A região do Indo-Pacífico é extremamente importante economicamente, bem como tem sido um palco para o surgimento de tensões políticas e crises militares, notadamente neste século. Ademais, dois gigantes - China e Índia - têm realizado um disputa geopolítica, com o intuito de tornarem-se os líderes na região, o que vem gerando um "guerra fria" velada entre eles ao redor do mundo.
Alguns analistas creem que é bem provável a ocorrência de um conflito entre esses dois Titãs, em que o principal motivo seria em se ter o controle da fonte de água proveniente dos Himalaias. Convêm mencionar que os dois principais rios chineses, o Amarelo e o Yangtzé, dependem das montanhas dos Himalaias - Tibete. Logo, os Himalaias seriam a grosso modo a cisterna chinesa.
Assim, um possível controle indiano da "cisterna" chinesa colocaria a China numa posição muito vulnerável, o que é inadmissível para Pequim.
Dessa forma, existe uma disputa fronteiriça entre indianos e chineses de cerca de 3.440 km, mal delimitados, que os levaram, desde 1962, a alguns conflitos armados.
A figura abaixo mostra as regiões disputadas, inclusive com o Paquistão. O Blog abordou a problemática da Caxemira no seu artigo "Problemática da Caxemira: tensão diária", de 14 de maio de 2020, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/problemática-da-caxemira-tensão-diária.
Dessa forma, devido a relevância do tema, o Blog em suas Seções China e Ásia, disponíveis respectivamente em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/china e https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/%C3%A1sia, acompanha, por meio dos seus artigos, o que acontece no Indo-Pacífico. Assim, selecionamos os abaixo para o leitor, pois tratam mais especificamente da tensão sino-indiana:
- "Choque de Titãs - China x Índia", de 13 de abril de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/choque-de-titãs-china-x-índia, falamos que o convívio entre a China e a Índia é marcado por disputas territoriais com a ocorrência de conflitos entre esses países em 1962, 1967 e 1987, além de novos episódios de crise militar em 2017. Apesar das relações diplomáticas e econômicas existentes, há uma tensão iminente entre eles, e com isso vivem uma "guerra fria"velada. Convém mencionar que são duas potências nucleares, com enormes exércitos, economias crescendo, e que tentam se firmar como líderes asiáticos. Nesse sentido, a Índia vem tentando realizar alianças militares e econômicas com países da região asiática, com o intuito de se contrapor a China, bem como evitar o aumento da área de influência chinesa nesse continente. Em que pese a tentativa de aproximação entre eles, a partir de 2018, o clima de desconfiança permanece. Não há no horizonte nenhuma solução para o problema fronteiriço.
- "Choque de Titãs - China x Índia. Parte II", de 10 de setembro de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/choque-de-titãs-china-x-índia-parte-ii, abordamos o incidente ocorrido em junho de 2020 em Galwan Valley, em que ocorreu um embate entre as tropas terrestres da China e da Índia na região fronteiriça da Caxemira em disputa. No embate entre soldados desarmados ocorreram mortes violentas de ambos os lados. Relatos sobre o incidente informaram que tropas chinesas espancaram até a morte 20 soldados indianos. Fizemos várias análises desse embate, mas destacamos que não é interesse da China e nem da Índia na ocorrência de uma guerra como aconteceu no passado (1962, 1967 e 1987, além de uma crise militar em 2017), apesar de ambos os governos possuírem lideranças fortes, mas acreditamos que continuará a tensão entre esses Estados, bem como a "guerra fria" velada entre eles será mais explícita com disputa geopolítica por áreas de influências na Ásia, principalmente, na região do Índico. Para tanto, o governo chinês usará o seu projeto Belt and Road Iniciative, visando isolar o governo indiano na região. Além disso, a escalada da tensão aproximará o governo indiano de países que se opõem ao expansionismo chinês. O Blog também enxergou que era uma oportunidade para os EUA consolidarem uma aliança com a Índia que poderá ajudar na contenção à China.
Nesse cenário, em 09 de dezembro de 2022, houve um novo embate entre tropas, desarmadas, chinesas e indianas em Tawang que fica na região contestada de Arunachal - Pradesh, vide mapa acima, em que os soldados chineses foram repelidos pelos indianos, quando tentavam adentrar no território controlado pela Índia. Relembra-se que o último embate ocorreu em 2020 em outra região disputada entre esses países.
No contexto desse novo embate está inserido a repulsa chinesa da participação da Índia no QUAD, bem como à realização do exercício militar indo-estadunidense Yudh Abhyas em 19 de novembro deste ano a cerca de 100 km de distância da fronteira sino-indiana. Tal exercício é realizado anualmente, desde 2004, em território dos EUA e da Índia. O Ministério da Defesa indiano divulgou uma nota à imprensa sobre o exercício de 2022, que pode ser lido em https://pib.gov.in/PressReleasePage.aspx?PRID=1876038.
Portanto, a tentativa chinesa de entrar em território indiano ocorreu dias após o exercício militar entre a Índia e os EUA.
É digno de nota que o governo de Pequim realizou uma demonstração de força meses antes do Yudh Abhyas 2022, com o intuito de servir como dissuasão contra qualquer tentativa indiana de alterar o status quo da fronteira.
Nesse contexto, em que pese a China e a Índia participarem do BRICS e da Organização para Cooperação de Xangai, existe muita desconfiança entre eles, e em nossa visão, um movimento militar inadequado poderá escalar a tensão, que já é muito elevada, ocasionando um conflito armado que não é desejado pelas partes.
Tal desconfiança fica patente quando tais países têm realizado obras de infraestrutura, controle e monitoramento, como estradas, pistas de pouso e pontes, que acabam por servir de apoio ao campo militar, reforçando, assim, as suas reinvindicações fronteiriças.
Além disso, tem ocorrido uma certa militarização de ambas as partes em regiões próximas as que estão em disputa, o que eleva a crise militar no local.
Nesse diapasão, uma informação que chamou a atenção do Blog foi a proposta do Ministro da Defesa indiano, dezembro de 2022, em instalar cerca de 120 mísseis balísticos PRALAY nas proximidades das fronteiras com a China e o Paquistão.
O Blog é de opinião que o último embate provocado pelos chineses, dezembro de 2022, teve o propósito de: enviar uma mensagem a Índia que não tolera as suas alianças, testar a defesa e a prontidão indianas, e efetuar pressão no governo de Nova Déli em futuras negociações fronteiriças. Entretanto, mantemos a nossa opinião de que não há no horizonte nenhuma solução para o problema fronteiriço.
Outrossim, apesar de não ser do interesse desses países, acreditamos que um conflito armado como no passado não é improvável, bastando um erro de cálculo militar de uma das partes, ainda mais quando o nacionalismo indiano está cada vez mais fortalecido.
Qual a sua opinião? Acredita que poderá haver um conflito entre a China e a Índia?
Seguem alguns vídeos para ajudar em nossas análises:
Matéria de 03/01/2023:
Matéria de 18/08/2022:
Matéria de 30/11/2022:
Matéria de 13/12/2022:
Matéria de 13/12/2022:
Matéria de 20/12/2022:
Matéria de 26/12/2022:
Matéria de 06/05/2022 - recomendo ver esse vídeo pois explica bem a problemática da disputa fronteiriça entre a China e a Índia e que poderá levar os países a um novo conflito:
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