Os combates entre a Armênia e o Azerbaijão têm se intensificado nesses 4 dias de conflito, com o governo azeri afirmando que só haverá paz com a saída das tropas armênias da região de Nagorno-Karabakh, tal pronunciamento foi apoiado e ratificado pela Turquia, aliado do governo azeri. O início desse conflito foi abordado pelo Blog na postagem: "Conflito armado entre Armênia e Azerbaijão: nova disputa geopolítica entre Turquia e Rússia", disponível em: https://www.atitoxavier.com/post/conflito-armado-entre-armênia-e-azerbaijão-nova-disputa-geopolítica-entre-turquia-e-rússia .
Desde o início dos embates vários militares e civis têm sido vitimados, sobrecarregando os hospitais locais.
Informes dão conta que as tropas azerbaijanas estão conseguindo retomar partes do território sob controle armênio. Além disso, o governo armênio acusa o governo turco de estar participando do conflito por meio de emprego de aeronaves e drones em apoio as tropas azeris, inclusive alegando que o governo do Azerbaijão teria transferido o controle da ofensiva aérea aos turcos. A imprensa russa tem confirmado a participação turca nessa disputa.
O governo de Ankara nega veemente as acusações de que esteja participando ativamente no conflito, bem como acusa alguns governos, como a Grécia, Sérvia e Armênia, de estarem realizando uma "Guerra de Informações" com dados falsos contra a Turquia, onde uma das acusações seria que o governo turco estaria enviando ao conflito jihadistas sírios voluntários em apoio ao Azerbaijão.
É provável que a Armênia apele para a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), ou em inglês Collective Security Treaty Organization (CSTO) do qual faz parte, juntamente com a Rússia, solicitando apoio contra as ofensivas turco-azeri. Tal organização funciona como uma aliança político-militar contra possíveis agressões externas, com o intuito de oferecer segurança aos seus Estados membros. É digno de nota que a Rússia possui uma base militar na Armênia.
O Azerbaijão está confiante no sucesso de sua empreitada, pois confia no apoio turco. Por outro lado, o governo armênio sinalizou estar pronto para um cessar fogo, o que foi rejeitado pelo governo de Baku.
A Rússia tenta mediar a disputa, e pede que a Turquia não interfira no conflito. O Grupo de Minsk que foi criado, em 1992, para resolver pacificamente o problema na região não está tendo protagonismo na resolução do problema.
Convém lembrar que pela região passarão importantes oleodutos que serão patrocinados pela Europa Ocidental, e que se originam no Azerbaijão (Mar Cáspio), funcionando como um hub de petróleo e gás, via Georgia e Turquia, para o continente europeu. Dessa forma, a região se torna importante estrategicamente, servindo como uma fonte alternativa de fornecimento de gás para a Europa, sendo a implementação desses oleodutos uma estratégia de diversificação de recebimento de hidrocarbonetos, diminuindo, assim, a dependência europeia da Rússia. A Turquia com esses oleodutos se torna mais relevante para a Europa.
Sendo assim, não é do interesse russo a concretização de tais oleodutos, pois acabaria por diminuir a importância do seu projeto de construção de oleoduto chamado NORD STREAM 2, tendo origem na Rússia até a Europa (Alemanha), via o Mar Báltico. Os EUA não são favoráveis a esse projeto, e pressiona a Alemanha para que o oleoduto não prospere.
Nesse sentido, uma possível guerra de grandes proporções entre a Armênia e o Azerbaijão não é um problema isolado, mas de toda a Europa, pois atinge a segurança energética desse continente.
O Blog ratifica a sua análise do conflito, conforme postagem anterior sobre o assunto, bem como observa a repetição dos procedimentos utilizados na Guerra da Líbia e da Síria, com a utilização de drones, extensiva Guerra de Informação, uso de proxies (mercenários ou grupos simpatizantes), e sempre com o envolvimento de Estados externos ao conflito, visando atingir os seus objetivos geopolíticos. É esperado algum movimento russo em favor da Armênia, sem um envolvimento direto, em que pese ter relações amistosas, mas não muito próximas, com o Azerbaijão. Cabe-nos relembrar que os governos turco e russo estão envolvidos nos conflitos citados acima. Uma grande desestabilização na região poderia fortalecer a ideia do oleoduto russo NORD STREAM 2, tornando-a uma opção mais confiável, e mantendo a dependência europeia do gás russo.
Como podemos inferir, existem vários interesses geopolíticos envolvidos nessa região, principalmente dos governos turco, russo, iraniano, e estados europeus.
Acreditamos que a solução para o conflito passa por um acordo que seja benéfico e atenda aos governos de Moscou e de Ankara.
Qual a sua opinião? A Rússia participará do conflito nos mesmos moldes da Guerra da Líbia? Como terminará esse conflito?
Seguem alguns vídeos para as nossas análises:
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