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A nova configuração do Oriente Médio: bipolaridade Irã x Israel. Parte III - incertezas.


Figura disponível em https://www.economist.com/content-assets/images/20240406_MAM988.png

No nosso artigo "A nova configuração do Oriente Médio: bipolaridade Irã x Israel. Parte II - "olho por olho", será que todos ficarão cegos?", de 20 de abril de 2024, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-nova-configuração-do-oriente-médio-bipolaridade-irã-x-israel-parte-ii-olho-por-olho-será-qu, realizamos várias análises, dentre elas, afirmamos que, a partir de abril de 2024, as ações e reações entre esses países inaugurariam uma nova era geopolítica na região, e com isso as operações militares deveriam ser muito bem pensadas e planejadas, visando evitar um conflito de alta intensidade, em que todos perderiam.

Nesse sentido, o governo israelense tomou a iniciativa das ações ao assassinar, em 31 de julho, o líder político do grupo terrorista HAMAS, Ismail Hanieyh, em território iraniano - Teerã. Assim, em nossa visão, Israel, em que pese ter eliminado um líder inimigo importante, originou, novamente, uma crise militar, que poderá se transformar num conflito de alta intensidade.

Aparentemente, a ação militar israelense teria sido uma resposta ao ataque sofrido no território que ocupa nas Colinas de Golã - Majdal Shams - em que 12 crianças drusas foram vitimadas.

Em nossa análise, a ação israelense teve, também, a intenção de humilhar o governo de Teerã perante os seus aliados, mostrando ao mundo, notadamente o muçulmano, que ele não é capaz de proteger um relevante líder amigo, mesmo estando em seu território. A gravidade do ato foi potencializada, pois ocorreu logo após a assunção do novo presidente do Irã. É digno de nota que Israel também atacou, em 30 de julho, um comandante do Hezbollah - Muhsin Shukr - em Beirute, capital do Líbano.

Dessa forma, os sites Critical Threats - CT e Institute for the Study of War - ISW apresentaram uma relação (ver figura abaixo) com os possíveis alvos israelenses que poderão ser atacados pelo Irã em caso de conflito. Tal lista de objetivos militares foi baseada na informação promulgada pela mídia iraniana DEFA press, que pode ser lida no link https://defapress.ir/en/news/84861/the-list-of-possible-targets-of-the-axis-of-resistance-in-the-occupied-territories.


Figura disponível em https://www.criticalthreats.org/analysis/iran-update-august-5-2024

Nesse contexto, a prontidão israelense foi colocada em alerta máximo, sendo convocados mais reservistas. Convém mencionar que as forças armadas de Israel têm uma grande dependência dos seus reservistas, são pessoas comuns e que precisam trabalhar para poderem sustentar as suas famílias.

Portanto, podemos concluir que a estrutura militar de Israel foi feita para guerras de curta duração, pois a sua capacidade tecnológica e poder de destruição fariam uma grande diferença na área de operações, contribuindo para uma estratégia de vitória rápida.

Cabe mencionar que os EUA vêm mobilizando a sua força militar (naval e aérea) para o Oriente Médio, visando proteger o seu aliado israelense, bem como os seus interesses na região, ainda mais quando algumas de suas bases no Iraque sofreram ataques de milícias iraquianas aliadas dos iranianos.

Logo, verificamos um aumento da instabilidade na região, pois o Irã prometeu retaliar Israel pelo atentado contra um aliado em seu território.

Figura disponível em https://www.understandingwar.org/backgrounder/iran-update-august-6-2024

Assim sendo, o atual conflito Israel x HAMAS, que iniciou em 07 de outubro de 2023, completou dez meses de duração, sem uma previsão de término, com os seguintes impactos em Israel:

  • crescente perda de popularidade, interna e externa, do governo. Cabe informar que a Turquia se uniu à África do Sul no caso de acusação de genocídio perante a Corte Internacional de Justiça;

  • impacto negativo na economia; e

  • grande desgaste dos reservistas, tanto físico-psicológico quanto econômico, que, teoricamente, não estão preparados para conflitos de longa duração.

Com o exposto, o desgaste apresentado pelos reservistas, perante um ataque em possíveis múltiplas frentes do chamado "eixo da resistência"(Irã - Hezbollah - Houthis - Milícias Iraquianas - HAMAS) pode ser considerado como uma vulnerabilidade importante, o que ressalta a importância do apoio estadunidense, e consequentemente a dependência israelense.

Figura disponível em https://www.ifmat.org/01/31/iran-network-of-terror-proxies-across-the-middle-east/

Conforme alguns analistas informam, ainda existem batalhões do HAMAS operacionais, o que pode ser comprovado pelo ataque de hoje (07 de agosto) às tropas israelenses em Rafah, em que pese o grupo terrorista ter tido a sua capacidade de combate diminuída.

A figura a seguir nos mostra a vertente militar do HAMAS:

Figura disponível em https://www.jewishvirtuallibrary.org/background-and-overview-of-hamas

Nesse cenário, a escalada para um conflito de maior intensidade no Oriente Médio dependerá, agora, da resposta iraniana. Situação similar a analisada por nós no artigo "A nova configuração do Oriente Médio: bipolaridade Irã x Israel. Parte II - "olho por olho", será que todos ficarão cegos?".

Outrossim, naquele episódio, o governo de Teerã, como analisamos no artigo acima, deu uma resposta calculada para ao mesmo tempo ser forte e não escaladora para uma guerra aberta. Não sabemos se agora os iranianos agirão da mesma forma, pois o contexto atual é mais complexo que o anterior, o que gera um período de incertezas.

Portanto, como o pensamento do Oriente Médio é de não demonstrar fraqueza, ou seja, impera a lógica da força e de governos fortes, acreditamos que é muito provável, mais de 90% de probabilidade de ocorrer, que haja uma retaliação iraniana contra Israel.

Além disso, outros atores importantes estão envolvidos nessa atual crise, como a Rússia, que enviou, no dia de 05 de agosto, o seu chefe do Conselho de Segurança Nacional - Sergei Shoigu - ao Irã para tratar de assuntos estratégicos. É interessante pontuar que têm ocorrido voos constantes de aeronaves com capacidade de transporte de material, aparentemente IL-76, da Rússia para o Irã.

Dessa forma, várias fontes de informação de defesa alegam que os russos estariam fornecendo armamento e sistemas de guerra eletrônica aos iranianos para se prepararem adequadamente na sua retaliação à Israel.

Agora cabe saber se, dependendo da resposta iraniana e das reações de Israel e dos EUA, se todos ficarão cegos, como questionamos no título do artigo citado anteriormente.

O Blog é de opinião que há todos os ingredientes para a ocorrência de um conflito de alta intensidade no Oriente Médio. Ademais, a nossa percepção é que o atual governo israelense estaria fomentando a escalada da crise, visando a manutenção de Benjamin Netanyahu no poder.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:

Matéria de 05/08/2024:

Matéria de 07/08/2024 - este vídeo mostra o desgaste internacional do governo israelense:

Matéria de 07/08/2024:

Matéria de 07/08/2024:

Matéria de 06/08/2024:

Matéria de 07/08/2024:

Matéria de 06/08/2024:



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