A atividade da mineração ilegal de ouro tem crescido na América do Sul nos últimos anos e se apresentada a cada dia de forma mais sofisticada. Isso pode ser verificado pelo tipo de maquinário pesado empregado pelos garimpeiros, que requer maiores recursos financeiros para aquisição, deixando de ser um empreendimento quase artesanal para um tipo mais profissional.
Alguns estudiosos afirmam que, nos dias de hoje, a mineração ilegal é a nova "cocaína"sulamericana, onde Organizações Criminosas - ORCRIM estão tomando o controle da atividade, recrutando moradores das pequenas cidades amazônicas, e até mesmo utilizando criminosos. É digno de nota, que vários campos de garimpo ilegal utilizam a mão de obra escrava.
Esse tipo de crime, atualmente, é considerado um ilícito transnacional no nosso continente, e que pode originar tensões e conflitos entre Estados, conforme o Blog analisou em seu artigo "Tensão e conflito na região fronteiriça entre Venezuela e Colômbia", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/tensão-e-conflito-na-região-fronteiriça-entre-venezuela-e-colômbia , em que afirmamos que as FARC e outros grupos guerrilheiros, como o Exército de Libertação Nacional - ELN, se enveredam no tráfico de drogas, se transformando em narcoguerrilha, ficando a disputa ideológica em caráter secundário, em detrimento da atividade econômica lucrativa criminosa, e se ramificando para outros países da América do Sul por meio de aproximação com outros grupos criminosos do nosso continente, dentre eles o Brasil; que já existiam grupos colombianos, como a ELN, operando no interior venezuelano com a conivência do governo, transformando a Venezuela num hub internacional do tráfico colombiano, além de atuarem na atividade de mineração ilegal; tanto a ELN como as FARC (agora com o nome de Força Alternativa Revolucionária do Comum ou COMUNES) recrutam venezuelanos que habitam na fronteira, por meio de coerção ou de oferecimento de comida e remuneração financeira, para engrossarem as suas fileiras, e estima-se que cerca 30% dos insurgentes é composta por venezuelanos; e que a situação de conflito na região fronteiriça entre a Venezuela e a Colômbia deve ser acompanhada pelo nosso Ministério da Defesa, devido a uma possível entrada desses narcoguerrilheiros em nossa região amazônica, buscando refugio em nosso território, caso a Venezuela tenha sucesso no combate a esses grupos.
Ao olharmos o mapa acima, podemos observar que a ELN controla a mineração ilegal em território venezuelano que fica nas proximidades com o Brasil, e notadamente no entorno da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, onde estão acontecendo conflitos entre garimpeiros ilegais, comunidades indígenas e forças policiais brasileiras.
É importante frisar que os garimpeiros enfrentaram a Polícia Federal, disparando contra essa força, numa atitude ousada e fora da normalidade. Tal atitude de desafio é típica de grupos criminosos organizados e não de pessoas que tentam a sorte no garimpo.
Acordo informações a ORCRIM conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital) estaria controlando a mineração ilegal de ouro em Roraima, e que algumas escaramuças entre os garimpeiros ilegais na região poderia ser uma disputa pelo controle da atividade entre o PCC e a ELN, o que não é confirmado. Além disso, o PCC estaria recrutando venezuelanos, que fugiram do regime de Maduro e exilaram em Roraima, para a sua facção, bem como tentando cooptar alguns indígenas brasileiros.
Dessa forma, verificamos que o modus operandi do PCC relativo a mineração ilegal de ouro é similar ao da ELN.
É interessante relembrar que, em 1991, o destacamento do Exército Brasileiro - EB localizado no Rio Traíra, que fica entre a Colômbia e o Brasil, foi atacado supostamente por militantes das FARC, que na época já tinham ligação com a mineração ilegal, o que ensejou uma operação combinada com a Colômbia na caça aos guerrilheiros.
