Convém mencionar que em fevereiro deste ano, o governo dos EUA e o Talibã assinaram um acordo, considerado por muitos como histórico, para encerrar o conflito no Afeganistão que já dura 18 anos. O acordo prevê a retirada das tropas dos EUA e dos seus aliados num prazo de 14 meses, desde que os militantes mantenham o combinado de não permitir que grupos extremistas operem em seus territórios, bem como não ataquem as tropas ocidentais. Uma das causas do acordo está relacionada com a promessa de campanha, de 2016, de Donald Trump em trazer as suas tropas para casa.
No contexto da competição entre as Grandes Potências, a inteligência dos EUA afirma que o governo russo ofereceu recompensas à grupos talibãs pela morte ou captura de soldados britânicos e estadunidenses. Tal notícia caiu como uma "bomba" no governo de Trump, sendo um grande teste de como reagirá a essa séria acusação. Algumas fontes indicam que o presidente estadunidense tinha tomado conhecimento da informação, mas não quis adotar nenhuma resposta.
Várias investigações encontraram evidências de transferências de dinheiro para os Talibãs, tendo como origem à inteligência russa Glavnoye Razvedyvatel'noye Upravleniye (GRU ) ou Direção Central do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia que é a principal agência de inteligência das forças armadas da Rússia, e que acredita-se que foi crucial na anexação da Crimeia. Além disso, o governo russo é acusado de vender armas para os Talibãs.
Os objetivos geopolíticos russos nesse movimento seriam:
aumentar a sua influência junto aos Talibãs que têm grande chance em assumir o poder, em que pese o fato de terem lutado um contra o outro por ocasião da ocupação russa;
caso os Talibãs assumam o poder, eles teriam maior disposição em impedir o estabelecimento do grupo extremista Estado Islâmico no Afeganistão, sendo um fator importante para a segurança dos países que fazem fronteira ao norte com o território afegão, e que são importantes para a Rússia, devido a estarem em sua área de influência, bem como dela própria;
desgastar o governo estadunidense nas proximidades das eleições, como resposta a todas as sanções econômicas vem sofrendo, e que são de iniciativa dos EUA;
resposta russa pela morte de mercenários de sua nacionalidade na guerra da Síria por tropas dos EUA. Tais mercenários têm ligação com o governo de Putin, e com o serviço de inteligência russa. Sugiro a releitura da postagem: Seção Inteligência: Os mercenários russos (disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/seção-inteligência-os-mercenários-russos ).
O governo de Putin nega veementemente as acusações, e alega que tratam-se de notícias falsas de grupos políticos que não têm interesse na retirada das tropas dos EUA do Afeganistão, e com isso seria uma vítima nessa trama. O grupo Talibã também nega as informações.
O Blog acredita que estamos assistindo à uma "Guerra de Informação" entre os EUA e a Rússia, e que devemos acompanhar atentamente o desenrolar dos acontecimentos, pois, caso seja comprovado o ato, acreditamos que deverá ocorrer sérios desdobramentos com alguma retaliação estadunidense, pois poderia ser considerado como um ato de agressão russo.
Qual a sua análise sobre o tema? Acredita que os russos realmente ofereceram recompensas pela morte de soldados estadunidenses e britânicos? Haverá alguma retaliação dos EUA?
Seguem alguns vídeos para a nossa análise (legendas podem ser inseridas em alguns vídeos):
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