A Bielorrússia é um dos principais aliados da Rússia, e faz parte da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), ou em inglês Collective Security Treaty Organization (CSTO), que foi criada como uma espécie de aliança análoga a OTAN. Além desse país, integram nessa organização: Armênia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tadjiquistão. Ademais, fazem parte como observadores o Afeganistão e a Sérvia. A referida organização é liderada pela Rússia.
Nela é prevista que a aliança reagirá a qualquer ameaça ou agressão externa à um dos seus estados membros, conforme podemos ver abaixo e disponível em: http://www.odkb.gov.ru/start/index_aengl.htm :
According to the Treaty the member states maintain their security on collective basis. Article 2 of the Treaty claims: “In case a threat to security, territorial integrity and sovereignty of one or several Member States or a threat to international peace and security Member States will immediately put into action the mechanism of joined consultations with the aim to coordinate their positions and take measures to eliminate the threat that has emerged.”
Simultaneously Article 4 stipulates the following: “In case an act of aggression is committed against any of the Member States all the others Member States will provide it with necessary assistance, including military one, as well as provide support with the means at their disposal in exercise of the right to collective defense in accordance with Article 51 of the UN Charter.”
Ao vermos o mapa podemos verificar que a Bielorrússia contribui para a segurança da Rússia agindo como um Estado "buffer"contra uma possível agressão ocidental, ou seja, seu território pode ser considerado uma defesa avançada russa, pois possui como vizinhos em sua parte ocidental países membros da OTAN. Serve de ponte entre a Rússia e a Europa Ocidental.
Em que pese a proximidade com a Rússia, o governo de Minsk sempre adotou uma postura independente em relação ao governo de Moscou, bem como aos dos países ocidentais. O país é muito dependente da Rússia no tocante ao comércio, e ao fornecimento de óleo e gás. Outro ponto importante a ressaltar é que por esse país escoa uma boa parte do gás russo para a Europa.
O ditador do país Aleksandr Grigorievitch Lukashenko, que apresenta um grande índice de rejeição de sua população e que está a mais de 26 anos no poder, vem implementando, nos últimos 2 anos, uma política de afastamento da Rússia, com acusações de que esse país tem a intenção de interferir e talvez anexar o país. Dessa forma, tentou se aproximar da China e dos EUA.
Nos dias que antecederam a eleição presidencial, o governo bielorrusso prendeu, por meio do seu serviço de inteligência, 33 russos alegando que seriam mercenários enviados pelo governo de Putin, com o intuito de desestabilizar o país, o que foi veemente negado.
Acredita-se que essa manobra de Lukashenko tinha o propósito de tirar o foco sobre si e unir o país, bem como o receio de que a Rússia poderia estar agindo para sua deposição, e com isso tentou obter apoio ocidental. Os principais opositores ao governo foram presos ou se exilaram.
Recentemente vem ocorrendo intensos protestos no país contra o resultado da eleição em que novamente o ditador bielorrusso obteve vitória (sexto período, e no poder desde 1994) com grandes suspeitas de ocorrência de fraude eleitoral. O governo de Minsk alega que os protestos fazem parte de táticas de guerra híbrida implementadas por seus inimigos que querem a queda do regime. A população vem exigindo sua renúncia, pois não o considera com legitimidade para governar.
A União Europeia (UE) anunciou que realizará sanções contra o governo, e os EUA além de apoiarem a iniciativa da UE, adotaram uma postura crítica ao ditador devido a forma com que foram conduzidas as eleições, sem observadores internacionais, bem como em virtude das prisões dos principais oposicionistas.
Nesse sentido, Lukashenko percebendo o aumento da pressão interna, e sem apoio internacional, vem tentando se aproximar novamente de Putin, com o intuito de receber suporte para permanecer no poder. O autocrata, agora, vem acusando a OTAN de movimentar tropas para as proximidades de sua fronteira, o que foi negado por essa organização, bem como os países ocidentais de tramar contra ele.
O discurso do ditador bielorrusso tem sido aproveitado pelo governo russo, conforme podemos ver no vídeo abaixo:
É digno de nota de que a população bielorrussa não demonstra desejo de se juntar a União Europeia, bem como não apresenta rejeição a Rússia. Sendo assim, Putin está lidando a situação com cautela, pois não quer criar um cenário que seja desfavorável aos seus objetivos geopolíticos.
Nesse quadro, os governos francês e alemão se reuniram para tratar do problema da Bielorrússia, sinalizando apoio aos protestos, bem como a chanceler alemã se ofereceu para mediar a crise bielorrussa, o que resultou num alerta russo de que não são será admitida interferência externa naquele país.
Informes de inteligência, não confirmados, dão conta da ocorrência de um voo proveniente da Rússia para a Bielorrússia, e que conteria agentes da FSB (órgão de inteligência russa), dias antes da repressão governamental mais intensa aos protestos, e após o pedido de ajuda à Putin. Ocorreram prisões de mais de 7.000 manifestantes, com a mídia internacional registrando a violência das forças do governo.
Vários analistas alegam que o desgaste político entre os governos de Minsk e de Moscou chegou ao limite, e que para a Rússia, talvez, seja interessante que ocorra uma troca de poder na Bielorrússia por um aliado mais alinhado aos seus interesses.
No país, após o pedido de apoio ao governo russo, tem-se verificado a ocorrência de manifestações pró Lukashenko, e iniciado uma guerra de informação pela mídia, conforme pode-se verificar pelos vídeos que selecionamos (mídia russa e outras fontes pró ocidente).
O Blog é de opinião de que a Rússia está assumindo o controle sobre o destino do governo bielorrusso, o que era de se esperar, devido a estar em sua área de influência e da importância geopolítica que a Bielorrússia possui para ela. Além disso, os EUA e os países ocidentais europeus, notadamente a França e Alemanha, perceberam que o problema interno bielorrusso seria uma boa oportunidade tentar retirar o governo de Minsk da influência russa, mas não estão sabendo como tornar isso realidade. Acreditamos que existe uma semelhança da situação venezuelana com a bielorrussa, e é interessante informar que durante o governo Chávez tiveram uma relação muito próxima.
Nos resta esperar o movimento russo. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Seguem alguns vídeos sobre o assunto para a nossa análise:
A mídia russa faz comparação com o que ocorreu na Ucrânia em 2014, e demonstra que a União Europeia não tem laços com a Bielorrússia:
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