A Aliança Transatlântica em Tempos de Trump: Diagnóstico Atual e Perspectivas Futuras.
- Alexandre Tito Xavier
- há 4 dias
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Introdução
A aliança transatlântica entre os Estados Unidos da América (EUA) e seus aliados europeus tem sido um dos pilares da ordem internacional desde o fim da Segunda Guerra Mundial. No entanto, a presidência de Donald Trump, tanto em seu primeiro mandato quanto em seu retorno ao poder em 2025, tem desafiado os fundamentos dessa parceria. A abordagem "America First" e "Make America Great Again" - MAGA de Trump, caracterizada por uma visão transacional das relações internacionais, tem gerado tensões significativas com os seus aliados, especialmente os europeus.
Assim, este artigo tentará analisar a situação atual da parceria transatlântica sob a liderança de Trump e explora as possíveis trajetórias futuras em caso de mudança de governo nos EUA.
1. A Visão de Mundo de Donald Trump e Suas Implicações
A política externa de Trump é marcada por um certo ceticismo em relação às alianças tradicionais e uma preferência por acordos bilaterais que, segundo ele, beneficiem diretamente os interesses estadunidenses. No dia 02 de abril, Trump afirmou, ao anunciar o “tarifaço”, que “muitas vezes os nossos amigos são piores do que os nossos inimigos", referindo-se a sua percepção sobre aliados dos EUA. Essa retórica reflete uma visão de mundo onde as alianças são vistas como fardos, a menos que os parceiros compartilhem equitativamente os custos e benefícios.
2. Tensões Comerciais e Econômicas
Uma das áreas mais afetadas pela política de Trump é o comércio. Neste ano, ele impôs tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio da União Europeia (UE), justificando a medida como uma resposta à "injustiça" nas relações comerciais.
Nesse contexto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, respondeu que essas tarifas "não ficarão sem resposta" e que a UE usará todas as ferramentas à sua disposição para proteger seus interesses.
Além disso, Trump propôs que a UE comprasse US$ 350 bilhões em petróleo e gás dos EUA como forma de equilibrar o déficit comercial. Analistas consideram essa proposta logisticamente desafiadora, dado os contratos de longo prazo existentes e a relutância da UE em depender excessivamente de um único fornecedor, especialmente após a experiência com a Rússia, por ocasião da atual Guerra da Ucrânia.
3. Relações com a OTAN e a Segurança Europeia
Trump tem sido um crítico consistente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), questionando a utilidade da aliança e exigindo que os membros europeus aumentem seus gastos com defesa. Em 2024, ele sugeriu que os EUA só defenderiam os aliados da OTAN que "cumprissem suas obrigações conosco”. Essa postura gerou preocupações sobre o compromisso dos EUA com a defesa coletiva, especialmente em um momento de tensões crescentes com a Rússia.
A possibilidade de redução da presença militar estadunidense na Europa levou a UE a considerar, de forma independente, o fortalecimento de suas capacidades de defesa. No entanto, a construção de uma defesa europeia autônoma enfrenta desafios significativos, incluindo divergências políticas internas e limitações orçamentárias.
4. Percepção Europeia dos EUA sob Trump
A percepção dos europeus sobre os EUA mudou significativamente sob a liderança de Trump. Uma pesquisa de 2025 realizada pela European Council on Foreign Relations (ECFR) revelou que apenas 21% dos europeus veem os EUA como um aliado, enquanto 50% os consideram um "parceiro necessário”. Essa mudança reflete uma erosão da confiança na liderança estadunidense e uma crescente percepção de que a relação transatlântica é mais transacional do que baseada em valores compartilhados.
5. Perspectivas Futuras: Continuidade ou Ruptura?
Em nossa visão, caso haja uma mudança de governo nos EUA, é possível que haja uma tentativa de reconstruir as relações transatlânticas que estão sendo enfraquecidas. No entanto, acreditamos que a confiança abalada e as mudanças estruturais nas relações internacionais podem dificultar um retorno ao status quo anterior.
Por outro lado, se o "trumpismo" continuar no poder, é provável que a relação transatlântica continue a ser caracterizada por tensões e desconfiança. Logo, a UE terá que equilibrar a necessidade de cooperação com os EUA em áreas como segurança e comércio com a necessidade de proteger seus próprios interesses e valores.
Nesse sentido, concluímos que a UE continuará a buscar uma maior autonomia estratégica, diversificando suas parcerias e fortalecendo suas capacidades internas, o que é potencializado pela ameaça russa.
Conclusão
A presidência de Donald Trump representa um desafio significativo para a aliança transatlântica. Sua abordagem transacional e cética em relação às alianças tradicionais tem gerado tensões com os aliados europeus e levado a uma reavaliação das relações entre os dois lados do Atlântico.
Portanto, o futuro da parceria dependerá tanto das decisões políticas nos EUA quanto da capacidade da UE de se adaptar a um ambiente internacional em mudança.
Qual a sua opinião? Você acha que um enfraquecimento da relação transatlântica entre os EUA e a Europa Ocidental seria uma oportunidade a ser explorada pelo Brasil em termos econômicos, e quiçá militares?
Seguem alguns vídeos para auxiliar a nossa análise:
Matéria de 12/02/2025:
Matéria de 17/04/2025:
Matéria de 23/01/2025:
Boa Noite.
É um bom momento para o Brasil.
Há uns "bons anos" havia o BRICS.
O Senhor poderia comentar algo a respeito?
Obg!