A região do Pacífico Ocidental vem sendo marcada por tensões políticas e crises militares que têm preocupado o mundo sobre a possibilidade de ocorrência de um conflito de alta intensidade, que poderia fugir ao controle. Assim, o Blog em suas Seções Ásia e China, disponíveis respectivamente em: https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/%C3%A1sia e https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/china, acompanha a situação geopolítica dessa parte do globo. Assim sendo, é esperado que o leitor dedique maior atenção, atualmente, às crises envolvendo China, EUA e Taiwan, e com isso não perceba o surgimento de outros fatores de instabilidade na região.
Nesse cenário, convém mencionar que o Japão possui disputas territoriais com países que, atualmente, são considerados ameaças a sua segurança nacional, como: China e Rússia, respectivamente Ilhas Senkaku e Ilhas Curilas (o Blog analisou essas disputas em seus artigos), bem como possui um relacionamento tenso com a Coreia do Norte em virtude dos testes de mísseis balísticos com capacidade nuclear, o que tem levado a uma mudança na postura pacifista japonesa, desde a sua derrota na II Guerra Mundial. Além disso, o Japão também possui uma disputa territorial com a Coreia do Sul em relação as Ilhas Takeshima, entretanto menos tensa que as demais.
A figura abaixo mostra os territórios em disputa:
Assim, sugerimos a releitura do nosso artigo "A delicada situação geopolítica japonesa. Cercado por poucos amigos" de 01 de julho de 2020, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-delicada-situação-geopolítica-japonesa-cercado-por-poucos-amigos, em que falamos que o mar é extremamente importante para a sobrevivência do povo japonês, pois é por ele que a sua economia flui, sendo extremamente importante contar com linhas de comunicações marítimas seguras. Além disso, relembramos que o país teve sérios problemas geopolíticos com todos os seus vizinhos, por causa de suas ambições expansionistas do passado, e que foram potencializados por causa do tratamento dispensado àquelas populações durante as ocupações japonesas, em que vários ressentimentos foram criados, e que ainda estão latentes, notadamente com a China e com as Coreias do Norte e do Sul. Afirmamos, no artigo, que o Primeiro Ministro japonês Shinzo Abe, desde 2013, vinha tentando impor uma política mais assertiva ao país, com o aumento da militarização por meio de modernização e aumento das suas Forças de Autodefesa - FAD, aquisição de modernos sistemas de defesa antimísseis, bem como por propostas de mudanças na Constituição japonesa que visem dar maior flexibilidade de emprego à essas forças. Concluímos que esse movimento do governo de Tóquio tem preocupado os seus vizinhos, e a uma parcela da população japonesa, pois entendem que o Japão militarizado é uma ameaça a paz e a estabilidade da região, e que na opinião do Blog é um "barril de pólvora"prestes a explodir.
O atual Primeiro-Ministro japonês, Fumio Kishida - assumiu em 2021-, continua a política militarista de Shinzo Abe, que governou o país nos períodos de 2006 - 2007 e 2012 - 2020, aumentando ainda mais o investimento nas forças japonesas, com previsão de dobrá-lo até 2030. Tal política vem encontrando respaldo na sociedade japonesa, conforme demonstrado em pesquisa realizada neste ano, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, que revelou que 64% é favorável ao aumento no investimento militar do país, conforme o link https://www.asahi.com/ajw/articles/14612368 , sendo que somente 10% se opõe a isso.
Kishida promulgou em janeiro deste ano a nova versão do Livro Branco de Defesa chamado Defense of Japan 2022, que pode ser acessado em https://www.mod.go.jp/en/publ/w_paper/wp2022/DOJ2022_EN_Full_02.pdf.
O documento afirma que a China, Coreia do Norte e a Rússia são as principais ameaças à segurança do Japão, e que para isso o país envidará todos os esforços para fortalecer as suas capacidades de defesa, devendo ficar pronto para fazer frente a guerra moderna, que é marcada pela Guerra Cibernética e de Informações. Dessa forma, são apresentados o cenário geopolítico do entorno estratégico japonês, a sua política de segurança e de defesa e os conceitos da sua nova estratégia de defesa.
Em nossa análise, o Livro Branco de Defesa japonês de 2022 juntamente com a pesquisa citada anteriormente demonstram claramente a percepção do Japão de que o país se encontra sob forte ameaça, o que justifica o aumento dos gastos militares e a mudança na postura pacifista.
Outro detalhe é que a marinha dos EUA não possui, atualmente, a hegemonia na região - não tem mais o comando do mar - além de possuir outros compromissos de defesa com os seus aliados no Indo-Pacífico, como a Austrália e Taiwan, fazendo com que o Japão se sinta impelido a diminuir a sua dependência da proteção estadunidense.
Nesse sentido, ao se analisar os investimentos programados para as FAD, podemos inferir que o Japão, em médio prazo, se transformará em uma potência naval relevante na região do Pacífico Ocidental, o que poderá aumentar ainda mais o poder de combate das forças navais consideradas como possíveis oponentes.
É digno de nota que a China vem condenando veementemente a nova postura militar japonesa, pois entende que isso aumentará a tensão na região.
O Blog é de opinião que a nova postura militar japonesa, em que pese trazer mais instabilidade para o Pacífico Ocidental, é consequência das posturas agressivas da China, Rússia e da Coreia do Norte, o que é potencializado pelo fato do Japão ser o principal aliado dos EUA na região.
Dessa forma, em nossa visão, é importante manter o acompanhamento de como o Japão militarizado poderá impactar no surgimento de crises militares.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para ajudar as nossas análises:
Matéria de 02/05/2022:
Matéria de 27/08/2022:
Matéria de 22/12/2020:
Matéria de 01/12/2021:
Matéria de 13/11/2021:
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