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A Emergência Climática e os seus possíveis impactos na Geopolítica Mundial. Parte III: o desafio da atual transição energética.


Figura disponível em https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/transicao-energetica-a-mudanca-de-energia-que-o-planeta-precisa#:~:text=Transi%C3%A7%C3%A3o%20energ%C3%A9tica%20consiste%20em%20passar,menos%20gases%20de%20efeito%20estufa.

O Blog em sua Seção Geopolítica Energética, disponível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/geopol%C3%ADtica-energ%C3%A9tica, tem analisado como a emergência climática vem impactando na Geopolítica Mundial, bem como a Geopolítica Energética tem sido usada pelos países para atingirem os seus objetivos estratégicos.

Conforme o nosso artigo "Geopolítica Energética e a Emergência Climática: crises, tensões, conflitos e perspectivas", de 05 de fevereiro de 2022, que pode ser lido em https://www.atitoxavier.com/post/geopolítica-energética-e-a-emergência-climática-crises-tensões-conflitos-e-perspectivas, afirmamos que entendemos a Geopolítica Energética como a estratégia adotada pelos Estados na disputa pela autossuficiência de energia, tendo um peso relevante no surgimento de tensões, crises e conflitos entre os Estados, impactando na Geopolítica Mundial. Além disso, também dissemos que ela é estratégica para a Segurança, Defesa e Desenvolvimento Nacionais.

Nesse sentido, o atual artigo é o terceiro da série: "A Emergência Climática e os seus possíveis impactos na Geopolítica Mundial". Assim, com o intuito de contextualizar o leitor sobre o assunto, seguem os dois primeiros:


-"A Emergência Climática e os seus possíveis impactos na Geopolítica Mundial", de 06 de outubro de 2020, disponível em https://www.atitoxavier.com/post/a-emergência-climática-e-os-seus-possíveis-impactos-na-geopolítica-mundial, afirmamos que o aquecimento global era um catalisador de tensões e conflitos entre países, para tanto os governos devem estar atentos a possíveis problemas relativos à suas soberanias, bem como as suas seguranças internas, e que uma de suas consequências tem sido a nova disputa geopolítica da região do Ártico (o Blog possui vários artigos sobre essa temática do Ártico e que podem ser lidos na Seção Geral, acessível em https://www.atitoxavier.com/my-blog/categories/geral). Além disso, abordamos que os governos que não adotarem políticas sustentáveis ou não demonstrarem que zelam pelos seus ecossistemas estariam sujeitos a pressões internacionais, por meio de sanções políticas e econômicas, ou até mesmo de pressão militar com a justificativa de se garantir a segurança e a paz internacional, que a Emergência Climática estaria afetando e continuaria a moldar as relações entre os países, e que algumas potências utilizariam esse argumento para atingir os seus objetivos geopolíticos, e que o nosso país deveria tratar o tema com a seriedade que o problema requer, com as políticas adequadas, podendo ser uma oportunidade para ganhar destaque no cenário internacional, bem como deveria se preparar para os possíveis cenários elencados acima; e


-"A Emergência Climática e os seus possíveis impactos na Geopolítica Mundial. Parte II: Conflitos", de 07 de maio de 2021, acessível em https://www.atitoxavier.com/post/a-emergência-climática-e-os-seus-possíveis-impactos-na-geopolítica-mundial-parte-ii-conflitos, dentre as várias análises realizadas, dissemos que a Emergência Climática não era a principal causa das tensões e conflitos, locais e mundiais, mas um catalizador, e que atualmente seria considerada como uma ameaça a segurança e a paz internacionais, e que as principais potências e alianças estariam se preparando para serem empregadas em um ambiente operacional em transformação, e que poderiam utilizar essa causa para atingir os seus objetivos geopolíticos, por meio de operações militares. Além disso, os Estados que seriam mais afetados pelo aquecimento global seriam os mais vulneráveis à influência de governos que se oferecem para ajudá-los economicamente em troca de exploração comercial e de influência geopolítica.


Um conceito que achamos importante é a da Transição Energética, a qual podemos compreender como o processo de transformação ou de mudanças na matriz energética em vigor, ou seja, quando existe uma substituição gradual da principal fonte de energia para outra que vem se apresentando, conforme podemos ver na figura abaixo:


Figura disponível em https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/noticias/transicao-energetica-a-mudanca-de-energia-que-o-planeta-precisa

Portanto, a Emergência Climática está diretamente relacionada com atual Transição Energética, que trata da substituição da energia baseada em combustíveis fósseis, notadamente o petróleo, for fontes de energia mais limpas (baixo carbono) e sustentáveis, com o intuito de reduzir os efeitos dos gases estufa que potencializam a problemática do aquecimento do planeta.

