, em que atuará de forma coordenada com a OTAN, e que acreditamos que Moscou aumentará a sensação de ameaça aos países ocidentais, mas sem cruzar a "linha vermelha"que poderia resultar em conflito, visando atingir os seus objetivos geopolíticos na Europa, onde um deles seria o término das sanções econômicas em troca da diminuição do grau de ameaça a OTAN e aos EUA. Dessa forma, tentará a negociação ganha - ganha;

- "A eliminação dos dissidentes russos e os impactos geopolíticos para a Rússia", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-eliminação-dos-dissidentes-russos-e-os-impactos-geopolíticos-para-a-rússia, em que dissemos que Putin realmente adota a prática de eliminação de seus opositores, e que o insucesso na eliminação de Alexey Navalny terá como consequência um maior isolamento geopolítico russo junto a União Europeia, com grande possibilidade de ter o acordo de construção do oleoduto NORDSTREAM 2, com a Alemanha, cancelado, o que seria muito desastroso economicamente para Moscou. O cancelamento do acordo sempre foi uma demanda dos EUA, com o intuito de estrangular ainda mais a economia russa, bem como para diminuir a dependência europeia do gás russo. Além disso, pode-se depreender que a Rússia produz e faz uso de armas químicas, apesar de proibido;

- "O renascimento russo e a ameaça à Europa", que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/o-renascimento-russo-e-a-ameaça-à-europa, o Blog afirma que desde que Vladimir Putin assumiu o poder a Rússia vem aumentando a sua influência mundial com altos investimentos no setor de defesa. Além disso, passou a desafiar a OTAN e os EUA reafirmando a sua intenção de voltar a ser protagonista no cenário internacional. Alguns exemplos da preocupação que suscitou foram a reativação da Segunda Frota pela US Navy e da realização do maior exercício militar da OTAN, desde a Guerra Fria, o Trident Juncture ambos em 2018, que o governo russo de tempos em tempos viola o espaço aéreo de países europeus, bem como algumas aeronaves militares russas voam próximas a costa do Alasca (já houve interceptação por caças da US Air Force). Porém, o que demonstrou a ascensão russa foram a anexação da Criméia, influência política na Ucrânia, manutenção de Bashar Al Assad no poder da Síria, influência nas eleições norte-americanas e o "troco"geopolítico nos EUA ao ser o protetor venezuelano, juntamente com China e Irã, dentre outros fatos.

Além dos artigos citados acima, o Blog possui outras análises em suas Seções Europa e EUA, onde analisa porque a Rússia é encarada como uma ameaça aos EUA e a Europa Ocidental.

A contextualização acima é importante para podermos entender o cenário do exercício Sea Breeze, que é um exercício multinacional realizado no Mar Negro, que foi criado em 1997 com periodicidade anual, organizado e idealizado pelos EUA e pela Ucrânia, que conta com a participação de países da OTAN, e outros países considerados aliados, cujos objetivos são incrementar a interoperabilidade entre as forças participantes, reforçar os laços de cooperação na segurança marítima e estabilidade da região, e aumentar a cooperação entre os países participantes.

Em nossa opinião, esse exercício tem, também, como objetivo intrínseco de mostrar a importância da Ucrânia para a OTAN, bem como colocar uma certa pressão geopolítica na Rússia, a fim de evitar a assimilação ucraniana pelos russos, o que transformou, assim, a Ucrânia num palco de disputa geopolítica entre os países aliados aos EUA e o governo de Moscou. Ademais, também, mostra o comprometimento de manter a liberdade de navegação no Mar Negro.

O exercício deste ano, 28 de junho a 10 de julho, que é considerado o maior da história da Sea Breeze, ocorre logo após a tensão entre a Rússia e o Reino Unido, e que foi abordado por nós no artigo "Rússia e Reino Unido: tensão no Mar Negro - qual a verdade dos fatos?", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/rússia-e-reino-unido-tensão-no-mar-báltico-qual-a-verdade-dos-fatos, em que afirmamos que a "manobra" britânica foi premeditada e visava obter algum ganho geopolítico com algum erro russo, além de avaliar a reação dos russos. Além disso, vemos a disputa por narrativas, onde em nossa opinião a Rússia soube aproveitar melhor a Guerra de Informação, bem como a reação russa teria como objetivos enviar uma clara mensagem a OTAN e a Ucrânia sobre a sua prontidão e que a Crimeia seria um assunto não negociável, bem como demonstrar uma atitude de força ao público interno russo

A análise que fizemos sobre a intencionalidade britânica foi ratificada por Putin, cuja entrevista encontra-se ao final do artigo em um vídeo que selecionamos e recomendamos ao leitor (está com legendas em português).

