O Afeganistão tem vivenciado um período de mais de 30 anos de conflitos, sendo os mais marcantes na memória do cenário mundial, a invasão e derrocada das tropas da ex-União Soviética, onde ao final surge o movimento Talibã, e a invasão dos EUA por ocasião do ataque da Al Qaeda ao World Trade Center.
O país tem como característica a divisão em regime tribal onde se destacam os Pashtun, Tajik, Hazara e Uzbek, e devido as décadas de conflito tornou-se extremamente dependente de ajuda econômica estrangeira, além de apresentar grandes problemas de infraestrutura, fazendo com que a população sofra com interrupção de energia, falta de água e um elevado nível de desemprego e miséria.
Após a retirada das tropas soviéticas, o Afeganistão mergulha no caos e os protagonistas da guerra contra a ex-URSS, chamados de "mujahedins" começam a lutar entre si pelo poder, sendo conhecidos pelos afegãos como os "senhores da guerra", transformando o país e a sua capital em um campo de batalha, bem como levando muito sofrimento a população civil.
É nesse cenário que os talibãs, ou estudantes na língua Pashtun, surgem no norte do Paquistão e começam a influenciar o Afeganistão. Tinham como objetivo restaurar a paz e a segurança, além de implementar uma versão rígida da sharia (lei islâmica) como o código a ser seguido no país.
Para tanto usam a força para alcançar os seus objetivos. No início de sua campanha, acabam conquistando a simpatia da população afegã, pois conseguiram neutralizar os "senhores da guerra", conseguindo restabelecer a ordem interna. Porém, com o passar do tempo tornam-se cruéis com os que não seguem os seus preceitos.
Possuem grande influência saudita, sendo o seu poderio militar mantido à custa de apoio externo, notadamente dos paquistaneses e dos árabes, e mais recentemente dos iranianos. É importante ressaltar que uma parte dos recursos financeiros que é utilizado pelo grupo é proveniente da venda do ópio produzido no país.
Convém mencionar que os talibãs foram muito importantes no combate ao estabelecimento do Estado Islâmico no país, e várias fontes alegam que nessa empreitada contaram com o apoio do Irã. Apesar de serem de vertentes muçulmanas antagônicas, possuíam o objetivo comum de impedir a expansão e a consolidação desse grupo extremista no Afeganistão, que faz fronteira com o Irã. Esse grupo poderia, posteriormente, realizar ofensivas em direção ao território iraniano.
Em que pese a superioridade do poderio militar dos EUA e de seus aliados da OTAN, o grupo talibã é a principal força militar afegã, controlando boa parte do país.
Com a assinatura do acordo de paz entre os EUA e o Talibã, inicia-se a retirada das tropas estadunidenses, possibilitando o retorno desse grupo ao poder. Tal movimento por parte dos EUA deve-se à promessa de Donald Trump por ocasião de sua campanha em 2016, bem como devido a aproximação da nova eleição presidencial. Nesse sentido, o acordo coloca em risco o frágil regime democrático afegão, e isso está preocupando parcela da população.
O governo do país e o grupo talibã iniciarão negociações sobre a futura situação política afegã. Para tanto, foi acordado que seria necessária a soltura dos prisioneiros de ambas as partes, o que está acontecendo.
O Talibã alega, novamente, que o seu intento é trazer paz e prosperidade ao Afeganistão, mas a história mostrou que após chegar ao poder, agiu de forma diferente ao discurso. O grupo nunca reconheceu nenhum governo afegão eleito democraticamente.
O Blog é de opinião que o Talibã encerrará o período democrático no Afeganistão, e tentará instalar um governo teocrático. Outrossim, podemos ver a tentativa iraniana de se aproximar desse grupo como o intuito de evitar problemas com grupos fundamentalistas sunitas em sua fronteira, bem como tentar diminuir a influência da Arábia Saudita num futuro governo afegão.
O Afeganistão foi palco das disputas geopolíticas entre EUA e ex-URSS (Guerra Fria), e agora poderá ser entre Irã e Arábia Saudita. Não podemos nos esquecer que o país vivenciou intensamente a Guerra ao Terror. Nos resta acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, pois o futuro afegão é totalmente incerto.
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Seguem alguns vídeos para nossa análise:
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