Nas relações internacionais o responsável pela política externa de um país é o seu mandatário, sendo a sua visão de mundo implementada pelo setor de política externa, em alguns países chama-se Ministério das Relações Exteriores, em outros Secretaria de Estado e por aí vai. Dessa forma, torna-se fundamental estar atento as plataformas dos candidatos dos grandes atores globais, pois eles influenciam o status da geopolítica mundial, ainda mais agora em que estamos numa época de mundo menos seguro e mais imprevisível.
Neste sentido, as eleições dos EUA agendadas para novembro serão um acontecimento muito importante, ainda mais devido as relações EUA e China estarem em seu pior momento, e que com toda certeza os candidatos adotarão promessas de relações mais duras e tensas com o rival chinês, a fim de conquistar eleitores. Não podemos nos esquecer que também deverão vir a tona os temas Rússia e Irã.
Sendo assim, já podemos ver que Trump que está concorrendo a reeleição tenta culpar qualquer um pela problemática da pandemia da COVID-19 nos EUA, sendo o alvo predileto a China, dando origem ao jogo da culpa (blame game) potencializado pela "infodemia"(pandemia das informações), termo cunhado pela Organização Mundial da Saúde, em que os EUA alegam que o vírus surgiu em laboratório militar chinês nomeando o novo coronavírus, como "vírus chinês" ou "vírus de Wuhan", e a China, por outro lado, colocando a culpa nos EUA, dando origem a muitas fakenews. Outrossim, o outro objetivo do governo Trump era desgastar a imagem chinesa perante o cenário internacional. Tal infodemia obrigou a China a usar todo o seu softpower para tentar melhorar a sua imagem no mundo, bem como diminuir a desconfiança dos países.
Como todos os historiadores e estudiosos de geopolítica têm sido quase unânimes em afirmar que a atual pandemia está tendo como característica ser a catalisadora de grandes mudanças que já estavam em movimento, isso poderá fazer com que junto da eleição dos EUA, moldar o futuro da nova ordem mundial. Com isso, recomendo a releitura das postagens: O século XXI será o período da Ásia e do declínio dos EUA? A pandemia poderá ajudar nisso? e Os EUA e os desafios atuais para manter a hegemonia global.
O resultado da eleição presidencial poderá ser a continuação da política de isolacionismo estadunidense, só que mais profunda ou o retorno ao multilateralismo tendo os EUA como protagonista, diminuindo o espaço chinês. Porém, qualquer um dos resultados não deverá amenizar em curto e médio prazos a tensão geopolítica entre China e EUA.
Neste cenário, creio que a Europa será uma das mais impactadas pelo resultado das eleições estadunidenses, pois atualmente está muito enfraquecida, seja por problemas vividos na União Européia e que foram potencializadas pela pandemia (políticos, econômicos, ameaça russa, etc), seja pela disputa geopolítica entre EUA e China (mercado 5G, programa de investimentos chineses na infraestrutura européia etc).
O Brasil pode ficar numa posição muito incômoda dependendo do resultado das eleições dos EUA, caso o partido democrata obtenha sucesso, devido a política externa do atual governo. Além disso, deve-se ficar muito atento a essa disputa geopolítica, pois os EUA e a China são fundamentais para o nosso país por vários motivos (econômicos, defesa, segurança e infraestrutura).
As perguntas que ficam são: Quão pior serão as relações EUA e China após as eleições estadunidenses e os impactos no mundo? Qual será a posição brasileira nesse embate?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a análise (legendas podem ser inseridas):
Este vídeo fala sobre a problemática da Infodemia no mundo:
Esses vídeos mostram o jogo da culpa entre China e EUA:
Esses vídeos mostram a disputa entre os candidatos no tocante a futura política em relação a China:
Esse vídeo fala sobre como pandemia pode afetar a disputa entre EUA e China (revisão do que já tratamos em vários posts):
Visão chinesa sobre a disputa da futura eleição presidencial dos EUA:
Qual a sua opinião?
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