No período de 08 a 19 de julho a China e a Bielorrússia realizaram o exercício combinado "Eagle Assault - 2024", que tem como objetivo oficial treinar as tropas chinesas e bielorrussas no combate ao contraterrorismo.
O exercício teve início "coincidentemente" um dia antes da reunião da OTAN em comemoração aos seus 75 anos de existência, 09 de julho em Washington, nos EUA.
Convém mencionar que o exercício foi realizado na região de Brest, na Bielorrússia, que fica nas proximidades da fronteira com a Polônia (cerca de 2,8 KM) e, também, da Ucrânia (cerca de 28 KM).
No artigo "Bielorrússia e sua importância geopolítica", de 21 de agosto de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/bielorrússia-e-sua-importância-geopolítica, em nossa análise, afirmamos que ela é um dos principais aliados dos russos, bem como o seu território possui uma grande relevância estratégica para o governo de Moscou, pois contribui para a segurança da Rússia, agindo como um Estado "tampão" contra uma possível agressão ocidental, ou seja, o seu território pode ser considerado uma defesa avançada russa, já que possui como vizinhos, em sua parte ocidental, países membros da OTAN. Dessa forma, também serve de ponte entre a Rússia e a Europa Ocidental.
Nesse sentido, em nossa visão, o exercício é uma clara mensagem de apoio à Rússia, pois tanto a China quanto a Bielorrússia são aliados estratégicos do governo de Moscou. Ademais, coloca certa pressão na OTAN e na Ucrânia, pois aumenta a preocupação e a tensão desses países.
Outrossim, o exercício também foi, principalmente, uma demonstração de capacidade e de força da China ao realizar operações militares na Europa, nas proximidades da OTAN na véspera da sua reunião, o que foi, a nosso ver, um recado, que poderá operar militarmente, com apoio de aliados, em solo europeu, às intenções dessa aliança em operar na região Ásia - Pacífico.
Cabe mencionar que a China tem tentado, com certo sucesso, influenciar, por meio do seu projeto Nova Rota da Seda, os países dos Balcãs, conforme o nosso artigo "Os Bálcãs Ocidentais: instável, importante geopoliticamente e o fator China - Palco de Tensões", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/os-bálcãs-ocidentais-instável-importante-geopoliticamente-e-o-fator-china-palco-de-tensões, e da Europa Centro - Oriental, principalmente a Sérvia e a Hungria.
Nesse cenário, entende-se as acusações da OTAN à China de ser a principal apoiadora da Rússia contra a Ucrânia e de ser uma crescente ameaça aos países membros da aliança, inclusive com realização de ataques cibernéticos e ações de Guerra Híbrida, conforme podemos ver na declaração oficial da reunião da OTAN:
[...] The People’s Republic of China’s (PRC) stated ambitions and coercive policies continue to challenge our interests, security and values. [...] The PRC has become a decisive enabler of Russia’s war against Ukraine through its so-called “no limits” partnership and its large-scale support for Russia’s defence industrial base. This increases the threat Russia poses to its neighbours and to Euro-Atlantic security. We call on the PRC, as a permanent member of the United Nations Security Council with a particular responsibility to uphold the purposes and principles of the UN Charter, to cease all material and political support to Russia’s war effort. This includes the transfer of dual-use materials, such as weapons components, equipment, and raw materials that serve as inputs for Russia’s defence sector. The PRC cannot enable the largest war in Europe in recent history without this negatively impacting its interests and reputation. The PRC continues to pose systemic challenges to Euro-Atlantic security. We have seen sustained malicious cyber and hybrid activities, including disinformation, stemming from the PRC. We call on the PRC to uphold its commitment to act responsibly in cyberspace. We are concerned by developments in the PRC’s space capabilities and activities. We call on the PRC to support international efforts to promote responsible space behaviour. The PRC continues to rapidly expand and diversify its nuclear arsenal with more warheads and a larger number of sophisticated delivery systems. We urge the PRC to engage in strategic risk reduction discussions and promote stability through transparency. We remain open to constructive engagement with the PRC, including to build reciprocal transparency with the view of safeguarding the Alliance’s security interests. At the same time, we are boosting our shared awareness, enhancing our resilience and preparedness, and protecting against the PRC’s coercive tactics and efforts to divide the Alliance. (fonte: https://www.nato.int/cps/en/natohq/official_texts_227678.htm)
O Blog é de opinião que a China, por meio do exercício militar com a Bielorrússia, sinaliza que poderá ser uma fonte de instabilidade crescente à OTAN, proporcionalmente a intromissão da aliança Ocidental em sua área de influência na região Ásia-Pacífico.
Nesse sentido, podemos ver que a disputa geopolítica entre as grandes potências tem se ampliado geograficamente e que em algum momento chegará, de forma mais impactante, no nosso Entorno Estratégico.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 11/07/2024:
Matéria de 07/072024:
Matéria de 10/07/2024:
Matéria de 09/07/2024:
Matéria de 10/07/2024:
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