O Blog vem acompanhando a implementação da aliança AUKUS, formada pelos EUA, Austrália e Reino Unido, que, smj, é uma aliança estratégica para conter o expansionismo chinês na região do Indo - Pacífico, por meio de uma estratégia de dissuasão empregando submarinos de propulsão nuclear.
Assim, em nosso artigo "A nova aliança AUKUS, o desbalanceamento do Poder Naval, e os possíveis impactos geopolíticos", de 28 de setembro de 2021, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-nova-aliança-aukus-o-desbalanceamento-do-poder-naval-e-os-possíveis-impactos-geopolíticos, analisamos a formação da nova aliança e afirmamos que como a AUKUS altera o balanço do poder militar na região em favor dos aliados dos EUA, esperamos que o governo de Pequim aumente os investimentos do seu poder militar, podendo impactar em sua economia. Ademais, apresenta um Poder Naval considerável, que traz certo alívio a Austrália, pelos laços militares históricos que esses países do AUKUS possuem entre si, como a participação em conflitos lutando sempre alinhados aos EUA. Nesse sentido, a tensão na região do Pacífico continuará muito elevada. Em que pese não acreditarmos num conflito no curto prazo, pois não é interessante para nenhuma das partes envolvidas. Com isso, qualquer erro de cálculo por uma delas poderá escalar a tensão, criando uma crise militar que tem probabilidade, se não for bem conduzida, de escalar para um conflito.
Outrossim, na entrevista "A aliança Aukus e os seus impactos geopolíticos - participação no Canal Ao Bom Combate", que concedi em 20 de novembro de 2021, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-aliança-aukus-e-os-seus-impactos-geopolíticos-participação-no-canal-ao-bom-combate, analisei os seus impactos geopolíticos no cenário internacional, inclusive para o Brasil.
Dessa forma, no dia 13 de março foi anunciado, num encontro entre os líderes da AUKUS em San Diego - EUA, que a sua implementação se dará em três fases:
- Fase 1: aumento da presença de submarinos britânicos e estadunidenses nos portos australianos, o que em nossa análise contribuirá com o apoio logístico a esses meios navais, contribuindo para a ação de presença no Pacífico. Além disso, haverá o incremento da parceria entre as forças de submarinos australiana, britânica e estadunidense, com o embarque de submarinistas australianos nos submarinos dos outros dois países da aliança, visando proporcionar experiência na condução de um submarino nuclear, bem com nos procedimentos e táticas. Essa fase também marca o início dos investimentos do governo australiano nos estaleiros dos EUA, visando a construção dos submarinos Classe Virgínia, bem com em seu país para a fase 3;
- Fase 2: criação da Força Rotacional Submarina Ocidental, ou Submarine Rotational Force West, que consiste numa força combinada de submarinos nucleares britânicos e estadunidenses que atuará na região marítima do Indo - Pacífico. Ademais, por volta de 2030, a Austrália adquirirá cerca de 3 a 5 submarinos Classe Virgínia, construídos nos EUA; e
- Fase 3: desenvolvimento e construção de uma nova classe de submarino nuclear, quase em paralelo com a fase 2 acima, chamada AUKUS, entre a Austrália e o Reino Unido, com assistência técnica dos EUA, em que o primeiro será construído nos estaleiros britânicos até 2030, e outro nos estaleiros australianos até 2040.
Dessa forma, ao olharmos a fase 2, vemos que será a segunda vez na história dos EUA, que este país compartilhará uma tecnologia extremamente sensível com um aliado - a última vez foi em 1958 com o Reino Unido (tecnologia de desenvolvimento de submarino nuclear), demonstrando a confiança e a importância que a Austrália possui junto aos EUA. Afinal eles estão juntos em várias parcerias estratégicas como: QUAD - Five Eyes - AUKUS, dentre outras.
Podemos concluir, ao lermos com atenção as fases acima, que existem vários desafios: investimentos elevados de recursos financeiros - compartilhamento de tecnologia sensível, sem que haja comprometimento das informações para os chineses - cronograma de implementação.
Dentre os desafios, o que nos chamou mais atenção foi o cronograma de implementação, pois a AUKUS pode ser considerada uma estratégia de dissuasão para os curto e médio prazos (2030 - 2040), pois a China pretende realizar o seu projeto "sonho chinês" até 2049.
Além dos submarinos, não podemos nos esquecer que a AUKUS implementará parcerias no tocante a outras áreas estratégicas como: cibernética, inteligência artificial, tecnologia quântica computacional e desenvolvimento de drones submarinos.
Logo, esse cenário apresenta uma corrida armamentista, notadamente no ambiente marítimo do Indo - Pacífico, entre a China e os países da AUKUS. Portanto, esperamos uma maior parceria estratégica, na região do pacífico, entre os russos, chineses e norte-coreanos, visando fazer frente a essa aliança ocidental, que conta com a simpatia de outros países da região como o Japão.
Existem informações, ainda sem confirmação oficial, que possivelmente a França poderá se juntar ao programa de desenvolvimento do futuro submarino nuclear classe AUKUS, conforme uma das fontes abertas, Naval News em 01 de abril, abaixo:
The French government has joined the previously trinational AUKUS submarine program. Australia, the United Kingdom and the United States are already involved in the 368 billion dollar project. The plan is to build and deliver a new class of nuclear-powered attack submarine for the respective navies. Now the French Navy (Marine Nationale) could receive up to four submarines under the plans. [...] It is unclear whether the French boats will be exactly like their Anglo-Saxon counterparts, or slightly slimmer. [...] The upgraded program will be renamed FUKUS after France joins. Following the expected formal announcement, the submerge à trois will become a submerge à quatre (fonte: https://www.navalnews.com/naval-news/2023/04/france-joins-aukus-submarine-program/)
O Blog é de opinião que a aliança AUKUS é uma estratégia de dissuasão de curto prazo, que possui muitos desafios a serem superados, e que aumentará a tensão na região do Indo - Pacífico, impactando na segurança mundial. Assim, um erro de qualquer uma das partes poderá levar a uma crise militar com uma possível escalada para um conflito, o que não é desejável para nenhuma das partes envolvidas.
Entretanto, como vivemos num mundo menos seguro e mais imprevisível, torna-se complexo prever o que poderá acontecer até 2030, em que veremos a região do Indo - Pacífico mais militarizada e em meio de uma corrida armamentista mais agressiva.
Qual a sua opinião?
Seguem os vídeos abaixo para ajudar em nossas análises:
Matéria de 15/03/2023:
Matéria de 14/03/2023:
Matéria de 13/03/2023:
Matéria de 16/03/2023:
Matéria de 12/03/2023:
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