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Brasil e China fecham cerca de 15 acordos em diversas áreas, entre eles, a de cooperação espacial.


Figura disponível em https://ogimg.infoglobo.com.br/in/24079428-07b-567/FT1086A/3-2.jpg

Matheus Marculino dos Santos *


O Blog em sua seção China, que pode ser acessada pelo link https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/china, vem acompanhando de perto os principais eventos geopolíticos nessa região, em especial a rivalidade crescente entre China e Estados Unidos, agravada pela pandemia de COVID-19.

Nesse sentido, a viagem de Lula à China, após quase 20 anos do seu segundo mandato, teve impactos na geopolítica internacional e nas relações diplomáticas do Brasil com o gigante asiático.

O primeiro destaque geopolítico foi a eleição de Dilma Rousseff para a presidência do Banco dos BRICS, conhecido como Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), responsável por financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Em tese, isso coloca o Brasil como membro prioritário para a concessão de investimentos. O segundo destaque, consiste nas ambições geopolíticas de Lula, que utilizou a viagem oficial para debater alternativas à negociação envolvendo o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.


Figura 1 – O presidente brasileiro, Lula da Silva, é recebido pelo líder chinês, Xi Jinping.

Figura disponível em https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/04/viagem-de-lula-a-china-relanca-parceria-com-gigante-asiatico-com-ate-us-50-bi-em-investimentos.ghtml

Lula foi recebido por Xi Jinping ao som da música "Novo Tempo", de Ivan Lins, em uma clara alusão a decisão do líder brasileiro em acordar em uma moeda alternativa ao dólar como meio de troca entre os membros do BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Nas palavras do líder chinês, “as relações com o Brasil são prioridade.” Do ponto de vista geopolítico, há um esforço de ambos os presidentes no multilateralismo e na diminuição da influência dos EUA como o principal ator internacional.

Além disso, há o compromisso com a “parceria estratégica” entre Brasil e China, iniciada em 1993, e responsável por estimular o comércio e intercâmbio entre as duas nações. Vale pontuar que, desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, posto que anteriormente era ocupado pelos EUA. Ademais, a China tem no Brasil vários projetos em infraestrutura, mobilidade urbana e Tecnologia da Informação, sendo que somente em 2021, houve o investimento de ao menos 5 bilhões de dólares no Brasil.

Em função dessa decisão que afeta diretamente a influência dos Estados Unidos no comércio internacional, uma notícia publicada no jornal The Washington Post, um dos mais influentes dos Estados Unidos, no qual pode ser acessada pelo link, https://www.washingtonpost.com/world/2023/04/13/lula-foreign-policy/ , declarou no dia 13 de abril que “ O ocidente pensava que Lula fosse um parceiro. Ele tem os seus próprios planos”, em um sinal do descontentamento dos EUA pela busca do Brasil pelos seus interesses nacionais e do histórico pragmatismo que busca ter boas relações com todos os países ao redor do mundo.

Um dos destaques da declaração conjunta entre Brasil e China, disponível no link https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-conjunta-entre-a-republica-federativa-do-brasil-e-a-republica-popular-da-china-sobre-o-aprofundamento-da-parceria-estrategica-global-pequim-14-de-abril-de-2023?s=08, foi o reconhecimento da reforma da ONU e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, composto por cinco membros permanentes, entre eles: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido. Ademais, a China formalizou seu apoio à candidatura brasileira para sediar a COP30, a Conferência do Clima das Nações Unidas, em 2025. Em contrapartida, o Brasil reiterou o princípio de "Uma só China", que reconhece Taiwan como parte inseparável de seu território.

Do ponto de vista econômico, a viagem de Lula à nação asiática teve como objetivo tratar de negociações para investimentos em pontos estratégicos, visando a retomada da economia brasileira. Dentre esses investimentos, destacam-se a possível instalação de uma fábrica de carros elétricos chineses na Bahia e o aumento das compras de produtos manufaturados pela China. Um dos pleitos brasileiros foi a diversificação do comércio sino-brasileiro, que é majoritariamente concentrado em commodities, como soja e minério de ferro. Além disso, o Brasil solicitou ao banco dos BRICS a concessão de empréstimos no valor de 6 bilhões de reais para projetos de infraestrutura, energia limpa e reindustrialização do país.

No âmbito espacial, Brasil e China assinaram o protocolo complementar para o desenvolvimento conjunto do CBERS-6 e do plano de cooperação espacial 2023-2032, bem como reiteraram a intenção de expandir a cooperação em áreas como exploração lunar e exploração espacial.

O CBERS-6 será um satélite equipado com tecnologia radar, fundamental para monitoramento em ambientes noturnos e com grande incidência de nuvens. Tal tecnologia terá uma grande contribuição para o monitoramento da floresta amazônica e das mudanças climáticas. O investimento do satélite será de 50 milhões de dólares pelo Brasil e ele deve ser lançado a partir de um centro de lançamento chinês até 2028.

Apesar deste prazo, há a intenção de desenvolver e lançar o CBERS-6 até o final de vida útil dos atuais satélites em operação, o CBERS-4 e CBERS-4A, fundamentais para a adoção de políticas públicas de combate ao desmatamento, como é o caso do PRODES e DETER, sistemas fundamentais no combate ao desmatamento da Amazônia.

Vale destacar que em 2023, a parceria envolvendo o CBERS completa 35 anos, e os satélites lançados foram estratégicos para o Brasil ter meios próprios para monitorar o seu território e planejamento urbano.

O Blog é de opinião que no terceiro mandato do presidente Lula, Brasil e China aprofundarão o seu relacionamento bilateral, estreitando os laços econômicos e políticos entre as nações. Esse alinhamento geopolítico servirá para aproximar seus interesses, já que o Brasil é um aliado estratégico da China na América Latina, sendo importante para a sua projeção de poder e de seu Soft Power, inclusive na entrada de novas empresas.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:

Matéria de 14/04/2023:

Matéria de 14/04/2023:

Matéria de 14/04/2023:

Matéria de 15/04/2023:


* Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGRI-UERJ); e-mail: matheus_rj96@hotmail.com; Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9859-6823

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