Dessa forma, as fontes de energia renováveis têm ganhado, a cada dia, destaque no cenário internacional, e com isso tanto na Geopolítica Mundial quanto na Geopolítica Energética. Apesar da energia nuclear ser uma fonte energética limpa e confiável, ela não é sustentável, é muito mais onerosa do que a renovável e ainda enfrenta certa desconfiança (temor de acidentes nucleares) da população mundial.

Não obstante a importância da atual transição energética, ela é um desafio para os países emergentes que possuem grandes reservas de combustíveis fósseis e que possuem economias frágeis. Isso se justifica, pois as fontes renováveis necessitam de grandes investimentos financeiros (modernização do sistema energético, como a implementação de fontes fotovoltaicas, eólicas etc; integração com o sistema de distribuição de energia; estabelecimento de pontos de recarga para os veículos elétricos) e tecnológicos (maior capacitação da mão de obra e desenvolvimento de novas tecnologias).

A figura abaixo nos dá uma ideia das atuais cadeias produtivas para o desenvolvimento tecnológico para o emprego das fontes de energia de baixo carbono.

Figura disponível em https://ensaioenergetico.com.br/implicacoes-geopoliticas-do-processo-de-transicao-energetica/

Nesse contexto, a atual transição energética apresenta desafios e oportunidades para os diferentes países do mundo, fazendo com que possa haver alterações na relação de poder entre as nações. Dessa forma, em nossa análise, surgiu a Geopolítica do Baixo Carbono, em que os Estados que possuem melhores condições (econômicas e tecnológicas) de efetuar a atual transição energética tentarão manter a sua hegemonia geopolítica perante os demais, notadamente os países emergentes.

Assim, podemos concluir que a Geopolítica do Petróleo possui uma grande relevância estratégica para os países emergentes no tocante ao seu desenvolvimento nacional. Dessa forma, compreende-se o porquê dos países emergentes, mesmo os que possuem um bom potencial de fontes de energia renovável, como os da América do Sul e da África, sintam-se, ainda, muito dependentes dos hidrocarbonetos.

Nesse contexto, é esperado que nos países emergentes a transição energética atual sofra um forte impacto da pressão ou lobby dos setores que dependem dos combustíveis fósseis no Poder Político, com o intuito de preservar os seus ganhos econômicos.

Logo, em nossa análise, podemos concluir que a atual Geopolítica Energética pode ser entendida, além do conceito mencionado anteriormente no texto, como o somatório da Geopolítica do Petróleo e a Geopolítica do Baixo Carbono - Geopolítica Energética = Geopolítica do Petróleo + Geopolítica Baixo do Carbono, o que aumenta a complexidade geopolítica do mundo atual.

Convém mencionar que a Geopolítica Energética também faz parte da atual disputa hegemônica entre as grandes potências, em que a China vem se destacando, especialmente na Geopolítica do Baixo Carbono.

Nesse cenário, não por coincidência, verificamos que todas essas análises e observações acima estejam impactando e acontecendo no nosso país.

Assim, sugerimos a leitura do "Caderno FGV Energia de Geopolítica da Energia de Baixo Carbono e seus Impactos para a Transição Energética do Brasil", disponível em https://fgvenergia.fgv.br/publicacao/caderno-fgv-energia-de-geopolitica-da-energia-de-baixo-carbono-e-seus-impactos-para, visando complementar as informações sobre o assunto.

O Blog é de opinião que os países desenvolvidos utilizarão a Geopolítica do Baixo Carbono, se valendo da Emergência Climática, para continuar mantendo a sua hegemonia geopolítica aos países emergentes.

Portanto, o Brasil que possui, atualmente, uma das matrizes energéticas mais renováveis deve aproveitar as oportunidades atuais, como a economia de baixo carbono, visando atrair investimentos financeiros e tecnológicos para se inserir adequadamente na atual transição energética, bem como, da mesma forma, aproveitar a sua potencialidade de hidrocarbonetos.

Entretanto, o desafio brasileiro é continuar dependente da Geopolítica do Petróleo não reagindo as mudanças que a atual transição energética impõe, e com isso ser muito impactado pela Geopolítica do Baixo Carbono, que está sendo usada pelos países desenvolvidos.

Qual a sua opinião?

Seguem alguns vídeos para ajudar a nossa análise:

Matéria de 23/02/2024:

Matéria de 22/02/2024:

Matéria de 15/03/2022:

Matéria de 22/04/2021:


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