A maioria dos navios participantes são ucranianos, cerca de 24, o restante é proveniente dos países da OTAN, como os EUA, e de poucos não OTAN. Haverá também a participação de Forças Especiais e de tropas terrestres, além de meios aéreos e de observadores de países participantes.

O Sea Breeze 2021 terá como foco: exercícios de operações anfíbias, operações terrestres, operações de interdição marítima, defesa aérea, operações antissubmarino, operações de busca e salvamento, além de treinamento de forças especiais.

Figura disponível em: https://static.dw.com/image/58093328_7.png

Nesse sentido, avaliamos que o intuito britânico foi contribuir para que os EUA e a OTAN tivessem uma ideia da prontidão russa, bem como para obter subsídios militares, antes que o Sea Breeze 2021 tivesse início.

Nesse cenário, o governo russo foi e continua totalmente contrário a realização desse exercício, chegando a pedir que o mesmo fosse cancelado, pois considera uma provocação a sua soberania, considerando assim uma ameaça aos seus interesses e a sua área de segurança geopolítica. Sendo assim, a Coreia do Sul cancelou a sua participação, recentemente, com a alegação de que não gostaria de prejudicar a sua relação política com Moscou.

O governo de Putin disseminou que acompanhará o exercício com toda atenção e que poderá reagir militarmente, caso se sinta ameaçado, o que eleva a tensão entre os envolvidos, o que já estava muito elevado.

É digno de nota que a Rússia reforçou ao longo dos anos, após a Guerra Fria, os seus meios militares na região do entorno do Mar Negro, bem como fez ameaças de restringir o acesso ao Mar de Azov, de controlar o tráfego marítimo no Mar Negro, além de outras referentes a região.

Os países na região do Mar Negro são a Ucrânia, Georgia, Turquia, Romênia e Bulgária.


Figura disponível em: https://www.sipri.org/sites/default/files/styles/node/public/2019-01/overview_map_181214_v3-01.png?itok=E8v3roPi

As áreas hachuradas acima são regiões conflituosas, onde ao observarmos o entorno do Mar Negro, vemos que a Rússia está envolvida em todos, como a anexação da Crimeia, região de Donbas na Ucrânia e a Ossétia do Sul na Georgia.

Dessa forma, fica uma pergunta para analisarmos: "A OTAN estaria espremendo a Rússia para o leste fazendo uma contenção, ou os russos estariam tentando aumentar a sua área de segurança para o oeste?"

Acreditamos que a resposta seja afirmativa para as duas situações apresentadas na questão, e que não há uma solução à vista, devido a grande desconfiança geopolítica entre todos.

O Blog é de opinião de que o exercício Sea Breeze 2021 é uma mensagem clara e direta a Rússia de que não será tolerado que esse país impeça a livre navegação no Mar Negro, e de que a OTAN e os EUA apoiarão a Ucrânia no caso de conflito.

Outrossim, o exercício se presta a demonstrar que a comunidade internacional não reconhece a anexação da Crimeia pela Rússia, e com isso as águas em torno dessa região não seriam de soberania russa.

Dessa forma, continuaremos a ver um "jogo"geopolítico tenso entre os russos e os EUA e seus aliados. A diferença deste ano é que com a mudança do governo nos EUA, estes se tornaram mais assertivos com os russos, o que não vinha acontecendo quando Trump estava no poder.

O exercício atual, sendo realizado nesse clima de tensão, possui os ingredientes para o acontecimento de eventos com possibilidade de escalada da crise. Resta-nos acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

O Brasil deverá participar no exercício com observador militar.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para ajudar em nossa análise sobre o tema:

Matéria de 29/06/2021:

Matéria de 30/06/2021 (Esse vídeo é muito interessante de ser assistido, pois Putin fala a tensão com o navio britânico, e de acordo com a sua versão, ratifica a análise do Blog em seu artigo sobre o tema que a passagem do HMS Defender foi intencional e possuía um objetivo militar a ser atingido):

Matéria de 02/07/2021:

Matéria de 29/06/2021:

Matéria de 29/06/2021:

Matéria de 02/06/2021:

Matéria de 30/06/2021 (Esse vídeo de uma mídia russa demonstra um pouco da Guerra de Informação, visando ganhar narrativas):

Matéria de 13/05/2021 (Esse vídeo mostra uma propaganda das forças russas na região do Mar Negro e na Crimeia):

Matéria de 30/06/2021:


2 commenti


luizito85louis
03 lug 2021

Creio ser a Rússia militarmente análoga a Alemanha da segunda guerra, amedronta, porém iria enfraquecer lentamente perante uma coalizão, porém se levarmos em conta uma escalada de conflitos que levem ao uso de armamento nuclear o que é basicamente inevitável e a China como "player" na região e possível aliado teríamos um panorama desastroso.

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Análise interessante. Muito obrigado

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