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A crise do Líbano: colapso à vista. Possibilidade de aumento da instabilidade na região.


Figura disponível em: https://static01.nyt.com/images/2020/03/07/world/07lebanon/07lebanon-mediumSquareAt3X.jpg

O Líbano está passando por uma grave crise financeira, onde estima-se que 25% da população está desempregada, sendo um dos países com a maior dívida pública mundial, e com cerca de 1/3 dos libaneses vivendo abaixo da linha da pobreza. Aliados a esses fatores, temos um grande número de refugiados sírios que tentaram abrigo no país por ocasião do início do conflito da Síria, bem como vários campos de refugiados palestinos. Além disso, o Líbano não produz produtos ou commodities que possam ajudar em sua economia. Sua infraestrutura é precária, com constantes falta de energia e problemas com os serviços públicos (recolhimento de lixo, saúde etc).

Nesse sentido, a classe média está praticamente acabada, sendo a sociedade, atualmente, dividida em duas classes: pobres e ricos, o que está acentuando a desigualdade social, e levando a população a uma situação de desespero.

Muitos analistas creditam o problema à politica sectária, que remonta ao fim da guerra civil libanesa, onde o poder foi dividido por três grupos majoritários: sunitas (Primeiro-Ministro), xiita (Presidente do Parlamento) e cristão maronita (Presidente da República). Porém, a sociedade é dividida em 18 grupos, como os drusos, cristãos ortodoxos, alauitas, dentre outros.

Entretanto, podemos verificar que existe uma disputa geopolítica, velada, no sistema politico libanês, conforme as coligações abaixo:

  • 8 de Março: é liderado pelo Hezbollah, e apoiado pelo Irã e a Síria, tendo em sua maioria xiitas, e parcela cristã; e

  • 14 de Março: pró-Ocidente, sendo apoiado pela Arábia Saudita, Egito, Jordânia e países ocidentais, como EUA e França. É formado em sua maioria por sunitas, parcela cristã e drusos. Destaca-se como liderança os Hariri e alguns clãs maronitas.

Figura disponível em: https://www.stratfor.com/sites/default/files/styles/stratfor_full/public/main/images/lebanon-political-alliances.png?itok=IbmrHdFD

Com isso, vemos novamente a "Guerra Fria" Irã x Arábia Saudita, o que torna o processo de formação do governo e a governança do Líbano muito delicados, devido ao desafio de se manter um equilíbrio de poder, e com uma coalizão culpando a outra pelos problemas internos. Além do mais, tais grupos visam os seus próprios interesses.

Nesse cenário, a população libanesa vem realizando protestos intensos, que conseguiram unir grupos religiosos em disputa, exigindo um governo que abandone as velhas práticas sectárias, e que seja comprometido com a melhoria do país, que está colapsando, onde a crise tem sido potencializada pelos efeitos da pandemia da COVID-19.

Em meio a esse imenso problema político-econômico, a tensão tem-se elevado na fronteira com o Israel, onde estão sendo relatados conflitos localizados entre esse Estado e o Hezbollah, aumentando a insegurança na região. Nessa crise militar, verifica-se uma guerra de narrativas, onde o grupo libanês nega as acusações israelenses. Não podemos esquecer, que os países encontram-se em estado de beligerância, com a presença de Força de Paz - UNIFIL na fronteira líbano-israelense, e com a participação da Marinha do Brasil na Força-Tarefa Marítima Multinacional da UNIFIL.

O Blog é de opinião que a atual problemática enfrentada pelo governo libanês é resultante de sua política sectária, com a grande disputa de poderes interno e externo (atores geopolíticos buscando consolidar suas esferas de influência), bem como pela preocupação dos grupos políticos dominantes em atingir os seus interesses em detrimento do bem estar da população, o que acaba dificultando a governança do país. Além disso, o colapso do Líbano, com grande caos social, poderá criar oportunidades para o estabelecimento de grupos extremistas, que poderão complicar, ainda mais, a situação interna, e talvez aumentar a instabilidade no Oriente Médio.

Devido a termos tropas brasileiras no Líbano, e pelos laços entre esse país e o Brasil, o Blog considera importante acompanharmos a evolução da conjuntura da região.

Qual a sua opinião sobre o assunto? Devemos nos preocupar com os nossos Marinheiros e Fuzileiros nessa Missão de Paz?

Seguem alguns vídeos para analisarmos a problemática libanesa:


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