O conflito entre a Armênia e o Azerbaijão pela região de Nagorno-Karabakh chegou ao fim, depois de 6 semanas de combates, por meio de um acordo de paz mediado pela Rússia.
Os principais pontos do acordo são:
os azeris manterão os territórios reconquistados, onde destaca-se a cidade histórica e estratégica de Shusha;
haverá a retirada das tropas armênias dos distritos que compunham a linha de segurança dos separatistas, além de outras áreas que estavam sob o seu controle desde a década de 90 (região ilustrada no mapa acima);
estabelecimento de cerca de 2.000 militares russos na região de Lachin e que atuarão como uma força de paz, visando garantir o cessar fogo. Os russos entrarão na região em paralelo a saída das tropas armênias.
É esperado o envolvimento turco nessa força de paz, mas ainda não se sabe ao certo qual o seu nível de envolvimento.
A região de Lachin contém a capital do estado separatista de Nagorno-Karabakh, e será a única região separatista não conquistada pelo Azerbaijão que manterá uma ligação terrestre com a Armênia. Podemos ver no mapa acima que essa região ficará cercada por forças azeris.
O principal motivo para esse acordo foi a superioridade militar do Azerbaijão que fez com que o Setor de Defesa da Armênia recomendasse ao Primeiro-Ministro aceitar as condições impostas, pois os embates estavam chegando ao território armênio, conforme podemos ver na figura abaixo referente ao dia do acordo (09 de novembro):
O acordo é importante para a Rússia, pois traz estabilidade para a região, sendo menos uma preocupação para Putin, que vem enfrentando vários problemas internos e externos, e faz com que o governo russo seja o protagonista na resolução do conflito. Além disso, evita com que o seu aliado armênio tenha uma perda militar maior no conflito, satisfaz o Azerbaijão com quem tem boas relações, agrada a Turquia, e ainda preserva uma parte do estado separatista.
Convém mencionar que a Turquia apoiou militarmente o seu aliado Azerbaijão, e isso fez toda a diferença no conflito. Além disso, o governo de Baku tinha realizado uma compra de material bélico israelense no valor de 4 bilhões de dólares. Isso foi analisado pelo Blog em seu artigo: "Conflito entre Armênia e Azerbaijão: a consolidação turca, e as relações de Israel com o Azerbaijão" , acessível em: https://www.atitoxavier.com/post/conflito-entre-armênia-e-azerbaijão-a-consolidação-turca-e-as-relações-de-israel-com-o-azerbaijão .
Fontes revelaram que o acordo mediado pela Rússia só foi possível com a anuência turca. O Blog já havia informado que Putin estava se aproximando de Erdogan, visando amenizar a rivalidade entre os governos, conforme o nosso artigo: "A área de influência russa: o Urso (Rússia) está perdendo o fôlego?", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/a-área-de-influência-russa-o-urso-rússia-está-perdendo-o-fôlego .
A divulgação do acordo foi alvo de intensos e raivosos protestos pela população armênia, com pedido de deposição do Primeiro-Ministro, acusando-o de traição.
O Blog tem as seguintes opiniões sobre os atores envolvidos no conflito:
a Rússia atende aos seus interesses, mantendo o seu pragmatismo geopolítico, em que não tomou partido na contenda e surge como o "salvador"do governo armênio;
a Turquia se consolida como potência na região, e fortalece os laços com o Azerbaijão;
o Azerbaijão conquista a quase totalidade do seu objetivo geopolítico sobre a retomada da região de Nagorno-Karabakh;
a Armênia, apesar da derrota militar, não teve o seu território violado, mas o governo ficou extremamente enfraquecido e passa por uma instabilidade política.
O acordo de paz não resolve totalmente as diferenças entre a Armênia e o Azerbaijão, e nem a questão do estado separatista. O ódio entre as populações azeri e armênia, que ficou potencializado pelas cláusulas do acordo, faz com que seja mais capítulo dessa história conflituosa, e que no futuro poderá haver novo embate.
Nesse sentido, no momento para o Blog, os vencedores foram a Rússia, a Turquia e o Azerbaijão, sendo a Armênia a perdedora, o que faz com que o governo de Yerevan busque novos aliados, e com isso se aproxime mais do Irã com quem tem boas relações. Qual a sua opinião sobre o conflito e o acordo de paz? Foi benéfico para todos? Trará a paz definitiva para a região?
Seguem alguns vídeos para ajudar nas análises:
Matéria de 08/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 09/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 12/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 12/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 09/11/2020:
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 11/11/2020:
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