A Arábia Saudita tem demonstrado sinais de declínio de seu poder e de influência no mundo árabe. O que parecia uma promessa de modernização e transformação do país com o aparecimento no cenário politico do príncipe Mohammed Bin Salman (MBS), se tornou uma catástrofe por meio de decisões equivocadas, seja pela condução da Guerra do Iêmen, seja pelo assassinato, no consulado saudita na Turquia, do jornalista Khashoggi que era contrário a esse governo, além de outros eventos. Tais decisões têm "arranhado" a imagem da Arábia Saudita no cenário internacional.
Aliado a isso, os EUA, desde 2010, têm se distanciado um pouco do regime saudita, principalmente após o governo estadunidense ficar autossuficiente em petróleo e gás (shale gas) originado pela descoberta de grandes reservas de xisto. Esse distanciamento continuou na administração de Donald Trump, em que pese a compra bilionária de armamentos estadunidenses pelos sauditas, bem como ser um aliado contra o regime do Irã, em que vive uma relação de "Guerra Fria", e que foi comentado no Blog na postagem: Guerra fria muçulmana: Arábia Saudita x Irã, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/guerra-fria-muçulmana-arábia-saudita-x-irã . Além disso, é do conhecimento em geral que o governo saudita incentiva a difusão da versão islâmica wahabita, que é uma vertente ultraconservadora do islã, e que serve como guia e justificativa para muitos grupos terroristas islâmicos fundamentalistas.
O Estado saudita vem apresentando, desde 2015, vulnerabilidades econômicas, e que estão sendo potencializadas pela redução do preço do barril do petróleo, que ocorreu neste ano, bem como pela pandemia que atingiu a economia mundial.
A diminuição da exportação de petróleo, aliada a queda do preço do barril do petróleo afetam de forma relevante a economia saudita:
No gráfico abaixo, podemos ver que a população está crescendo, mas sem a contrapartida de geração de empregos. Ademais, existe uma população educada, mas desempregada:
Neste gráfico podemos ver a queda do PIB, bem como o estabelecimento pelo governo de imposto para venda de bens, que antigamente não existia. Além disso, foi cancelado o subsídio mensal que o governo dava a população:
O débito saudita vem crescendo, e conforme vimos acima o seu PIB está diminuindo:
Desde 2015, a Arábia Saudita vem adotando medidas de economia que vêm se refletindo em seu orçamento de defesa, mas que ainda continua alto apesar de estar diminuindo:
Neste cenário, vários analistas informam que a era dos Saudi no poder estaria chegando ao fim, e com isso a aproximação com Israel poderia ser uma espécie de "tábua de salvação" para resolver muitos de seus problemas, bem como continuar no poder:
melhorar a relação com os EUA;
aliança militar contra o inimigo comum. Onde o Irã tem aumentado a sua esfera de influência por meio dos seus proxies, com o intuito de tornar realidade a ideia do Arco Xiita, também abordado no Blog na postagem: O Arco Xiita, desejo geopolítico do Irã, e os impactos no Oriente Médio, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/o-arco-xiita-desejo-geopolítico-do-irã-e-os-impactos-no-oriente-médio ;
melhorar a sua imagem no cenário internacional ajudando no processo de paz no Oriente Médio, principalmente na incerteza do resultado da eleição presidencial dos EUA;
incrementar a sua economia com uma nova parceria comercial com Israel.
Dessa forma, os analistas políticos acreditam que a assinatura de normalização das relações entre Israel com os Emirados Árabes Unidos e com o Barein tenha sido um prelúdio da assinatura entre Israel e Arábia Saudita, sendo um passo calculado e pensado há algum tempo. Com isso, a população saudita iria sendo preparada, bem como o mundo árabe.
O Blog concorda com as análises políticas acima, e acredita que num futuro próximo a Arábia Saudita assinará o acordo de normalização das relações com Israel. Nesse diapasão, o governo saudita apoiará a criação de um Estado Palestino com fronteiras bem diferentes as previstas anteriormente, que eram baseadas em 1967, e que faz parte do plano de paz proposto recentemente pelos EUA e Israel. Além disso, tal aproximação dos Estados árabes do Golfo com Israel, colocará uma grande pressão sobre o regime de Teerã, e iniciará uma nova era na região do Oriente Médio, que não necessariamente será de paz.
Ademais em nossa postagem: O acordo entre Israel e Emirados Árabes Unidos e seus possíveis impactos geopolíticos, disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/o-acordo-entre-israel-e-emirados-árabes-unidos-e-seus-possíveis-impactos-geopolíticos , ratificamos as nossas análises, principalmente no tocante que os palestinos não são prioridade para os Estados Árabes, e que o Irã aumentará a sua influência sobre a palestina.
Qual a sua opinião? A Arábia Saudita assinará o acordo com Israel?
Seguem alguns vídeos para auxiliar as nossas análises:
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O documentário a seguir pertence ao primeiro canal de televisão Xiita de língua inglesa, e foi lançado no Reino Unido em 2009:
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