Conforme a nossa Política Nacional de Defesa, em vigor e a nova proposta que encontra-se em análise no Congresso Nacional, o Entorno Estratégico Brasileiro inclui a América do Sul, o Atlântico Sul, os países da costa ocidental africana e a Antártica.
Nesse sentido, o Blog em suas postagens: 'China e as Américas Central e do Sul: preocupação para os EUA", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/china-e-as-américas-central-e-do-sul-preocupação-para-os-eua e "A Nova Rota da Seda e seus impactos na África", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/a-nova-rota-da-seda-e-seus-impactos-na-áfrica, analisou o crescente aumento da influência chinesa nessas regiões, despertando a preocupação dos EUA, ainda mais no período da competição entre as grandes potências e de uma "Guerra Fria" sino-estadunidense.
Dessa forma, vemos que essa disputa geopolítica se aproxima do Brasil e poderá impactar numa possível liderança regional pelo nosso país, bem como nos colocar em uma posição delicada geopoliticamente entre essas duas grandes potências, e seus dois principais parceiros comerciais.
Nesse cenário, o governo chinês vem aumentando a sua presença militar no exterior com o estabelecimento de bases militares, dentre elas a de Djibuti na África Oriental. De acordo com o relatório do Departamento de Defesa (DoD) dos EUA, de 21 de agosto de 2020, ao seu Congresso, disponível no Blog em: https://de9abb8c-83aa-4859-a249-87cfa41264df.usrfiles.com/ugd/de9abb_8e1bbd48f86649dd8858881d5f31fc5a.pdf, é informado que a China intenciona implementar uma base em Angola, bem como estariam em andamento negociações com a Namíbia sobre uma possível instalação de uma base militar chinesa, o governo namibiano nega essa alegação, informando que se tratam de rumores e especulações das mídias locais.
Além disso, foi estabelecida na Argentina, na região da Patagônia, uma base espacial chinesa, que já está em operação, com o alegado propósito de realizar observações celestes para o seu programa espacial. Porém o relatório do DoD informa que a base chinesa em solo argentino é operada pela Força de Apoio Estratégica do Exército Chinês, que é definido no documento, como PLA Strategic Support Force (SSF) :
The PLA Strategic Support Force (SSF) is a theater command-level organization established to centralize the PLA’s strategic space, cyber, electronic, and psychological warfare missions and capabilities. The SSF Network Systems Department is responsible for cyberwarfare, technical reconnaissance, electronic warfare, and psychological warfare. Its current major target is the United States.
Nesse diapasão, verificamos que a China vem incrementando a sua influência nos países do Entorno Estratégico Brasileiro, não só por meio de sua economia, através de empréstimos, mas também pela sua área militar (Argentina, Namíbia e Angola), conforme citado anteriormente. Sendo assim, isso vem confirmando a análise realizada pelo Blog na postagem: "China e a diplomacia da armadilha da dívida", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/china-e-a-diplomacia-da-armadilha-da-dívida , em que certos investimentos econômicos poderiam ser utilizados pelas forças armadas chinesas, auxiliando a China a ter uma presença global, competindo assim com os EUA, bem como tentar assegurar as suas necessidades de segurança energética (exploração de petróleo e gás), alimentar (pesca no Atlântico Sul) e de suas linhas de comunicações marítimas.
O Blog é de opinião que ficará cada vez mais difícil e complexo para o Brasil conseguir exercer uma liderança regional, bem como influenciar os países do seu Entorno Estratégico, devido a disputa geopolítica sino-estadunidense ter chegado a América do Sul e a África Ocidental, onde a intenção do governo chinês em implementar bases militares nessas regiões é um nítido exemplo da tentativa de aumentar a sua influência geopolítica em desafio aos EUA. Além disso, a instalação de bases chinesas na África Ocidental levará ao aumento da militarização do Atlântico Sul, o que não é do interesse brasileiro, e demandará uma maior atenção do Estado brasileiro para o seu setor de defesa, com uma consequente formulação de uma estratégia marítima, condizente com os objetivos geopolíticos brasileiros.
Outrossim, não podemos esquecer de outros atores geopolíticos importantes que podem contribuem para a diminuição da liderança brasileira, como:
Rússia e Irã (Venezuela);
França, Índia, Turquia (África Ocidental);
Com isso, ratificamos a nossa análise na postagem: "Brasil tem tudo para ser um centro de poder. O que lhe falta?", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/brasil-tem-tudo-para-ser-um-centro-de-poder-o-que-lhe-falta , em que o fator primordial é a vontade da sociedade brasileira de se ter um grande país no cenário internacional, e que sem o seu convencimento isso nunca será possível, bem como acreditamos que somente por uma política assertiva do Estado brasileiro, e que olhe para o seu Entorno Estratégico é que poderemos ter alguma chance de sermos influentes regionalmente.
O cenário apresentado faz com que devamos nos preparar adequadamente para as consequências da chegada dessa disputa geopolítica ao "nosso quintal", e que é esperado que enfrentemos pressões por alinhamento político e econômico.
Afinal como dissemos em uma postagem: não somos uma ilha no cenário internacional, e o que vivemos na última Guerra Fria entre os EUA e a ex-União Soviética tem grandes diferenças com o presente.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para fazermos as nossas análises:
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