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A relação conturbada entre a Rússia e a OTAN - dilema para os EUA?


Figura disponível em: http://www.nato.int/nato_static_fl2014/assets/pictures/stock_2016/20160915_160915-nato-rus-flags_rdax_775x440.jpg

No período da Guerra Fria a aliança militar da OTAN e a ex-União Soviética - URSS tinham relações tensas e marcadas por desconfiança. Porém, com o fim desse período houve um pequeno distensionamento da tensão até a assunção de Vladimir Putin ao poder.

Putin conseguiu colocar a Rússia como um protagonista geopolítico, e revitalizou a capacidade militar do país que estava em decadência. Desde que assumiu a liderança do Estado russo, tem como nítida preocupação evitar a contenção que estava sendo feita pelos ocidentais, e para tanto adotou uma postura assertiva e agressiva, inclusive com intervenções e ameaças de intervenção em territórios de países do seu entorno, como foi com a Georgia e com a Ucrânia, bem como aumentando a sensação de insegurança dos Estados bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia), e de outros países da Europa Oriental, como a Polônia. Ademais, Putin tenta criar Estados "tampão" ou buffer zone contra a OTAN, visando incrementar a segurança russa. Além do mais, usa a ameaça do uso da força, caso algum desses Estado "tampão"entre para a OTAN.

Tal postura ensejou a realização de grandes exercícios militares por parte da OTAN, com o intuito de se preparar para uma possível agressão, além dos exercícios serem uma mensagem aos russos. O Blog analisou esse assunto no artigo "O renascimento russo e a ameaça à Europa", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/o-renascimento-russo-e-a-ameaça-à-europa.

É nítido e notório que o desgaste entre a OTAN e a Rússia aumentou em 2014 com a anexação da Crimeia pelos russos, bem como com a adoção da Guerra Híbrida pelo governo de Moscou contra os países do ocidente pertencentes à aquela aliança. Outrossim, os assassinatos e as tentativas de homicídio de oposicionistas pela agência de inteligência GRU, em território europeu, potencializaram o desgaste.

Nesse sentido, a OTAN vem afirmando que a Rússia é a sua principal ameaça, sendo a China encarada como um desafio, diferentemente do pensamento estadunidense que encara a China como o seu principal adversário, e com isso tenta convencer a aliança e a Europa a encarar dessa mesma forma. Essa análise foi realizada pelo Blog no artigo "OTAN 2030 - possíveis impactos geopolíticos no cenário internacional. O Brasil será impactado?", acessível em https://www.atitoxavier.com/post/otan-2030-possíveis-impactos-geopolíticos-no-cenário-internacional-o-brasil-será-impactado.

Neste ano, observamos vários episódios de tensão entre as partes, e que citaremos alguns como:

- a problemática no Mar Negro que envolveu a Rússia e o Reino Unido, bem como o exercício SEA BREEZE 2021 que abordamos nos artigos "Exercício Sea Breeze 2021: mensagem à Rússia sobre a questão ucraniana. Tensão aumenta no Mar Negro"e "Rússia e Reino Unido: tensão no Mar Negro - qual a verdade dos fatos?", disponíveis respectivamente em https://www.atitoxavier.com/post/exercício-sea-breeze-2021-mensagem-a-rússia-sobre-a-questão-ucraniana-tensão-aumenta-no-mar-negro e https://www.atitoxavier.com/post/rússia-e-reino-unido-tensão-no-mar-báltico-qual-a-verdade-dos-fatos;

- o aumento da tensão entre a Ucrânia e a Rússia, que analisamos nosso artigo "Ucrânia e a manobra geopolítica russa", disponível em https://www.atitoxavier.com/post/ucrânia-e-a-manobra-geopolítica-russa;

- a tentativa de assassinato do oposicionista russo Alexey Navalny, e que comentamos no nosso artigo "A eliminação dos dissidentes russos e os impactos geopolíticos para a Rússia", que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/a-eliminação-dos-dissidentes-russos-e-os-impactos-geopolíticos-para-a-rússia;

Recentemente, em 07 de outubro, a OTAN expulsou 8 diplomatas russos que faziam parte da missão da Rússia junto à aliança sob a alegação de estarem realizando espionagem, bem como apoiando operações especiais em solo europeu. Tais alegações teriam sido provenientes de fontes de inteligência.