Existe um histórico de confrontos entre as nossas tropas de fronteira e os narcoguerrilheiros colombianos. Tais episódios quase não foram abordados pela mídia brasileira, e que quando o fazem não valorizam o trabalho realizado pelas tropas diante das dificuldades impostas tanto pelo ambiente, quanto pelo poder político.
No fim desse artigo existe um vídeo que ilustra o confronto de 1991.
Convém mencionar que as reservas indígenas brasileiras são cobiçadas por criminosos, devido a pouca e difícil fiscalização, bem como a inadequada disponibilidade e permanência das forças policiais, o que acaba encorajando as atividades ilegais por parte das organizações criminosas, o que é muito similar ao que acontece nos nossos vizinhos amazônicos. Em que pese a localização dos pelotões de fronteira do EB, a quantidade de militares e as condições do material não são suficientes para cobrir toda a região amazônica.
Ademais, além da Colômbia e da Venezuela, a mineração ilegal está ocorrendo no Peru e na Guiana Francesa.
Nesse cenário, somos de opinião de que haverá uma escalada da violência na região pela disputa do controle do garimpo ilegal de ouro, e que poderá impactar tanto em nossas forças policiais (como já ocorreu com a PF), quanto com os nossos soldados do EB, pois a situação vem se deteriorando ao longo do tempo.
E caso seja comprovado que exista a influência da ELN, via Venezuela, na contenda pela atividade, isso poderá ocasionar uma tensão e crise militar na região fronteiriça entre as Forças Armadas brasileiras e venezuelanas, como vem ocorrendo entre os governos de Bogotá e Caracas, e mencionado por nós nessa matéria.
Convém relatar que em 1991 tanto o Brasil quanto a Colômbia somaram esforços para resolver o problema, mas na hipótese aventada acreditamos que o mesmo não se dará com a Venezuela.
O Blog é de opinião que devido ao descaso do poder político ao longo dos anos, por todos os governos, combinado com a dificuldade de patrulhamento e de fiscalização do espaço amazônico, as ORCRIM se transformaram em ameaça a soberania dos países da região, e que suas ações criminosas transnacionais podem originar tensões entre Estados vizinhos. Dessa forma, torna-se fundamental o estabelecimento de parcerias estatais para a devida repressão e controle.
Ademais, faz-se premente que o Estado brasileiro trate com seriedade a questão, pois os nossos sentinelas avançados, que são as comunidades indígenas, que possuem sentimento de orgulho e de pertencimento ao Brasil, ficarão a mercê dos grupos fortemente armados. Além disso, o devido combate a essa atividade controlada pelas ORCRIM contribuirá para evitar o desmatamento na Amazônia, bem como evitar o desgaste internacional. Todavia é fundamental desenvolver a região para evitar a captação de voluntários para as ORCRIM.
É preciso que a sociedade saiba e acompanhe o que acontece na região norte do país e apoie as forças envolvidas na proteção das nossas riquezas e do nosso pessoal que lá habita, pois o tema é muito pouco debatido nas esferas do poder brasileiro.
Qual a sua opinião?
Seguem alguns vídeos para as nossas análises:
Matéria de 25/05/2021:
Matéria de 10/07/2020:
Matéria de 13/12/2007. O vídeo a seguir informa sobre um ataque sofrido pelo Exército Brasileiro em 1991, no seu destacamento localizado no Rio Traíra, e que teria sido realizado por militantes das FARC. Esse é um episódio que boa parte da sociedade brasileira não teve conhecimento:
Matéria de 16/08/2011:
Matéria de 14/11/2017:
Matéria de 29/05/2021. Os vídeos a seguir foram selecionados pelo Blog, pois acabam sendo uma série sobre o problema que estava sendo acompanhado desde 2008, e como poderemos observar nada mudou ao longo do tempo, pelo contrário só piorou:
Matéria de 27/09/2017:
Matéria de 28/05/2013:
Matéria de 08/06/2008:
O nosso artigo está alinhado com a reportagem de hoje (04/10/2021) do G1. https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/04/guerrilheiros-colombianos-atravessam-fronteira-por-garimpo-ilegal-na-amazonia.ghtml