O Peru, desde 1990, vem enfrentando problemas políticos envolvendo os seus Presidentes e o Congresso, onde teoricamente têm acontecido alguns "golpes de Estado" com uma roupagem de legalidade, mas que se destinam ao atendimento de interesses políticos de certos partidos (como os fujimoristas), bem como aos interesses pessoais de alguns políticos relacionados a corrupção.
Atualmente, o país se encontra em seu quarto Presidente num período de quatro anos, sendo três em apenas uma semana. O quadro abaixo resume o quadro grave de instabilidade política e democrática nesse Estado:
Nesse sentido, o ex-Presidente Martin Vizcarra, que tinha uma forte agenda anticorrupção e elevada aprovação popular, foi derrubado politicamente pelo Congresso cujo motivo alegado era de "incapacidade moral", o que acabou levando a população às ruas, dando início a uma violenta repressão policial, tendo como consequência o acirramento dos ânimos, mesmo no período de grave pandemia de COVID-19 que o país está enfrentando. Convém mencionar que boa parte dos políticos do Congresso peruano possuem acusações sérias de corrupção.
Nos últimos anos o Peru estava se destacando como um mercado emergente promissor, depois de muitos anos de terrorismo, instabilidade, inflação e estagnação econômica, sendo assim um polo de atração de investidores estrangeiros. Porém, o retorno da instabilidade política, recentemente, poderá prejudicar o crescimento econômico e mergulhar o país num caos sócio-econômico, ainda mais com a recessão mundial causada pela pandemia.
Países com alto grau de corrupção, com instituições fragilizadas e apresentando convulsão social são excelentes oportunidades para o estabelecimento de governos populistas, que sempre trazem instabilidades geopolíticas para a região e que podem ser alvo de interesse por potências exógenas ao continente, onde um exemplo na América do Sul seria a Venezuela. Ademais, caso aconteça o aprofundamento do caos sócio-econômico é importante acompanhar um possível ressurgimento dos grupos revolucionários armados Sendero Luminoso (ainda existem pequenos grupos que se associaram ao narcotráfico) e Movimento Revolucionário Túpac Amaru (a princípio extinto em 1997 com a morte dos seus integrantes), principalmente numa possível atuação na fronteira amazônica com o Brasil.
Apesar de termos algumas semelhanças com o Peru no tocante a corrupção política e a desigualdade social, o nosso país possui instituições fortes e respeitadas, que não permitem a ocorrência dos eventos verificados no nosso vizinho.
O Blog é de opinião que, como o Peru faz fronteira com o Brasil, é importante acompanharmos o desenrolar dos acontecimentos nesse país, pois poderá ocorrer um caos interno de grandes proporções que poderá impactar na fronteira, como a migração de peruanos, e o surgimento de um governo populista e nacionalista que poderá ser alvo de potências estrangeiras, trazendo mais instabilidade para a América do Sul. Outrossim, poderia ser uma oportunidade para o nosso país, por meio de uma atuação política, tentar ajudar o nosso vizinho para que consiga chegar numa transição de governo pacífica e democrática nas próximas eleições, exercendo, dessa forma, uma liderança no continente.
Qual a sua opinião? Devemos tentar ajudar numa transição de governo pacífica por meio da nossa diplomacia?
Seguem alguns vídeos para ajudar nas análises:
Matéria de 17/11/2020:
Matéria de 05/07/2012 (esse vídeo é para situar o leitor sobre o Peru):
Matéria de 10/11/2020:
Matéria de 11/11/2020:
Matéria de 15/11/2020:
Matéria de 16/11/2020:
Matéria de 24/06/2019:
Matéria de 17/11/2020:
Matéria de 24/08/2020:
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