O Blog tem se dedicado a apresentar a sociedade brasileira o que é um Jogo de Guerra - JG profissional, por meio dos seus artigos e vídeos constantes na Seção Jogos de Guerra, acessível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/jogos-de-guerra. Sendo um dos raros sites brasileiros que tratam sobre os JG profissionais.
Além disso, são ministrados cursos sobre o tema que podem ser conhecidos no link https://www.atitoxavier.com/cursos-do-blog e que têm como objetivos: criar uma massa crítica de estudiosos do assunto e de contribuir para a formação de possíveis profissionais que poderão utilizar a metodologia para análises de problemas complexos em diversas organizações, sejam civis ou militares. Os que concluíram os cursos têm feito parte, voluntariamente, da comunidade sobre JG profissionais chamada Análises, que em breve terá um site próprio, e que no futuro conduzirá seminários, com o intuito de se transformar no primeiro "think tank" brasileiro sobre o assunto.
Ademais, escrevi o único livro nacional, até o momento, sobre o assunto: Desvendando os Jogos de Guerra: uma introdução no assunto, que pode ser conhecido em https://www.atitoxavier.com/post/lançamento-do-livro-desvendando-os-jogos-de-guerra-um-introdução-no-assunto. E cuja intenção, além de contribuir para a discussão do tema, é de fomentar a publicação de outros livros nacionais relacionados aos JG profissionais.
Assim, o presente artigo tem a finalidade de continuar a desmitificar o que são os JG, bem como a sua aplicabilidade. Dessa forma, para o possível espanto de alguns dos nossos leitores, o JG é uma metodologia para analisar ou investigar problemas complexos, que podem ser entendidos como problemas em que não há uma solução específica, pois não há como controlar ou prever o seu resultado, onde um exemplo seria um problema em que humanos estejam envolvidos, como conflitos, competição empresarial, etc.
A figura abaixo ilustra claramente a nossa afirmação acima:
Na figura acima podemos ver que os JG ou wargames, em inglês, é uma metodologia para solucionar problemas complexos, e que não se destina a fornecer soluções específicas ou precisas, mas análises amplas sobre os problemas, pois está diretamente relacionado com o complexo cognitivo, que podemos compreender como um processo mental para a busca de possíveis estratégias para a resolução de um determinado problema, que é representado por uma questão de pesquisa - research question, como o processo de tomada de decisões, podendo ser utilizado, também, no processo de aprendizagem.
Logo, podemos inferir, assim, pela análise da figura que os JG não devem ser confundidos com os exercícios de treinamento de combate com tropas reais no terreno, simulando um cenário de conflito, pois isso é uma forma de adestrar, de forma prática, as tropas nos procedimentos e táticas já consolidadas. Essa afirmação tem sido alvo constante dos artigos do Blog sobre os JG.
Nesse sentido, no artigo que escrevi, juntamente com o Capitão de Mar e Guerra (RM1) Marcelo William Monteiro da Silva, intitulado "Os Jogos de Guerra na era da incerteza", publicado na Revista Marítima Brasileira, v.142, n.10/12, out/dez.2022. Rio de Janeiro, apresentamos uma definição sobre os JG:
"simulação de uma situação (fictícia, real ou hipotética) de competição ou conflito de vontades, implicando em sucessivas interações entre duas ou mais Forças, sem o emprego de meios reais, cuja sequência de eventos afeta e é afetada pelas decisões dos participantes (jogadores)"
Portanto, com base na definição acima e no que afirmamos no início deste artigo, apresentamos na figura a seguir algumas aplicações práticas dos JG profissionais:
Nesse contexto, podemos concluir que os JG podem ser aplicados no desenvolvimento de novas tecnologias; na análise à resposta de crises, como ambientais, humanitárias, sanitárias dentre várias; nos problemas políticos e sociais, como segurança pública; na guerra híbrida e suas variantes; na escalada de uma tensão política que poderá escalar em crises militares dando origem a um conflito armado; no mundo empresarial; e em várias outras análises de situações complexas.
Logo, é uma excelente metodologia para analisar políticas, estratégias e planos, em que poderá apontar vulnerabilidades e lacunas, orientando, assim, possíveis melhorias neles, bem como assessorando no aperfeiçoamento do gerenciamento do risco.
Afinal, uma política, estratégia ou plano quando não é analisado ou investigado tem uma maior probabilidade de fracassar. Por outro lado, quando são submetidos a um JG eles têm as chances de sucesso aumentadas.
Para que o leitor tenha uma ideia da relevância do emprego dos JG, ensinamos no nosso curso, através da contextualização histórica, que as potências que mais se destacam no cenário internacional são as que mais usam os JG. Como um pequeno exemplo, apresentamos a situação atual chinesa, em que são realizados campeonatos nacionais entre academias militares e universidades civis sobre o tema, e que pode ser verificado no link http://eng.chinamil.com.cn/CHINA_209163/Other/News_209166/16031584.html.
O Blog é de opinião que devemos ter a metodologia dos JG lecionada nos cursos acadêmicos, visando formar estudiosos no assunto, pois infelizmente a grande maioria dos artigos sobre o tema estão em língua estrangeira, e nem sempre estão acessíveis ao público brasileiro.
Assim, em vista dos argumentos apresentados, deixo uma reflexão constante no meu livro:
"Da mesma forma, fica a pergunta: "Queremos nos antecipar aos desafios futuros, evitando surpresas, ou queremos continuar indo a reboque dos acontecimentos? Caso a resposta seja que desejamos nos antecipar, então devemos empregar os Jogos de Guerra imediatamente"
Qual a sua opinião?
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