Essa medida gerou uma resposta do governo de Moscou mais enérgica, onde suspenderá a missão diplomática da OTAN em território russo, o que na prática significa que a partir de 01 de novembro não haverá um canal formal de comunicação entre ambos para resolver ou esclarecer possíveis problemas. A partir dessa data, caso haja alguma necessidade de comunicação, deverá ser utilizada a embaixada da Bélgica em Moscou.

Após o anúncio da retaliação russa, a OTAN, em reunião de 21 de outubro, discutiu a urgência da elaboração de uma estratégia para fazer frente a uma possível agressão dos russos, principalmente nas regiões do Báltico e do Mar Negro, em qualquer ambiente operacional, inclusive o cibernético.

Nesse sentido, o Blog acredita que haverá um aumento da sensação de insegurança na Europa, e ratificará a Rússia como a principal ameaça militar da região, bem como a paz e a segurança mundial, como afirmado no artigo "Rússia: a principal ameaça a paz e a segurança internacional no atual cenário mundial", que pode ser acessado em https://www.atitoxavier.com/post/rússia-a-principal-ameaça-a-paz-e-a-segurança-internacional-no-atual-cenário-mundial.

Destarte, podemos compreender como o recente episódio contribuiu para que a Rússia e a OTAN chegassem ao nível mais baixo de suas relações desde o período da Guerra Fria entre os EUA e a ex-URSS.

Convém mencionar que a Rússia vem realizando grandes exercícios militares com países aliados, como o grande exercício com a Bielorússia em setembro deste ano, e que causou preocupação na OTAN.

Em que pese a existência dessa tensa relação entre a OTAN e a Rússia, bem como os EUA fazerem parte da aliança e de considerarem os russos como uma ameaça militar, a percepção do Blog é que os estadunidenses olham com mais preocupação para o Indo-Pacífico, e têm o seu foco na China.

Não podemos esquecer que os russos e chineses têm estreitado suas relações, apesar da desconfiança entre eles, realizando vários exercícios militares, e causando inquietação aos aliados estadunidenses no Pacífico, como o exercício naval sino-russo, iniciado em 17 de outubro, envolvendo 10 navios nas proximidades das águas jurisdicionais japonesas da Ilha de Kyushu.

Dessa forma, a percepção do Blog, publicada no artigo "Ameaça as democracias ocidentais: onda que vem do Oriente" acessível em https://www.atitoxavier.com/post/ameaça-as-democracias-ocidentais-onda-que-vem-do-oriente, de que a Rússia e a China estariam unidas e "jogando"geopoliticamente de forma coordenada, com o intuito de provocar e testar os limites dos EUA e de seus aliados, bem como o de atingir os seus objetivos nacionais ganha força, pois abre duas frentes, sendo uma na Europa e outra no Pacífico, sendo a Europa uma maior emergência para a OTAN, formada em sua maioria por países europeus, e o Indo-Pacífico para os EUA, o que se pode configurar um dilema para o governo de Washington.

O Blog é de opinião de que o recente episódio entre a OTAN e a Rússia traz inquietação geopolítica à Europa, e que a possibilidade de um iminente ataque russo é pouco provável.

Outrossim, a Rússia intenciona enfraquecer a relação entre os EUA e os seus aliados, aproveitando o distanciamento político dos EUA com a Europa iniciado no governo Trump, abrindo duas frentes, causando um dilema para os EUA.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar em nossa análise:

Matéria de 18/10/2021:

Matéria de 22/10/2021:

Matéria de 18/10/2021:

Matéria de 21/10/2021:

Matéria de 22/10/2021:

Matéria de 19/10/2021:

Matéria de 12/09/2021:


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